PRELÚDIO

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— Então me diga: qual é seu maior medo?

            — Meu maior medo? Se a senhora me permite dizer...

            — Poupe-me de seu eufemismo. Apenas responda.

            — Não aguentar toda a energia. Acabar se transformando... se transformando naquilo.

            —  No quê?

            — Marcado. Em um marcado...

            — Essa é uma desinformação comum por aqui.

            — Como assim?

            — Se a consequência em falhar no teste fosse virar um marcado, você estaria no melhor dos sonhos. Conhece?

            — Não... não compreendo.

            — Os sonhos. Os melhores são aqueles que não queremos acordar. Entende agora?

            — Sim, senhora...

            — O que acha que aconteceria se entrasse uma razoável quantidade de energia nesta sala?

            — Bom, se com razoável a senhora quer dizer uma abundante quantidade... acredito que eu não suportaria.

            — E eu? Acha que eu suportaria?

            — A senhora é a matrona. Chefe idealista. Seu controle de energia deve ser fenomenal.

            — Deve?

            — Perdão. É fenomenal.

            — Você não respondeu. Qual é seu maior medo?

            — Eu... respondi, senhora.

            — Perguntarei novamente. Qual é seu maior medo?

            — Eu...

            — Ficou sabendo o que aconteceu ao reino vizinho?

            — Sim, senhora. Ouvi a explosão.

            — E o que acha que aconteceu com os habitantes de lá? Havia muita energia, não é?

            — Eles... morreram.

            — Acha que eu sobreviveria à abundância de energia que a explosão causou?

            — Foi muita energia, senhora. Não acho que alguém sobreviveria àquilo.

            — E se eu disser que alguém sobreviveu. Você acreditaria?

            — Não acho provável, mas se a senhora está dizendo, eu acredito. Deve ser um idealista muito forte.

            ...

            — Sim. Claro.

Marcas do PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora