8 - Cláudio Recorda Os Dias Mais Tristes Da Sua Vida

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     ─ Vamos para fora, agora! ─ um homem encapuzado com uma pistola, manda o pai, a mãe e o próprio Cláudio com apenas cinco anos na época, sair de casa.

     O assaltante mandou que saíssem ou morreriam todos ali mesmo, ele era o único dos cinco que possuía uma pistola com silenciador e parecia ser o líder.

     ─ Por favor, não faça isso! Está chovendo muito e meu filho tem asma grau 4! ─ o pai dele.

     ─ Não senhor, defunto não tem doença. Agora andem, vamos logo! ─ ele empurra o pai e a mãe de Cláudio. ─ Vamos, não tenho tempo para ficar ouvindo choro de um mimado como você! ─ ele joga o pequeno Cláudio de cara na lama.

     ─ Não, por favor! ─ a mãe dele está em estado de choque, chorando sem parar.

     ─ Meu filho! ─ o pai de Cláudio, chorando muito corre e o ajuda a limpar seu rosto com a camisa. ─ Ele é uma criança muito doente, um simples resfriado pode mata-lo. Por favor, deixe ele e minha esposa irem! ─ ele abraça o seu filho bem forte, enquanto olha para aquele bando de marginais.

     ─ O meu pai se humilhou implorando de joelhos! ─ lagrimas caem dos seus olhos, enquanto ele vai contando...

     O mascarado atira e o acerta na cabeça.

     ─ Eu nunca vou esquecer aquela camisa vermelha que ele usava, tinha uma enorme estampa do Che Guevara...

     ─ NÃOOOOO! ─ minha mãe gritou com todas as forças, mas a chuva era muito forte e o barulho dela abafou muito o seu grito.

     ─ Pude ver meu pai cair em câmera lenta, ele se contorceu por uns quatro segundos no chão antes de morrer, parecia lutar pela vida! ─ ele olha para a rua pela janela da van, nesse momento o choro que segurou até então, veio. ─ Depois ele apontou a arma para minha mãe e atirou, ela sofria tanto naquele momento, que eu tenho certeza que ela nem sentiu aquela bala! Ela caiu da varanda, no meio daquela lama toda. Eu tentei correr para ajudá-la, mas o maldito disse:

     ─ Não garoto, vá embora! Corra para aquelas arvores e não olhe para trás. AGORA!

     ─ Porra cara, a ordem é para matar todos! ─ outro homem, que fumava o final do seu cigarro de maconha.

     ─ Meu filho vai embora, corra antes que ele mude de ideia e não se preocupe comigo. Eu sempre estarei com você, seu pai também! VAI. ─ a mãe dele virou-se de bruços para falar. Ela está ferida na barriga, e o seu sangue vai se misturando com a lama.

     ─ Corri o mais rápido que pude e entrei no meio das árvores. Ainda me lembro do último grito que ouvi de minha mãe, um grito tão baixo abafado pela chuva, mas que soava tão alto aqui no coração. Lembro-me que a noite que passei naquele matagal, foi a pior da minha vida. Eu chorei a noite toda, até ser encontrado pelos policiais de madrugada.

     ─ Deve ser horrível, conviver com essas lembranças! ─ Samantha põe a mão no ombro dele para tentar confortá-lo, os seus olhos estão cheios d'água.

     ─ A vida para algumas pessoas não tem valor algum! ─ Joshua chora copiosamente.

     ─ Sabe que pode contar conosco, para o que der e vier! ─ César também põe a mão em seu ombro.

     Todos se comoveram com a história, menos Felipe...

     ─ É muito estranho, o seu pai devia estar devendo algo, ninguém morre assim sem ter feito nada, concorda? ─ Felipe, com um ar de insinuação.

     ─ Não sei, eu era só uma criança de cinco anos na época. Tudo que me lembro, é que ele era um ótimo pai e trabalhava duro na oficina mecânica para dar o melhor para mim e minha mãe. Certo dia ele me disse na oficina;

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