10 - Como Juninho Conheceu César

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     ─ Mais que droga! Eu só preciso ver com os meus próprios olhos, só isso. ─ ele entra na Casa dos Marinheiros, andando muito rápido.

     É uma noite relativamente fria e venta muito, é uma noite daquelas raras de se ver no Rio de Janeiro, ainda mais nesta época.

     ─ Eu acredito que o César não vai conseguir levar numa boa não. ─ Cláudio.

     ─ Com certeza, se para você está sendo difícil imagina para ele que a ama desde a primeira vez que a viu. Por falar nisso, foi pouco antes de nos conhecermos...

     Juninho se recorda do primeiro dia do exame para ser aceito na Omus. Naquela época a Ordem Mágica americana já era famosa, por buscar resgatar a verdadeira magia de poder. Eles estavam inaugurando a sua primeira filial no Brasil, a filial do Rio de Janeiro. A televisão anunciou muito sobre o exame, não porque quiseram, mais porque receberam para isso. Eu achei péssimo, pois atraiu um monte de idiotas que nunca se quer, haviam lido um livro. Estava lotado de gente de todas as idades, mesmo assim a maioria absoluta era de jovens.

     Quando o exame terminou, eu fiquei uns minutos conversando com alguns colegas, depois enquanto eu estava indo embora, me deparei com aquele garoto magro, de cabelos pretos caracolados enormes, mas totalmente sem corte, muito mal vestido e segurando um livro na sua mão direita. Ele estava cercado por três garotos maiores, infelizmente eles eram negros, como eu. Apesar da pouca idade, eu sempre fui enorme e forte por natureza, meio gordinho, mas forte. Eu fui até eles e perguntei:

     ─ O que ele fez para vocês? ─ a esta altura, o mais agressivo dos garotos, já o estrangulava com a própria camisa, o erguendo pela gola enquanto o empurrava para cima, pressionando-o contra a parede. Os outros dois, seguravam os seus braços, um em cada.

     ─ Esse branquelo azedo aqui?! ─ ele olhou bem nos olhos de César. ─ Nada! Ele vai apanhar, para aprender a ser homem! ─ forçando mais o estrangulamento.

     ─ Solta ele agora! ─ mesmo eu sendo maior que eles, eu sabia que iria ser bem ruim para mim.

     ─ Você é irmão cara! Da mesma cor! ─ um deles que larga o braço do garoto nesse momento. ─ Quer saber, vai seguir teu rumo ou vai sobrar para você também! ─ ele puxa um canivete. ─ E aí negão? Qual vai ser?! ─ nesse momento o canivete caiu da mão dele e estranhamente, ele continuou vindo para cima de mim como se estivesse com ele nas mãos.

     ─ Escuta aqui meu irmão, eu não gosto de covardia! Eu já sofri muito nas mãos de gente como vocês, e isso não tem nada a ver com cor, classe social ou nenhuma destas merdas... Isso tem a ver com gente idiota como vocês, que precisam levar uma lição para aprender que somos todos iguais! ─ ele furou meu coração com o canivete imaginário dele, já que o real havia caído e ele nem se deu conta. Eu dei um direto no meio da cara dele, ele chorou na mesma hora e saiu correndo.

     ─ Mais que merda! Hoje você deu sorte branquelo, mas vamos nos encontrar novamente! ─ após cochichar isso para ele, saiu correndo com o seu outro amigo.

     ─ Você tem que aprender a reagir cara. Eu já passei muito por isso também, entretanto eram idiotas brancos que me perseguiam.

     ─ Eu reagi! ─ diz sorrindo.

     ─ Reagiu se enforcando nas mãos dele?! ─ ele sorri enquanto balança a cabeça para os lados negando. ─ Ah para por favor, não me faça rir!

     ─ Eu usei magia para entrar em contato com o meu anjo guardião, ele me enviou você não foi?

     ─ Você é meio esquisito, deve ser por isso que eles quiseram te bater. Olha vê se não fica falando estas coisas por aí não viu, as pessoas comuns não compreendem. Pensam que somos loucos.

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