O castelo estava praticamente vazio.
Se ainda havia guardas, estavam nos portões.
Consegui amarrar a túnica em volta de meu corpo, numa forma que permanecia firme.Meus instintos estavam falhos e o cheiro que eu procurava estava distante.
Quase como se fosse só uma lembrança de algo… alguém, que não estava mais ali.Virei mais corredores do que podia contar.
Abri mais portas do que achei que aquele lugar tivesse.
Só notei que estava correndo entre uma e outra quando tropecei em meus próprios pés.
Grunhi me levantando do chão rapidamente e tornei a correr.
Sem olhar em mais nenhuma porta, indo em direção do quarto real.As portas eram enormes e decoradas.
Sem o freixo em meu sangue, as destruiria com meio pensamento.
Mas precisei fazer força contra elas já que estavam trancadas.A imagem que encontrei fez meus joelhos cederem e precisei forçar contra a porta para permanecer em pé.
— Filha. – ela saiu da cama fazendo a corrente presa em seus braços reclamarem. – O que houve? Quem a soltou?
— Ele está morto. – murmurei me aproximando. – O que ele fez com você? – questionei quando notei alívio lampejar em seu olhar.
— Nada que importe agora. – me puxou para seus braços. – Minha menina. – afagou meus cabelos me prendendo com força.
Engoli o soluço e me neguei a chorar enquanto me agarrava a ela.
— Precisa ir. – me afastou segurando meu rosto entre as mãos. – Encontrar seu… – engoliu seco com os olhos marejados. – Seu irmão.
— Você vem comigo. – toquei as correntes. – Não vou te deixar.
— Vai voltar depois. – seu tom endureceu. – Morto ou vivo, alguém vai vir se ainda estamos aqui. Você precisa ganhar tempo.
— Mãe… – franzi o cenho.
— Estou mandando. – suspirou. – Vou ficar bem.
Respirei fundo e assenti.
Voltaria.
Voltaria com Rhys.
Porque ele estava vivo.
E eu não diria o contrário para nossa mãe.(...)
Ter conseguido me enfiar em um barco para Prythian fora fácil e simples.
Andar pelas cortes havia sido viver um inferno.
A mãe estava olhando por mim pois só isso explicaria não ter sido interceptada por ninguém.Talvez os anos indo escondida para a Primaveril ajudessem agora.
Preciso ignorar o fervor no sangue ao me lembrar desta corte expecifica. Ao me lembrar dele.
Foi quase na fronteira de Velaris que minhas asas voltaram ao meu controle.
Prendi a respiração por diversos segundos querendo acreditar que era real.
Forcei-as para cima e elas obedeceram.
O vento as antigiram e lágrimas escorreram.
Estava fraca.
As frutas que pegava pelo caminho ajudavam mas não o suficiente.
Estava faminta.
E toda dolorida.
Meus pés imploravam por descanso.
Então não me surpreendi ao planar por menos de cinco minutos antes de me estatelar ao chão.
Caminhar. Continuaria a caminhar.Foi quando as três estrelas, acimadas do pico mais alto ficaram visíveis que me permiti chorar livremente.
Me reencostei em uma das árvores arfando e soluçando.
Estava viva.
E estava em casa.Mal tinha dado três passos para dentro da cidade quando duas pessoas me abordaram.
O tom de preocupação em suas vozes era quase palpável e acredito que meu choro não melhorava as coisas.Me arrastaram vias a cima, chamando atenção de cada vez mais pessoas.
Mantive a cabeça baixa sem conseguir parar de chorar.
Grande entrada princesa. Grande entrada.
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Corte de Memórias e Sombras
FanfictionDizem que em terras encantadas ninguém realmente morre. Sua alma sempre fica presa a qualquer resquício de si que possa ser guardado. Talvez o grão-senhor da corte primaveril tenha guardado as asas para seu bel prazer sem sequer imaginar que aquilo...