BACK FROM THE EDGE
– James Arthur.capítulo três
Velaris amanhecera tão exuberante quanto de costume.
O céu em seu azul mais límpido e o clima tão agradável quanto possível para a época do ano.
Talvez fosse a proteção em volta da casa mas não importava.
A grã-senhora se espreguiçou lentamente sentindo seu estômago se torcer quando uma mão rodeou sua cintura.— Tem alguém aqui embaixo, sabia? – o parceiro ronronou enfiando o rosto entre seus fios desgrenhados.
— Nem notei. – murmurou se remexendo mais uma vez como se o corpo viril do marido fosse o colchão.
— Criatura cruel. – guinchou pegando-a pela cintura com as duas mãos invertendo suas posições.
A risada de Feyre soou alta e Rhysand se permitiu contemplar o som com um sorriso fixo no rosto.
A risada da fêmea morreu aos poucos e ela apenas encarou o rosto do parceiro com uma expressão risonha.Suas mãos subiram acariciando o rosto do macho que tanto amava de forma delicada e pode jurar que o grão-senhor ronronou.
— Preciso ir. – murmurou preguiçosamente.
— Precisa? – ele enfiou a cabeça entre seu pescoço deixando beijos extremamente perigosos na região.
— Não posso me atrasar. – uma das mãos desceu pelos ombros em direção ao centro das costas dele. – As crianças gostam de pontualidade. – sorriu jogando a cabeça pra trás quando ele começou a descer por seu corpo.
— Mal posso esperar para termos nossa criança. – os lábios de Rhysand alcançaram o ventre de Feyre com beijos reverenciados.
Ela engoliu seco em resposta.
Passará algumas semanas desde a decisão de tentarem aquilo.
A frustração incoerente já começava a percorre-la.
A sugestão de não poder realizar aquilo por tudo que seu corpo passará a assombrava mais do que deveria.— Não. – a voz do macho soou próxima e só então ela notou que ele havia voltado ao seu rosto. – Não pense sobre isso. – beijou sua testa em um gesto carinhoso.
Ela sorriu levemente abandonando as inseguranças como sempre fazia ao estar com ele.
(...)
— Bom dia Feyre! Rhysand! – a jovem illyriana que havia se tornando uma ajudante da grã-senhora cumprimentou quando eles entraram no local. – As crianças já estão a postos, ansiosas eu diria.
—Bom dia Ellaria! – sorriu para a menina. – Já estou indo. – se virou para o parceiro. – Tenha paciência lá e… diga que estou com saudades.
Rhysand voaria para o acampamento como fazia toda semana.
Ver como Nesta e Cassian estavam se saindo.
Como o amigo estava lidando com a feérica e como ela estava lidando com o mundo.— Prometo tentar. – selou os lábios ao da parceira lhe dando uma piscadela antes de partir.
Feyre entrou na visão dos alunos sendo recebidas com sorrisos e cumprimentos animados.
Todos já estavam com telas em mãos, a bolsa com tintas e pincéis.
Preparados para a aula externa que teriam.Felizmente o espaço gramado que ficava frente ao mar encontrava-se calmo e vazio.
As crianças foram espalhadas em pontos estratégicos para que retratassem aquele local qual a grã-senhora tanto amava.A própria levará sua tela para acompanhar os alunos.
Aqueles pequenos momentos que a lembravam de que tudo aquilo era real.Eu poderia posar para você em cima nesse gramado.
Feyre reprimiu um sorriso. Babaca arrogante.
Nu ficaria ótimo, não é?
Estou dando aula.
Mentirosa. Está me imaginando nu.
Ela focou os olhos na tela apenas para notar que de fato começava a traçar o corpo do parceiro.
Desgraçado. Vá trabalhar.
Garras acariciaram sua mente com a leveza de uma pena.
Provocantes.A gargalhada soou quando ela o expulsou da mente no momento em que suas pernas se pressionaram uma contra a outra.
— Professora. – uma das meninas surgiu em sua vista atraindo sua atenção. O cabelo ruivo estava traçado em dois e o rosto sardento tinha uma expressão irritada.
— O que houve? – se ajoelhou.
— Sage estragou minha pintura. – empurrou a tela a vista da fêmea.
— Mentirosa! – o menino em questão protestou e Feyre notou a orelha pontuda tremer levemente. – Foi sem querer!
— Não foi! Você estava tentando me acertar com o pincel.
— Sim, queria acertar você, não a tela!
— Você é um idiota.
— E você é uma-
— Ei. Ei. Ei. – ela bateu as mãos uma contra a outra fazendo-os parar.
Não deviam ter mais do que doze anos.
E ao que indicava, feéricos naquela idade agiam exatamente como humanos quando queriam atrair atenção de alguém.— Sage, a tinta é para a tela. – repreendeu o garoto que encolheu os ombros.
— Desculpa Rubbie. – grunhiu para a menina que sorriu satisfeita.
— E você pode usar isso na sua pintura querida. – Feyre puxou a tela mostrando a ela. – Pode ser uma pedra ou parte de uma árvore. – passou o próprio pincel no desenho mostrando uma forma de arrumar.
O rosto da pequena fêmea se iluminou quando ela sorriu e voltou para onde estava.
— Sage. – chamou o garoto que estava emburrado. – Se gosta dela, deveria ser legal.
— Eu não gosto dela. – fez uma careta. – Ela é estranha. É illyriana e gosta de lutar. – murmurou.
— Vai descobrir que são as melhores.
Ele soltou um som horrorizado e se afastou se sentando ao lado de Rubbie. Olhando-a vez ou outra com desconfiança.
Ou algo mais.Sorriu consigo mesma imaginando onde toda aquela raiva poderia levá-los.
A manhã chegou ao fim quando o sol brilhava escaldante no alto.
As crianças já haviam finalizado seus desenhos e eles estavam descendo de volta para o atelie afim de guardar as telas para que secassem antes de irem para casa.Uma pequena aglomeração chamou a atenção da grã-senhora que desviou de alguns corpos para chegar até o centro.
Uma jovem estava sentada em um dos bancos em frente a doceria.
Os cabelos longos e escuros lhe cobriam o rosto.
Algo como uma túnica era a única coisa que cobria seu corpo.
Estava descalça.
Estava ferida.
E estava magra. Tão magra quanto Feyre ficara após a montanha.
Estremeceu levemente enquanto se aproximava observando a dona do estabelecimento dar um copo de água a moça.Ela tinha um cheiro familiar.
E como havia chegado até ali? Era velaris.— Olá. – disse quando chegou perto suficiente.
Para proteger aqueles a sua volta ou acalmar o animal ferido a sua frente.
A cabeleira escura se levantou em sua direção lentamente.
A bolsa de tinta que Feyre segurava entre os dedos alcançou o chão com o som de vidro se quebrando.
E a grã-senhora paralisou.
Encarando os mesmos olhos violetas que via todos os dias em um rosto feminino.
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Corte de Memórias e Sombras
Fiksi PenggemarDizem que em terras encantadas ninguém realmente morre. Sua alma sempre fica presa a qualquer resquício de si que possa ser guardado. Talvez o grão-senhor da corte primaveril tenha guardado as asas para seu bel prazer sem sequer imaginar que aquilo...