capítulo seis
O sorriso tomou conta do meu rosto quando olhei realmente para Feyre.
Quando notei o vestido que usava.
O anel que enfeitava seu anelar.— Canalha. – praguejei passando o olhar pelo anel.
— Eu quase morri pra pegar isso e ele ficou a uma boa distância, em segurança. – ela semicerrou o olhar para meu irmão mas mesmo assim o amor brilhava ali.
— Rá… quando éramos crianças eu desafiei ele a pegar um suriel. O idiota me usou de isca.
Notei uma tristeza lampejar em seu olhar, qual ela disfarçou muito bem com uma risada.
— É a cara dele. – passou a mão pelos fios de cabelo dele e pude jurar tê-lo ouvido ronronar.
— E você… o que houve? – me aproximei de Mor a abraçando outra vez.
Ela por sua vez nos atravessou, fazendo-nos cair sentadas nas almofadas no canto da sala.
— História para outro dia. – suspirou. – Senti tanto sua falta Pix.
— Estou feliz que esteja aqui. – bem. segura. feliz.
Não precisei dizer porque Morrigan… Mor sempre entendia.
— Ninguém vai quebrar o clima adorável? Tudo bem, eu quebro. – Cassian suspirou. – Atualizando você, eu e minha parceira aqui… – arregalei os olhos levemente para a fêmea ao seu lado. – Não! Não dessa forma. – ele soltou um riso nervoso. – Estamos trabalhando juntos. Pix, essa é Nestha.
— Minha irmã. – Feyre se pronunciou.
A fêmea apenas deu um sorriso forçado e sem dentes pra mim que fez com que eu lançasse um olhar questionador para Mor.
A loira apenas sorriu negando com a cabeça. Outra hora.— Estamos caçando bryaxis. – ele estremeceu.
— As vezes parece mais estar fugindo. – a fêmea, Nestha, cantarolou. Recebendo um olhar de divertimento.
— O monstro da biblioteca? Ele é real? – entreabri os lábios.
— Para a infelicidade de Cass? Totalmente. – Rhys alfinetou se sentando nas almofadas também.
— Como estão as coisas? Sob seu governo? – questionei curiosa.
Notei todos se entre-olhando e a sensação de deslocamento despontou em meu peito, sendo logo reprimida.
— Muita coisa aconteceu Pix. – meu irmão murmurou. – Pode ver.
Avancei minhas mãos contra sua barreira de mármore escuro, acariciando levemente como se pedisse permissão.
A parede caiu e eu avancei.
Memórias fragmentadas de muitos, muitos, anos caíram sobre mim.
A respeito de todos eles.
Além do que já havia visto. Além das cinco décadas. Os cinquenta malditos anos.
Feyre e... Tamlin.
As irmãs Archeron.
Detalhes que ele não quis mostrar a nossa mãe.— Rhys… – solucei saindo com cuidado de sua mente.
— Estou bem Pix. – ele afirmou com veracidade.
— Como… como ele pôde? – olhei para Feyre sentindo o ódio fervilhar outra vez.
— Estou bem também. – sorriu olhando para o parceiro.
— No restante, Amren, vai adorar conhecê-la. É nossa imediata. – inclinou a cabeça para Feyre. – Ela está na casa do, bom, Varian, seja lá o que eles são.
— Varian… da crepuscular? – franzi o cenho tentando lembrar da onde era o garoto que sempre encontrávamos em bailes.
— Estival. – Mor apontou.
— Mor, é a terceira. – sorriu para a loira que piscou.
— Cass se tornou Comandante dos exércitos. – o grão senhor continuou.
— Às ordens. – fez uma reverência exagerada.
— Ah, eu aposto que Devlon está amando isso. Se ainda estiver vivo… – respondi insinuando esperança na voz.
— Infelizmente. – Nestha se pronunciou, ainda sem me olhar mas uma resposta ainda sim. E o tom me fez gostar um pouco mais dela.
— E bom, Az é nosso mestre-espião. – sua voz hesitou levemente e ele pigarreou tentando disfarçar.
É.
Ele ainda é.
Está vivo.
Azriel está vivo. Também. Todos estão.— Onde ele está? – questionei com a voz trêmula.
— Espionando. – Cass respondeu com riso na voz.
Lhe fiz um gesto obsceno que ele retrucou com outro.
— Supervisionando as terras humanas. – Feyre explicou.
Respirei fundo.
Estavam todos bem.
Estavam todos vivos.— Seu nome é Pix? – a carrancuda questionou me medindo de cima a baixo antes de desviar pro macho ao seu lado que soltou uma gargalhada.
— É um apelido. – respondi com um sorriso gentil.
— Existe esses seres, pequeninos e raros de serem vistos. – Cass começou a explicar. – Em alguns registros são chamados de povo pequenino, aqui são Pix. – olhei para Mor que se esforçava para não rir. – Os vimos uma vez e…
— Foi o suficiente para nunca mais querer vê-los outra vez.
— Você ficou UM MÊS dormindo na casa do vento com a gente Pix. – desatou a rir.
— Que seja. – os seres eram horripilantes. Tão pequenos e… gentis. Estremeci antes de pigarrear. – Meu nome é…
— Macalla. – fui interrompida pela voz sussuarada que fez meus ossos estremecerem.
Não me levantei.
Sequer tinha forças para olhar em sua direção.
As sombras no entanto agiram por mim, dançando a minha volta reconhecendo o timbre familiar.
Acho que todos em velaris eram capazes de ouvir meu coração quase saindo do peito de tão forte que retumbava.
Porque ali na minha frente estava o macho mais lindo que eu conhecera.
E o illyriano que me perderá sem saber o laço que nos unia.
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Corte de Memórias e Sombras
FanfictionDizem que em terras encantadas ninguém realmente morre. Sua alma sempre fica presa a qualquer resquício de si que possa ser guardado. Talvez o grão-senhor da corte primaveril tenha guardado as asas para seu bel prazer sem sequer imaginar que aquilo...