Primogênita

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Feyre
A madrugada havia sido tensa, por conta de um poder de percepção, dividi junto a Harmony um pesadelo pelo qual eu jamais queria me lembrar de novo

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Feyre

A madrugada havia sido tensa, por conta de um poder de percepção, dividi junto a Harmony um pesadelo pelo qual eu jamais queria me lembrar de novo. Passei o resto da madrugada assustada, Rhys aos poucos conseguiu me acalmar e fez questão de chamar Madja para que pudesse ver se esse pesadelo causou algum risco ao bebê, Madja examinou e disse que o bebê estava bem mas que não poderia me esforçar no dia seguinte pois o susto fez com que o mesmo ficasse em uma posição não muito adequada para um parto, por isso teria que ficar de cama no dia seguinte para que o bebe entrasse na posição certa! Concordei com Madja e a mesma saiu indo para seus aposentos em nossa casa, Rhys disse que ficaria comigo mas disse que não era necessário. Sabia que ele precisava fazer algumas coisas antes do nascimento do bebê e para isso ele teria que ir até o acampamento illyriano conversar com Devlon para colocar ordem no que estava errado. Mor se prontificou de me fazer companhia enquanto ele estava fora, ele saia cedo e voltava tarde da noite, nesse meio tempo não vi se Harmony havia saído do quarto ou coisa parecida, ficava o dia todo deitada e só levantava para ir ao banheiro já que eu estava enjoando facilmente por conta da gravidez, já era tarde da noite quando comecei a sentir contrações terríveis. Estava na hora, chamei por Mor que quase de imediato chamou Madja, e realmente o bebe estava para nascer, senti um breve puxão vindo do laço Rhys estava tentando falar comigo, abaixei os escudos e logo o mesmo começou a falar.

- Você esta bem? Senti que precisava falar com você, querida. Devlon quer me deixar louco! – Rhys dizia pelo laço sem se tocar que eu havia entrado em trabalho de parto. Eu respirava ofegante, sentia as contrações aumentarem cada vez mais

- Rhys... pelo amor da Mãe! Venha para casa! Eu entrei em trabalho de parto, nosso bebe vai nascer meu amor. – Pelo laço senti o desespero do mesmo, ele estava discutindo com Devlon que depois de muita insistência deixou que ele viesse embora. Pude ver Rhys entrar desesperado no quarto e pegar minha mão sentando-se ao meu lado na cama, as contrações pioravam a cada minuto mas continuei fazendo o que Madja pedia por mais difícil que fosse, as horas iam passando e via panos e toalhas indo e vindo ensanguentadas por conta das contrações, Rhys ao meu lado exalava preocupação mas me mantinha distraída falando comigo para me manter concentrada e conseguir escutar o que Madja dizia. Eu gritava, chorava pois doía demais, apertava a mão de Rhys na tentativa de amenizar a dor mas não adiantava, eu suava frio, mas me mantive firme.
As horas iam se passando e nada, eu empurrava com todas as forças do meu corpo, jamais imaginei que ficaria tanto tempo em trabalho de parto, mas quando o dia estava quase amanhecendo, finalmente escutamos o choro do bebê, comecei a chorar junto e olhei para Rhys que olhava a criança encantado. Madja limpa o mesmo e nos entrega com um sorriso no rosto.
- Meu senhor, minha senhora... Parabéns! É uma linda menina! – Madja se afastou sorrindo junto de Mor que também tinha lágrimas nos olhos, as duas saíram para terminar de lavar as toalhas me deixando a sós com Rhys e a recém-nascida.

- Nossa pequena Kira, nossa pequena princesa e nossa menina... – Rhys dizia enquanto olhava a pequena em meus braços, ela tinha a cor dos meus cabelos, sabia que dali para frente nossa vida giraria em torno dela. Kira Archeron, primogênita da Corte Noturna! Encarei a pequena em meus braços olhando cada detalhe daquele ser tão pequeno e frágil pelo qual agora eu daria minha vida para ver bem... agora eu sabia a sensação que meus pais tinham em ter não uma, e sim três meninas... mesmo que Kira tivesse acabado de nascer, sendo a primogênita, eu não via a hora da mesma começar a andar, falar, correr... ficamos um bom tempo olhando a pequena antes de Madja leva-la para examinar e nos devolver, com ajuda de Mor, me levantei para tomar um banho e para que pudessem trocar o lençol sujo de sangue, tomei um banho para tirar todo o sangue que ainda suja a meu corpo e o suor do trabalho de parto.
Descansei por um bom tempo depois que me deitei e fiquei observando Kira no pequeno berço que havíamos colocado em nosso quarto apenas para a primeira semana já que precisaríamos ficar de olho na mesma. Mais tarde fiquei sentada na cama com Kira nos braços enquanto todos do Círculo Íntimo entravam para conhecer a nova integrante.

- Ela tem a sua cara, Feyre! Pelo menos a beleza puxou da mãe! – O mesmo recebeu uma cotovelada no estômago vindo de Nestha fazendo o mesmo se encolher, acabei rindo da situação e respondi o guerreiro illyriano.

- Que isso Cassian, não seja tão bruto com Rhys! De qualquer forma Kira é linda! Puxando a mim ou não. – Dizia rindo enquanto via Mor se aproximar.

- Oh céus... ela é tão pequena... tão frágil! Uma boneca de porcelana... tão linda... – Morrigan dizia enquanto lágrimas escorriam pelo rosto da mesma, sorri enquanto olhava a mesma. Amren se aproximou logo olhando a mesma, diferente de todos, Amren não era muito de demonstrar sentimentos.

- Realmente uma menina muito linda, Feyre. Parabéns aos dois, vocês dois merecem essa benção! Uma linda menina para governar essa Corte inteira um dia. – Um fantasma de sorriso apareceu nos lábios vermelhos de Amren, a mesma voltou a se colocar ao lado de Mor e pude ver algumas sombras de Azriel rodeando a pequena em meus braços, sorri e olhei o mesmo.

- Ela vai ser uma criança extremamente feliz conosco. Parabéns, Feyre! Você e Rhys merecem isso, jamais imaginei que a alegria da Corte Noturna viria dessa forma. – Azriel confessou, e eu tinha que concordar já que não imaginava que engravidaria da forma que foi, foram tantos anos tentando e finalmente deu certo! Eu não podia estar mais feliz com minha filha.
Rhys se aproximou de mim abaixando-se ao meu lado com lágrimas nos olhos, era nítida a felicidade no olhar de meu parceiro.

- Finalmente posso dizer que minha vida mudou completamente desde de que você entrou nela, Feyre. Eu jamais poderia imaginar que você um dia seria a pessoa com quem eu me casaria e teria uma filha linda como a nossa... jamais imaginei que você aceitaria nosso laço de parceria, confesso que estava sim disposto a perder você para Tamlin quando você estava apaixonada pelo mesmo, mas sei que não preciso me preocupar com isso pois tenho você aqui, ao meu lado com nossa pequena joia rara... eu te amo tanto, Feyre. Você não faz ideia do quanto eu sou grato por ter você comigo nos piores momentos! Obrigada por tudo... de verdade! – Percebi que todos haviam saído e deixado nós dois sozinhos, Rhys se sentou ao meu lado e deixei que o mesmo pegasse Kira no colo, os olhos de meu parceiro brilhavam enquanto analisava cada detalhe daquele ser tão lindo, ingênuo e frágil como uma boneca de porcelana.
Passamos o resto do dia apenas observando a pequena, mais tarde Elain e Nestha que já tinha visto a sobrinha mas resolveu voltar para acompanhar Elain, vieram ver a mais nova integrante da família, ficamos um bom tempo conversando e rindo com todos ali. Finalmente minha família estava completa, minhas irmãs, Rhys, e agora Kira... eu não podia estar mais feliz! Naquela mesma noite depois de muito papo, coloquei a pequena no berço e voltei a me deitar, ainda estava cansada do parto que de acordo com Madja tinha sido mais tenso por conta da posição que Kira estava, mas pelo menos havia dado tudo certo.

Harmony

Na calada da noite lá estava eu, sentada na cama olhando para o nada, suspirei e me levantei indo em direção a sacada do quarto, a noite fria e calma trazendo aquele ar de paz na cidade. Me apoiei no parapeito olhando em volta e confirmando que não havia ninguém, me atirei da sacada abrindo as asas e pousando em algum telhado alheio perto dali para respirar, o fato de eu ter acabado de me atirar da sacada, fez com que meu cabelo soltasse, agora os cabelos negros ondulados caíam sobre meus ombros e costas em cascata. Suspirei pesadamente enquanto encarava a vista maravilhosa que tinha dali. A Corte Noturna realmente tinha uma vista incrível a noite nem se comparava as noites da Primaveril, era algo incrivelmente sem explicação, a noite da cidade da Luz Estelar era a coisa mais linda que eu já havia visto durante todos esses anos, abri um mísero porém sincero sorriso enquanto olhava encantada aquela noite divina.
Fiquei observando a cidade e seus poucos moradores que continuavam na rua, observei dentro de uma casa uma criança olhando o céu estrelado com os olhos cintilando admiração e encanto, era a coisa mais fofa de se ver, normalmente não via crianças observando o céu da Primaveril. Sorri observando a criança enquanto a mesma bocejava e ia se deitar sorrindo, feliz. Felicidade, o que é a felicidade afinal? Perdi a vontade de sorrir, de rir, de viver a partir do primeiro abuso de Tamlin, eu não sabia o que era confiar nas pessoas, não sabia como era desabafar com alguém meus fantasmas, meus medos, meus pesadelos, meus sonhos! Se bem que, nem sonhos eu tinha mais, o único desejo que eu tinha era conseguir ver meus pais novamente e ter minha vida pacifica de volta, jamais imaginei que um dia iria ter que me submeter a algo tão triste como a situação que tinha me submetido a viver.
Aquela garota que um dia sonhava em ser feliz encontrava-se morta hoje, não por que eu queria, mas sim por que Tamlin havia tirado qualquer sentimento bom de mim, eu nem sabia mais o que era um sorriso sincero! Jamais senti algo sincero vindo de Tamlin, mas de qualquer jeito eu tentaria ao menos ser feliz novamente. Me reconstruir de alguma forma, suspirei e deitei naquele telhado observando as estrelas acima de mim enquanto um turbilhão de coisas passava por minha cabeça, havia prometido aos meus pais que se algum dia algo de ruim acontecesse comigo, jamais me mataria por causa deles, meu amor por meus pais era incondicional, sem medida. Fiquei horas deitada sob aquele telhado pensando em tudo que havia acontecido nas últimas 48 horas, era nítido a felicidade no olhar de todos dentro daquela casa por conta do bebê de Feyre, e realmente, uma fêmea que era agraciada com a bênção de ser mãe era muito difícil, sempre escutava meus pais agradecendo ao caldeirão por terem me tido, se fosse há alguns anos atrás confesso que amaria ser mãe um dia, mas hoje, tenho medo de ser um tipo de mãe ruim para a criança, não tenho capacidade alguma de ter um filho, eu estou completamente destruída por dentro, não sei mais o que é felicidade, não consigo confiar nas pessoas e muito menos em mim mesma. Confiança, respeito, admiração, coisas que eu não sabia o que era desde o momento que Tamlin me trancou.
Cansada de ficar ali, desci para a cidade caminhando calmamente pela rua, as asas perfeitamente escondidas e meus olhos atentos a cada movimento naquela calmaria, caminhei sem rumo enquanto olhava as luzes da cidade se apagar, os comércios fechando enquanto as pessoas iam para suas casas com paz e tranquilidade, junto de suas famílias espalhando amor e carinho.
Voltei para a casa onde eu estava hospedada logo indo para o meu quarto, um sentimento estranho me atingiu, como se alguém estivesse me espiando. Olhei por todo quarto e não achei nada, porém ao sentar na cama pude notar sombras ao redor do espelho perto da cama, olhei para a janela e vi Azriel sentado no parapeito da sacada me encarando.

- Pelo caldeirão! O que esta fazendo aqui? Não conhece o termo privacidade? – Perguntei olhando o mesmo que parecia estar encarando o nada.

- Só vim saber se está tudo bem com você, te vi saindo agora há pouco e achei que estava precisando de algo. – O Mestre Espião demonstrava certa... preocupação?

- Não, sai apenas para botar os pensamentos em ordem. Nada demais, estou bem! – Disse sem encarar o mesmo que logo suspira dando de ombros saindo do meu quarto despencando da janela indo para qualquer lugar.

Me deitei na esperança de dormir rápido e acabei por conseguir, finalmente um pouco de paz na minha vida sem que eu precise passar a noite em claro com medo de Tamlin, mesmo com sono ainda podia escutar a voz doce de Feyre cantarolando alguma canção de ninar para a pequena recém-nascida, Feyre tinha uma voz muito bonita e extremamente calma, ótima para fazer a neném adormecer tranquilamente passar o resto da noite tranquila.

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