Ataque

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Harmony

Mor e Elain haviam me tirado do quarto e me levado para longe dali me colocando sentada na cozinha. Meu corpo tremia, não conseguia parar de chorar e sentia que estava a beira de uma crise de pânico... Enquanto Elain pegava um copo d’água, Mor ficava de frente pra mim com as mãos em meus joelhos enquanto me ajudava a manter a calma.

- Harmony olhe pra mim e respire fundo okay? Não deixe que a emoção tome conta de você, lembre-se de se concentrar apenas em mim está bem? Eu imagino sua dor de perder uma pessoa que gosta, mas não se preocupe... se depender de mim você não vai estar sozinha! Sempre que quiser, pode bater na porta do meu quarto pra conversar, chorar, desabafar... eu quero ser sua amiga! Jamais quero o seu mal, você é uma pessoa extremamente gentil e eu gosto disso. Pense nas coisas maravilhosas que você vai poder fazer aqui! Respire fundo. – A loira me puxou para um abraço apertado no qual eu senti o que eu precisava sentir... carinho, afeto, preocupação. Retribui o abraço e voltei a desabar em lágrimas naquele abraço pelo qual eu não fazia questão alguma de sair, um pouco mais calma pude ver Elain sentada conosco sem dizer uma palavra sequer, a mesma me deu um sorriso acolhedor e retribui, Mor estava tentando me acalmar e Elain era a calma em forma de gente o que me deixava um pouco mais tranquila mas ainda sim eu não queria acreditar que Leonor havia sido morta... a única pessoa pela qual me ajudou todo esse tempo na Primaveril agora estava morta, eu não deixaria isso barato, Tamlin foi longe demais com isso e eu irei provar a ele que não sou uma qualquer! Ele vai se arrepender amargamente de ter me conhecido... Se Feyre Archeron, Grã-Senhora da Corte Noturna era o pesadelo de Tamlin, a partir de hoje ele vai ter dois pesadelos. Um chamado Feyre Archeron e outro chamado Harmony Beaumont! Ele queria caos? Pois eu serei o caos na vida dele, faço questão de mostrar que eu sou melhor que ele. Tamlin iria pagar pelo que fez nem que eu tivesse que mata-lo com minhas próprias mãos, e isso seria um prazer para mim, adoraria ter a cabeça dele em minhas mãos e iria fazer de tudo para o mesmo se tremer inteiro ao ouvir meu nome.
Harmony Beaumont seria motivo para todos que entrarem no meu caminho temerem, quer pisar em mim? Pise. Mas quando eu levantar corra, corra como se não houvesse o amanhã pois eu vou te caçar no inferno se for preciso, meu nome seria motivo de alegria e temor para uns, eu realmente faria de tudo pra ver Tamlin morto e eu teria isso. Ou ao menos ele bem longe da Primaveril e de qualquer pessoa! Seria um prazer poder acabar com a raça do mesmo sem esforço algum.
Esperei que todos me deixassem sozinha para que pudesse pensar no que fazer, não fazia ideia do que poderia fazer pra arregaçar com a raça de Tamlin para provar a todos que eu não estava para brincadeira. Eu tinha que estar preparada para tudo, essa noite eu iria ser lembrada por arregaçar a cara de Tamlin de alguma forma... respirei fundo e consegui pensar em algo mais ou menos possível.
Fiquei alguns minutos em silêncio para ter certeza que não tinha ninguém pelo corredor ou perto do quarto para me impedir de realizar meu plano. Saí na sacada do meu quarto olhando a vista, a noite estava maravilhosa! Mas ficaria ainda melhor quando eu acabasse com Tamlin.
Me joguei da janela abrindo as asas e voei em direção a Primaveril, assim que pousei procurei por guardas ou sentinelas, e Tamlin havia lotado a mansão com as sentinelas... abri um sorrisinho de lado e observei por um tempo antes de desaparecer na luz e me infiltrar na mansão pegando uma espada recém afiada e indo até Tamlin sem usar meus poderes. Eu podia ser um anjo de luz, mas não deixaria que Tamlin machucasse ou matasse mais alguém enquanto eu estivesse viva.
Encontrei o mesmo no escritório e andei até o mesmo encostando a lâmina em seu pescoço.

- Hey, Tam... como vai hm? Acho que se eu passar essa lâmina no seu pescoço eu consigo ter paz, não acha? E não adianta chamar ou obrigar as sentinelas a me atacarem... posso controlá-las facilmente meu bem, ou se esqueceu de quem eu sou? – Disse dando uma joelhada nas costas do mesmo fazendo com que ele ficasse de joelhos.

- Você tirou de mim as pessoas que eu mais amava e confiava, Leonor não tinha nada haver com essa história e muito menos sabia onde eu estava e mesmo se soubesse jamais lhe contaria pois ao contrário do que você pensa, ela era leal a mim, não á você seu monstro! – Quando eu ia acertar o mesmo com a espada o mesmo me derruba no chão subindo em cima de mim. Tentei me debater pra sair dali mas ele era muito mais forte que eu, as mãos do mesmo foram de encontro ao meu pescoço na tentativa de me enforcar, comecei a tossir por conta da falta de ar e continuei a me debater. Mas sem sucesso, eu gritava e implorava enquanto o mesmo desferia socos fortes em meu rosto a ponto de abrir alguns cortes, porém antes do mesmo sequer encostar em mim novamente arranquei forças do além e inverti as posições em lágrimas batendo com toda a força do mundo.

- DESGRAÇADO, VOCÊ TIROU TUDO O QUE EU TINHA DE FELICIDADE DE MIM! O QUE VOCÊ QUERIA? UMA COMPANHEIRA LEAL A VOCÊ OU UM BICHO DE ESTIMAÇÃO SUBMISSO A VOCÊ? MALDITO! ESPERO QUE MORRA! – Desferia contra Tamlin tapas e socos, descontava toda a minha ira no mesmo a ponto de machucar de verdade, minhas unhas haviam deixado marcas em seu rosto e pescoço com ferimentos reais, sem arranhões apenas, se eu pudesse desfigura-lo eu faria isso, mas o mesmo me deu um soco fazendo com que eu caísse e desse chance a ele de me atacar, mas sombras densas apareceram antes que Tamlin terminasse a frase e pudesse me apagar. E agora lá estavam Azriel e Rhysand, os dois olhando para nós com expressões assustadas. Azriel me puxou de cima de Tamlin enquanto eu gritava e me debatia tentando me soltar para acabar de vez com ele enquanto Rhysand dava um jeito de manter Tamlin longe de mim. Luz explodiu naquele quarto quando gritei em plenos pulmões, meu poder havia perdido o controle fazendo com que eu jogasse Tamlin longe. Quando me acalmei dei graças por Azriel estar me segurando pois a última coisa que eu me lembro foi de Rhysand pedindo pra que Azriel não me soltasse pois perdi a cor e fiquei pálida a ponto de desmaiar... minha pressão havia caído muito rápido e não vi mais nada a partir desse momento, acordei horas depois dolorida e de volta a Noturna, mexi a cabeça e pude encontrar Elain sentada em um canto me olhando preocupada. Percebendo que eu estava consciente a mesma correu pra fora do quarto chamando por alguém que eu não consegui decifrar o nome por estar meio zonza e grogue.

- Como se sente, querida? Consegue se movimentar bem? Consegue me responder? – Madja, a curandeira da Corte Noturna estava me ajudando, tentei levantar mas tudo em mim doía, então continuei deitada e falei com a voz baixa por estar cansada.

- Consigo falar... mas eu ainda me sinto meio zonza... – Comentei respirando fundo e reclamando de dor.

- Oh querida... você se esforçou demais! Continue deitada certo? Logo esse sentimento irá passar... – Madja disse com a voz calma e doce. Após verificar que estava tudo certo, saiu falando com alguém e pude notar que era Azriel com quem a mesma falava, o Encantador de Sombras entrou no quarto e se sentou no pé da cama me olhando, os olhos castanhos mantinham-se inexpressivos como se não houvesse um pingo de compaixão ou até mesmo de preocupação por eu quase morrer.

- Como esta? Você quase matou todo mundo do coração explodindo daquele jeito, você simplesmente soltou uma onda muito forte de poder que lhe causou isso e... Tamlin por pouco não te mata também, Harmony. Se não fosse eu ou Rhys chegar a tempo você estaria morta pois o Grão-Senhor da Primaveril estava com uma adaga pronto para te atacar mas tiramos ela dele a tempo. Você conseguiu quebrar o nariz dele sabia? – Azriel parecia que ao mesmo tempo nervoso com a situação, queria tentar me animar de alguma forma. Soltei apenas um sorriso sem mostrar os dentes olhando pra baixo mas levantei o rosto ao ver o mesmo se aproximando de mim e com uma das mãos tocar meu rosto... eu não sabia como reagir aquilo pois nunca imaginei que ele pudesse me tocar sem que eu falasse algo, porém não afastei a mão dele, apenas fiquei observando seu rosto agora com uma expressão preocupada.

- Olha, posso não ser a melhor pessoa para te falar isso, mas se quiser... posso ser um ombro amigo! Se quiser desabafar comigo não irei reclamar. Irei escutar como um bom ouvinte, pode falar o que quiser! Como se sente em relação a Tamlin, a morte de Leonor... você quem sabe. – O mesmo acaba percebendo a pouca distância e se afasta tirando a mão do meu rosto. Mantive a calma pois não era a hora de ter um surto por causa de toque mas... o toque de Azriel era diferente, de alguma maneira o toque dele me fazia sentir segura com o simples fato de que ele é ali querendo me ajudar! Mas geralmente eu sempre estava errada sobre isso e acabava me machucando. Não falei nada, continuei em silêncio e observei de canto de olho o mesmo suspirar e sair do quarto fechando a porta atrás de si. Abaixei a cabeça e me pus a chorar, não por medo, não por insegurança... mas sim por que eu havia falhado. Havia falhado com Leonor, devia ter pensado em traze-la comigo de algum jeito mas ao invés de ajudar a única pessoa que realmente se importava comigo, eu simplesmente a larguei com o inimigo deixando-a morrer de uma forma tão cruel... que tipo de pessoa eu era? Eu me odiava por isso e nunca me sentiria bem sabendo que por minha culpa, minha melhor amiga estava morta... agora eu estava completamente sozinha, sem saber dos meus pais, sem minha melhor amiga e com certeza, sem vontade alguma de continuar existindo.
Jamais me perdoaria por isso e iria me culpar pelo resto da vida, faria questão de me rebaixar a ponto de pensar: “Pelo seu desespero pra sair de lá, esqueceu que não era só você que sofria com Tamlin, mas Leonor também. Mas do que adianta pedir perdão agora que a mesma está morta não? Você só serviu pra causar mais problema na vida de todo mundo, garota. Jamais deve se perdoar pela morte da única pessoa que você devia ter ao menos um pouco de empatia! Ou será que nem isso você tem? Jamais foi merecedora do título de Serafim e muito menos Anjo de Luz, onde já se viu? Um anjo sem empatia? Que deixa os amigos morrerem para poder sobreviver? Lamentável...”
Chorei a noite inteira, com dores por todo o corpo e minha cabeça girando a todo instante. A chuva do lado de fora começou a cair tranquilamente, o som da chuva me acalmava de uma forma ou outra, fechei os olhos e pensei em tudo o que eu já tinha feito de bom na vida e me lembrei de meus pais sentados na sala de casa sorrindo um para o outro enquanto trocavam carícias e eu observava escondida na porta do meu quarto... a voz suave e doce de minha mãe ecoou pelos meus ouvidos.
“Nossa menina está crescendo cada vez mais, não acha? Logo mais será uma grande mulher e que vai nos orgulhar! Vendo ela agora, tão pequena e frágil... As vezes esqueço que nossa filha vai crescer um dia e que nós seremos pais orgulhosos do que criamos com toda certeza.”
Ah mãe... se soubesse o quanto eu queria a senhora por perto nesse momento.. jamais imaginei que vocês iriam fazer tanta falta pra mim a esse ponto... estou tentando ser firma por você e pelo papai, mas não está fácil. Cada dia que passa sinto que vocês não merecem a filha que tem, eu perdi o controle da vida, não tem um sentido que me faça sentir alegria!
A brisa da chuva batia contra mim trazendo arrepios por todo meu corpo, fechei os olhos por um instante aproveitando a sensação, abri os olhos novamente e com certa dificuldade me levantei da cama e me sentei do lado de fora do quarto deixando que a chuva caísse sobre mim, deixei que a chuva me molhasse sem me preocupar se ficaria doente ou não, só queria aproveitar aquele momento de uma forma mais pensativa.
Ergui a cabeça deixando que a chuva tomasse conta de mim, me deitei naquele chão úmido deixando a gotas caírem sob meu corpo agora entorpecido pelo momento, eu estava em um estado de completo relaxamento, era como se eu precisasse daquilo pra sobreviver de alguma forma. Não me importava mais nada, minha concentração estava total no momento ali, a única coisa que eu conseguia escutar era o barulho da chuva que caia sobre Velaris... Velaris, agora não mais só uma simples cidade... mas sim minha casa, aonde eu queria estar por algum motivo, eu realmente estava me sentindo bem ali, como se eu tivesse finalmente encontrado o lugar ideal para ficar. Passei horas refletindo o fato de se realmente valia a pena viver, ou algo do tipo, simplesmente era algo que eu não parava de pensar e dessa vez iria levar a sério minha vida. Se for pra viver nessa Corte, vou viver do jeito certo, quero me curar de todos os males que me causaram de alguma forma.
Quero ser feliz, poder sorrir abertamente sem preocupações maiores e sem que eu tenha que acordar na manhã seguinte e pensar que sou um peso morto que não vale absolutamente nada. Prometi a mim mesma que independente do que acontecesse eu ia seguir em frente de cabeça erguida. Iria parar de me culpar por coisas que eu querendo ou não, não precisava me culpar de nenhuma forma. Iria me tornar uma nova mulher, alguém digna de honrar o nome e sobrenome se fosse necessário, aquela antiga Harmony se encontrava morta na Primaveril agora.
Meu nome? Me chamo Harmony Beaumont. Sou uma Serafim e anjo de luz dentro da Corte Noturna, se for preciso, eu mato e morro por eles a partir de agora, se for para me apaixonar, que seja por alguém digno da minha lealdade e do meu amor e pelos meus pais eu farei isso. Serei digna de uma verdadeira mulher sem medo de ser feliz e sem ressentimentos.
Ali nascia uma nova mulher.

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