O segredo da Floresta Akaryang - parte 2

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Em Veidnes, Reidar foi condenado por crime contra a coroa, mas recebeu um indulto com a condição de conseguir comprovar a existência desse grupo que clamava o território de Akaryang, dentro das fronteiras do Reino. Retornou escoltado por 300 homens de armas e cavaleiros do Rei, o máximo que ele poderia despender naqueles tempos de carestia. Mesmo assim, eram guerreiros selecionados, os melhores disponíveis na capital.

Após duas incursões frustradas à floresta, pois não conseguiam encontrar vestígios dos silvanos, o grupo retorna para Misvar. Reidar seria decapitado em praça pública, porém naquela manhã Torvald se apresenta diante do capitão da tropa.

- Ele não está mentindo senhores, mas aquela floresta não é um local comum. Quase nenhum homem conhece as profundezas de Akaryang, onde os silvanos residem.

- Entendo, - suspirou interessado o capitão - e acredito que você não viria até aqui nos importunar se não soubesse sobre o "quase"?

Torvald relutante observa o chão por alguns segundos. Na sua juventude já era bastante familiarizado com a floresta da orla, mas nutria uma curiosidade imensa sobre a "floresta proibida". Aos dez anos perdeu-se na mata e passou vários dias desaparecido, até que foi reencontrado são e salvo na fronteira de Akaryang, quando as esperanças de seus pais já haviam minguado.

Por muitos anos guardou um segredo, até mesmo de seus falecidos pais; Torvald passara dias perdido em Akaryang, até ser encontrado por silvanos na floresta. O garoto parecia bastante debilitado para apenas ser conduzido para fora de suas fronteira, e mesmo com a barreira do idioma entre as raças a ser um grande problema, os silvanos decidiram levá-lo até o seu refúgio mais próximo.

- Eu posso levá-los até eles - disse Torvald resoluto, enquanto a lembrança de Lotte lhe veio à mente e ele sequer tinha o corpo da filha para velar.

A intervenção do caçador livrou Reidar mais uma vez da pena capital, e ele se juntou à nova expedição, comandando um grupo de extratores que seguiria após as tropas para coletar a madeira. Por dias a comitiva avançou floresta adentro, deixando um rastro desmatado dos troncos enviados para Misvar para serem cortados e a lenha enviada para Veidnes.

No oitavo dia de avanço Torvald, que seguia como batedor, encontrou um dos acampamentos dos silvanos. Ele esperava pela batalha, no fundo nutria a esperança que alguns homens das expedições anteriores tivessem sido feitos prisioneiros, e talvez Lotte entre eles. Os habitantes da floresta embora não tendo sido pegues de surpresa, pois possuíam batedores muito mais eficientes e familiarizados com a região, subestimaram o efetivo da capital do Reino. Suas setas não conseguiam perfurar as pesadas armaduras de metal de homens e animais, e graças as experiências anteriores de Reidar e Torvald, as armadilhas de raízes e galhos puderam ser evitadas em sua maioria.

Mesmo em menor número, a tropa de Veidnes prevaleceu com certa facilidade, graças aos artefatos em metal e à experiência em combates. Percebendo que aquele local não tinha as características de algum centro populacional significativo, o capitão da expedição Amund, tentou obter informações de prisioneiros sobre novas localizações. Mas os mesmos não tinham qualquer noção do idioma entre ambas as partes, além de que mesmo capturados, os silvanos se mostravam bastante hostis aos invasores.

- Não vamos conseguir nada aqui. Queimem todos eles - ordenou Amund às suas tropas.

- Espere! - interveio Torvald - Não deveríamos enviá-los prisioneiros à Misvar? Lá poderíamos nos concentrar em tentar entender a linguagem deles e obter mais informações.

- Não me diga como proceder em campanha caçador, eu comando tropas a tempo demais para saber que se isso fosse feito, teríamos que sustentar essas criaturas às custas de nossos próprios recursos que já são limitados. Isso tudo sem nenhuma garantia de que obteremos a informação ou que ela será relevante.

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