Capítulo 8 - Um mundo doente.

235 41 18
                                    

Capítulo 8 - Um mundo doente.

Ushijima estava parado na mesa de Tsukishima, de costas para a mesa de Suna, que prestava atenção na conversa dos dois. O investigador questionava o loiro sobre a ligação que Satori tinha recebido há dias atrás. Suna disfarçava o olhar, não queria que ninguém notasse que estava de olho em Ushijima, era perigoso.

Seu celular vibrou e não precisou nem pegar o aparelho para saber que era Oikawa pedindo um café. Suna revirou os olhos, não sabia porque o delegado pensava ter tamanha intimidade consigo. Ele se levantou, mas antes de seguir para a cafeteria, pôde ver Ushijima se afastando da mesa de Tsukishima e soube imediatamente onde ele estava indo. O escrivão pegou uma caixinha de veludo em sua gaveta e colocou no bolso.

Suna pegou o café de Oikawa e foi para o banheiro. Entrou numa das cabines e tirou a pequena caixa do bolso, que continha uma escuta bem discreta. Ele encaixou o aparelho por baixo do copo e a tampou com um fundo falso, era quase impossível que o delegado percebesse. O escrivão foi até a sala do delegado, bateu na porta e entrou quando foi permitido.

— Tá aqui, delegado.

— Obrigado, Suna. — Oikawa sorriu para o escrivão, que apenas pediu licença e saiu da sala.

Ao voltar para sua mesa, Suna colocou os fones de ouvido, pronto para ouvir toda a conversa que aconteceria naquela sala. Também colocou o celular para gravar tudo, para caso precisasse mais tarde. Suna sabia do esquema, sabia de Akaashi e sabia que Ushijima estava envolvido, mas ainda não tinha contado para Satori, não tinha a coragem necessária.

Quando o horário de almoço chegou, o escrivão foi até a sala de Satori e lhe disse que precisavam conversar urgentemente. Os dois saíram do prédio da delegacia e de carro foram até um lugar mais afastado. O médico já sabia que não era coisa boa e não podia negar o quão assustado estava.

— Satori, puxaram a ficha do Hinata pelo sistema e o Oikawa ficou sabendo. — Suna começou a falar, ele não queria enrolar e nem podia, já que tinham horário para voltar pra delegacia. — Eu coloquei a escuta no copo de café dele e ouvi tudo. Eles conseguiram rastrear a localização do computador por onde acessaram o sistema, não sabem a quem pertence, mas agora eles tem um endereço.

— E é o endereço do Akaashi... Ele e o Kenma devem ter deixado algo passar. — Era nítido que Satori já estava assustado e morrendo de preocupação com o melhor amigo.

— Antes de continuar, eu preciso te contar uma coisa e você tem que prometer me perdoar por não ter contado antes.

— Eu sei, Suna, o Ushijima também tá envolvido nessa merda.

— Satori. — Suna pegou na mão do médico, olhando nos olhos dele, onde as lágrimas começavam a se formar. — O Akaashi te ligou?

— Ligou sim, alguns dias atrás. O Ushijima chegou logo depois de eu desligar a ligação.

— Você tem certeza? Por que hoje ele perguntou pro Tsukishima se vocês tinham se falado por telefone recentemente.

— Suna... Ele sabe então... — Os olhos de Satori estavam arregalados e ele parecia desolado.

— Calma, fica calmo por favor. O Ushijima não falou pro Oikawa, ele só falou que vai mandar o Semi ir no endereço que eles acharam.

— O Semi vai descobrir que o Akaashi tá vivo, Suna, ele vai contar pro Oikawa e eles vão mandar matar o meu melhor amigo.

A voz de Satori estava embargada, as lágrimas rolavam pelo seu rosto e suas mãos tremiam como nunca. Suna abraçou o médico, deixando a cabeça dele apoiada em seu ombro, enquanto acariciava os fios avermelhados. Conseguia imaginar o quão doloroso aquilo estava sendo para ele, seu melhor amigo estava sendo praticamente caçado por seu marido. O escrivão sabia que Satori estava se sentindo culpado.

ConfidencialOnde histórias criam vida. Descubra agora