Capítulo 9 - Cura pro meu vício.

208 38 14
                                    


Capítulo 9 - Cura pro meu vício.

Akaashi se encarava no espelho, seu rosto estava vermelho e inchado, enquanto as lágrimas teimavam em continuar a escorrer. Tinha recebido uma ligação de Suna e tudo parecia ter ido por água abaixo. Chorar era inevitável, tinha sido extremamente cuidadoso, mas pelo visto não o suficiente. Akaashi se sentia derrotado, não estava nem perto de seu objetivo e já tinha sido descoberto.

A preocupação começou a invadir seu peito e Satori foi a primeira pessoa em quem pensou. Suna provavelmente tinha avisado tudo ao médico e céus, Akaashi estava com muita raiva de si mesmo por não estar perto de seu melhor amigo. A segunda pessoa em quem pensou foi Bokuto, estava se envolvendo demais com ele e era inevitável pensar que estava colocando um alvo na testa dele.

O investigador pensou seriamente em desmarcar o jantar que teria naquela noite com o professor. Ficava imaginando mil e um cenários onde tudo acabava de uma forma trágica, tudo por sua culpa. Akaashi abriu a torneira e jogou a água gelada em seu rosto, afastou-se um pouco e respirou o mais fundo que pôde.

Precisava pensar.

Akaashi ainda não sabia o que fazer quanto ao jantar, mas mesmo assim arrumou a casa e escondeu qualquer coisa que pudesse denunciar sua verdadeira identidade. Foi até seu quarto e abriu a gaveta de sua mesinha de cabeceira, onde estava guardada sua pistola. Ele encarou a arma e se perguntou se Bokuto iria perceber se a deixasse na cintura.

A verdade é que Akaashi não tinha coragem pra desmarcar o jantar com Bokuto e se afastar dele, por mais que fosse o mais sensato a se fazer. No entanto, faria o contrário disso. Guardou seu computador, seus documentos e arquivos da investigação num armário e fechou com a chave. Sua arma foi colocada em cima desse mesmo armário e coberta com um pano. Além de esconder suas coisas precisava de proteção extra, então ligou para Kenma e pediu algumas câmeras de segurança.

As horas se passavam e o investigador terminava de aprontar a casa enquanto Kenma instalava as câmeras no corredor do andar em que ficava seu apartamento. Ele estava ansioso tanto da maneira boa quanto da ruim. Queria ver Bokuto logo, mas tinha medo de algo ruim acontecer. Akaashi nunca tinha tido sentimentos tão conflitantes como aqueles.

O jantar seria à luz de velas e as cortinas do apartamento ficariam fechadas a todo momento, para despistar qualquer atirador de elite que pudesse estar à espreita. Akaashi tinha mandado mensagem para Bokuto dizendo que por um erro, tinham cortado sua luz, mas que era melhor assim, já que o clima ficaria mais romântico. Por sorte, o professor deu uma resposta positiva para a situação.

Akaashi começou a se arrumar cerca de uma hora antes do horário combinado para Bokuto chegar em sua casa. Iria pedir a comida por um desses aplicativos de entrega, já que não se garantia o suficiente na cozinha para fazer um jantar para dois. Ele já estava no escuro, tinha desligado tudo no disjuntor para não correr risco de ligar algo acidentalmente. Ainda não tinha acendido as velas, estava usando uma lanterna grande para iluminar o que precisava.

Algum tempo depois a campainha tocou e o investigador foi rapidamente abrir a porta. Ao ver Bokuto ali, o abraçou com mais firmeza do que o normal, ficando extremamente satisfeito quando ele o correspondeu. O abraço dele era realmente muito reconfortante e fazia Akaashi praticamente esquecer dos problemas, era fato que não queria soltá-lo.

— Akaashi, você está lindo hoje...Mais do que o normal.

— É porque tá escuro.

— Para com isso, você sabe que é o homem mais bonito que eu já vi.

— Sei?

— Sabe.

— Se você diz... — Ao final da fala, Bokuto roubou um selinho de Akaashi, que deu um sorriso bobo para ele.

Os dois ficaram conversando enquanto esperavam a comida chegar, ainda usando a luz da lanterna. Akaashi sequer parecia a pessoa que tinha passado a manhã inteira chorando, porque naquele momento ele só conseguia rir. O bom humor de Bokuto o contagiava, o deixava feliz como nunca.

Quando a comida enfim chegou, Akaashi colocou as velas num candelabro e acendeu, colocando-as no centro da mesa. O jantar em si foi silencioso, os dois apenas trocavam olhares e sorrisos, até que suas mãos se encontraram sobre a toalha e se entrelaçaram. Akaashi amava a diferença de tamanho entre a sua mão e a de Bokuto, não era nada muito absurdo, apenas o suficiente para que elas se encaixassem perfeitamente.

— Ei, Akaashi... — Bokuto chamou, enquanto mexia em algo no celular.

— Sim?

— Dança comigo?

— Dançar? Mas nem tem música... — O professor sorriu ao ouvir o questionamento do rapaz a sua frente e logo colocou algo para tocar. — Ok, agora temos música.

— E aí, Akaashi, você vai dançar comigo?

— Eu não tenho como recusar um pedido desses.

Bokuto se levantou e ofereceu uma de suas mãos para Akaashi, que a aceitou e se levantou também. O professor pousou sua outra mão na cintura dele e começou a guiá-lo numa dança lenta pelo apartamento. Os dois estavam praticamente grudados um no outro naquele momento ao som de "Hymne à l'amour", de Édith Piaf.

— Eu nunca ia imaginar que você conhece Édith Piaf a ponto de colocar uma música que não é La vie en rose.

— Bokuto Kotarou também é cultura, sabia?

— Bonito, gostoso, inteligente e cheio de cultura... Você existe mesmo, tem certeza?

— Não se preocupe, eu existo sim.

— Que bom...

Akaashi apoiou o rosto no ombro de Bokuto, fechando os olhos enquanto deixava-se ser completamente guiado por ele naquela dança. Havia um sorriso em seus lábios e estava em paz, pelo menos por enquanto. Aquele professor fazia seu coração bater mais forte e ele gostava muito daquela sensação. Sentia que tinha alguma sorte, no final das contas.

O que nenhum dos dois imaginava era que estavam sendo observados por Semi Eita, que estava na cobertura do prédio da frente com um binóculos. Ele era uma espécie de agente especial que só aparecia em casos importantes, geralmente os que estavam associados ao esquema. E naquele momento, Akaashi era um caso muito importante.

— O Akaashi tá vivo, Wakatoshi. — Semi falou pelo rádio que levava consigo. — E tá acompanhado de um homem, eles estão dançando, parecem serem próximos um do outro.

— Certo. Preciso que descubra quem é esse homem e que coloque uma escuta no carro dele ou no do Akaashi.

— Pode deixar, vou cuidar disso.

— Semi.

— Sim?

— Você não pode contar sobre isso pro Oikawa, entendeu? Senão meu marido vai acabar envolvido também.

— Entendido.

Semi realmente não tinha intenção alguma de contar para Oikawa sobre Akaashi, afinal, Ushijima era seu amigo e ele sequer gostava muito do chefe. Não demorou a voltar sua atenção para o casal que ainda dançava e não pôde deixar de lamentar. Mesmo que não estivesse vendo com nitidez por causa da cortina parcialmente fechada e da escuridão, conseguia notar que aqueles dois pareciam felizes juntos. 

ConfidencialOnde histórias criam vida. Descubra agora