Capítulo 3 - Todas as pessoas são felizes.

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Capítulo 3 - Todas as pessoas são felizes.

Akaashi já estava naquela cidade há duas semanas. Arranjou um emprego e suas coisas em geral pareciam estar organizadas. Quanto à investigação, também havia feito progresso , reuniu todas as informações que já tinha e começou a procurar por mais. Agora havia conseguido mais alguns nomes envolvidos e o acesso à conta bancária de alguns agentes do governo, graças a Kenma e suas habilidades.

No entanto, nem tudo acontecia como o investigador gostaria. Naquela semana estaria ocupado com o emprego que tinha arrumado. Estava trabalhando como representante de uma editora e precisava passar em algumas escolas para acertar a venda de livros didáticos e paradidáticos.

Precisava estar numa das escolas às dez da manhã, então Akaashi levantou às sete e meia para poder ter tempo de fazer tudo que precisava e ainda poder mexer pelo menos um pouco na investigação. Apesar de estar ajudando, Kenma sempre dizia o quão obcecado o investigador estava, o que não era mentira. Akaashi não pensava em mais nada que não fosse seu objetivo.

Chegou na escola com vinte minutos de antecedência e antes de ser recebido pelo diretor do local, teve que aguardar na recepção. Akaashi trocava mensagens com Satori, apenas perguntando como ele estava e como estavam as coisas na delegacia. Apesar de gostar muito do médico, tinha um pé atrás com o marido dele, Ushijima, um cara estranho aos olhos do investigador.

— Então eu estava certo! — Uma voz conhecida exclamou, tirando Akaashi de seus devaneios. — O destino realmente fez nossos caminhos se cruzarem. — Ao erguer o olhar, o investigador deu de cara com o rapaz do restaurante. Por um momento, ficou sem saber o que fazer, não contava com aquilo e realmente não queria ter o encontrado novamente.

— Ah, então é mesmo. — Deu um sorriso sutil.

— Akaashi, né? — Ele perguntou, sentando-se ao seu lado. — Eu acho que não te falei meu nome aquele dia, me chamo Bokuto!

— Oh, você realmente não me disse! Mas é um prazer te conhecer, Bokuto. — O sorriso no rosto de Akaashi acabou aumentando. Aquele rapaz era realmente dono de uma beleza imensa, que quase o deixava sem ar. Tinha vontade de conhecê-lo de verdade, mas aquele era um péssimo momento.

— Aliás, posso ser intrometido e perguntar o que você faz aqui? Imaginei te encontrar em qualquer outro lugar, menos aqui. — Ele riu.

— Ah, eu estou a trabalho, sou representante da editora que fornece os livros daqui. — Explicou. — E você?

— Eu sou professor de educação física!

— É, eu acho que combina com você. — Akaashi falou, em relação ao porte físico do rapaz, que com certeza era de se invejar.

— Bem, será que eu posso pedir seu número de novo?

— Sim, você pode... — O investigador pegou uma caneta em seu bolso e pegou a mão do professor, anotando seu número de telefone ali. Teria dito mais alguma coisa, mas ouviu a recepcionista o chamar, avisando que o diretor já estava pronto para recebê-lo. Akaashi se levantou, se despediu do rapaz e foi em direção ao local indicado.

Era inevitável não se sentir um tanto amaldiçoado. Akaashi sempre teve vontade de se interessar por alguém e passar por todo aquele processo de conhecer e pegar intimidade, mas ninguém nunca tinha despertado o seu interesse. E então Bokuto apareceu, no pior momento possível, e ele questionava o universo o motivo daquilo. Satori certamente diria que era um sinal para largar a investigação.

Mas já era tarde demais, Akaashi já estava envolvido demais.

Naquela mesma noite, o investigador estava sentado no chão de seu apartamento, ao lado de Kenma. Estavam analisando os envolvidos no esquema, pelo menos os que já tinham sido descobertos. Precisavam da ficha de um em específico, alguém que não conheciam.

— Qual o nome mesmo? — Kenma perguntou, enquanto digitava algo no computador.

— Hinata Shoyo.

— Acho que achei... — Fez uma pausa, virando o computador para Akaashi poder ver. — Eu tive que puxar a ficha pelo sistema da polícia, mas tenho certeza que fiz de um jeito que ninguém vai descobrir.

— Ah, eu já vi esse cara, ele é tipo o braço direito do delegado geral, o Oikawa. Não fico surpreso que esteja envolvido.

O telefone de Akaashi vibrou, indicando que havia uma notificação. O investigador pegou o aparelho e viu que havia uma mensagem de um número desconhecido. Era Bokuto, o que o fez suspirar.

— O que foi? — Kenma perguntou.

— Lembra o cara do restaurante? Então, eu encontrei ele hoje mais cedo numa das escolas e eu tive que dar meu número...— Suspirou mais uma vez. — Eu fiquei super interessado nele, mas não veio em uma boa hora.

— Uau, Akaashi interessado em alguém! Isso eu nunca tinha visto!

— Ai, Kenma...

— Eu sei exatamente a sua dúvida e digo que você tem sim que dar uma chance pra ele! Esse cara pode ser o homem da sua vida, sabia?

— Eu tenho que focar na investigação.

— Você pode fazer os dois, Akaashi, vai ser bom pra você se distrair também.

— É difícil pensar numa hipótese dessas, não me sinto no direito. — Ele suspirou, tirando os óculos e passando a mão pelo rosto. — Eu queria acreditar que o mundo é perfeito e todas as pessoas são felizes.

Akaashi respondeu a mensagem de Bokuto e decidiu que iria pensar sobre. Realmente não queria se envolver com alguém naquele momento, não só por querer focar apenas na investigação, não só por não se sentir no direito, mas sim por temer colocar alguém em risco.

Os dois rapazes ficaram mais algumas horas tratando da investigação. Kenma hackeava alguns e-mails e celulares, procurando por mais informações e novos envolvidos. Só não esperava uma informação que acabou descobrindo.

— Akaashi...

— Sim?

— O Ushijima tá envolvido... — Kenma fez uma pausa, vendo o amigo arregalar os olhos. — Isso faz sentido?

— Faz, e faz muito sentido. Ele só pega casos grandes e importantes, coisas envolvendo gente poderosa. — Ele engoliu em seco. — Eu preciso avisar o Satori.

A mão de Akaashi foi imediatamente até seu celular, discando o número de seu melhor amigo. Porém a ligação caiu na caixa postal, o que lhe causou uma péssima sensação.

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