Capítulo Doze

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Anahí queria poder desaparecer nas cobertas quando o alarme do celular tocou às oito da manhã. O que ela estava pensando na noite passada, afinal?

Obviamente não estava pensando, só bebendo e agarrando o primeiro cara que apareceu. Bem, não o primeiro cara: o único cara. O cara mais absurdamente gostoso que ela já tinha visto.

Todos os homens da família Herrera deviam ser assassinados, isso estava claro. Ele a beijou primeiro, não foi? Não, ela se inclinou para perto primeiro, mas o que ele esperava que ela fizesse? Com todo aquele vinho no corpo? E o jeito como ele a olhava? Os olhos dele a perfuravam, seu cheiro exalava até ela. Teria precisado de muito autocontrole para afastar o homem. E ela estava esgotada no fim da noite. Mais dois dias.

Ela só tinha dois dias, depois poderia voltar para sua vida chata e esquecer Alfonso. Essa ideia fazia seu coração se apertar um pouco, mas isso era bobagem. Ela se apressou na rotina matinal, pegou o tênis de corrida e os óculos escuros e correu em direção à porta da frente.

— Aonde você pensa que vai? — chamou Alfonso atrás dela. Droga.

— Se quer saber, vou correr.

Ela se recusou a virar para trás. Era cedo demais para lidar com seu rosto perfeito.

— Vou com você.

— Não! — gritou Anahí antes de conseguir se impedir. — Quero dizer, você não precisa ir. Estarei em segurança.

Alfonso reclamou.

— Acredita em mim: eu não me importaria menos se um mendigo te pegasse na rua. Só que eu preciso falar com você. Espera, vou pegar meu tênis.

Ela fez que sim com a cabeça, ainda sem fazer contato visual, e correu porta afora para se alongar.

— Pronta? — chamou Alfonso cinco minutos depois.

Ela virou e quase tropeçou.

— Claro, sim, vamos lá. Tudo bem. — Calou a boca, fechou os olhos e imaginou um mundo onde espécimes masculinos perfeitos não olhavam para ela do jeito que Alfonso olhava. Embora seus olhos parecessem mais furiosos do que qualquer outra coisa.

— Espero que você consiga me acompanhar — gritou ela para trás enquanto estabelecia o ritmo.

Alfonso riu.

— Por favor, eu corri uma maratona semana passada. Tenho certeza de que consigo te acompanhar.

Ela calou a boca e fez uma careta.

— Então... — Ele correu ao lado dela, sem nem respirar com dificuldade, embora estivesse num ritmo bem rápido. — ... você e Ian.

Droga, droga, droga, droga.

— Sim? — Ela olhou para ele com indiferença.

— Não faz isso.

— O quê? — perguntou Anahí.

— Com ele, não deixa ele entrar, Annie.

— O que foi, você se nomeou meu protetor?

— Alguém tem que te proteger! — Ele agarrou o braço dela e fez os dois pararem.

— Ah, é? Era isso que você estava fazendo ontem à noite? Me protegendo? Porque
pareceu muito que era outra coisa. Obrigada por esclarecer. — Anahí o afastou, mas ele agarrou os pulsos dela.

— Você sabe que isso não é verdade, não que importe, considerando que você beijou o meu irmão na mesma hora.

— Acredita no que você quiser e, só para constar, Poncho...

O que ficou pra trás Onde histórias criam vida. Descubra agora