Capítulo Vinte

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Anahí lutou para manter as mãos na lateral, quando, na verdade, tudo que queria era estrangular o homem em que ainda estava montada.

— Você deu meu nome ao seu coelhinho? Você me odiava no ensino médio. Que história é essa? — Ela cruzou os braços.

Alfonso desviou o olhar.

— Não fica metida, Annie. Dei seu nome ao coelhinho porque achei que era o único nome que eu tinha certeza que daria medo até ao monstro mais apavorante.

— Então não tinha nada a ver comigo? — Anahí se perguntou por que, de repente, ela estava chateada.

— Ah, tinha tudo a ver com você. — Alfonso a pegou e puxou seu corpo com mais força para si, enquanto se inclinava para a frente e a beijava de novo. — Afinal... — Os lábios dele torturavam o pescoço dela, ele gemia no cabelo dela, e Anahí odiava ser seduzida com tanta facilidade pelo homem por quem estava tentando não se apaixonar durante toda a viagem. — Eu não tinha permissão pra te torturar fisicamente. Fui criado pra ser um cavalheiro. Então, sempre que você... me frustrava... — ele mordiscou a orelha dela e foi de novo até seus lábios — ... eu voltava pra casa e batia no coelhinho.

— Você descontava sua frustração sexual num coelhinho? — A voz de Anahí estava ofegante.

— Quem disse que eu era sexualmente frustrado?

Droga. Agora, o que ela ia fazer? Beijá-lo de novo? Dar uma joelhada no saco dele?

— Eu, hum — gaguejou ela —, eu só achei que essa era a vida que você levava, quase um castrado. Você sabe, porque você não namorava muito e levou aquela Jezebel pro baile. Alfonso revirou os olhos.

— Vou dizer à minha prima que você mandou um oi.

— Ela sempre foi tão querida.

Anahí e a prima de Alfonso, Lucy, tiveram uma briga naquela noite, quando as duas apareceram usando o mesmo vestido. Lucy, com todos os seus dons naturais vindos de Deus, quase fazia o vestido explodir, enquanto Anahí precisava de enchimento de papel para preencher o dela. Não era sua culpa ela sempre estar atrasada!

A noite toda foi arruinada quando Lucy, num surto de desejo — e muito provavelmente de álcool — deu em cima de Ian. Afinal, eles eram apenas primos de segundo grau. Isso não tornava as coisas menos esquisitas nem erradas nem tristes de ver enquanto ela tentava agarrá-lo na pista de dança. Ah, o ensino médio. Bons tempos.

Anahí sacudiu a cabeça e deu um sorriso doce para Alfonso, empurrando seu peito para conseguir se levantar.

— Aonde você vai? — Alfonso agarrou seu pulso. Ela tinha que sair dali, deixá-lo antes que o atacasse e perdesse todo o controle.

— Meu quarto.

— Você não pode ir pro seu quarto. E se alguém te ver?

— Quem vai me ver? — Os passarinhos? Os esquilinhos que estavam do lado de fora da
janela do quarto dele?

Alfonso piscou várias vezes antes de responder.

— Qualquer pessoa pode te ver. E, se você sair do meu quarto assim, eles vão desconfiar.

— Sua família sabe que nós nos odiamos. — Anahí rosnou.

Alfonso , o demônio, lhe deu um sorriso tão sedutor que ela se perguntou se seu coração ia
parar de bater.

— Sim, mas minha família conhece minha reputação de playboy, não de castrado, como
você me descreveu com tanto carinho.

— Certo, bem, já que você está paranoico, vou tomar um banho aqui e podemos escapar pelos fundos. Parece uma boa ideia?

Alfonso rosnou nas próprias mãos.

— Boa demais, Annie. Boa demais.

Sem querer ficar ali nem permitir que o duplo significado penetrasse em seus pensamentos já confusos, ela escapou para o banheiro.

— Tudo bem, então.

O que eu devia dizer?Alguma coisa petulante. Alguma coisa engraçada. Maldito abdome! Ele não tinha o direito de ser tão definido! Anahí abriu a porta e em seguida a fechou com força.

Tranca, tranca, onde estava a tranca?

— Não tem tranca, Annie — explicou Alfonso com um timbre profundo. — Eles ainda não terminaram o banheiro, por isso ainda está meio bagunçado, mas a água é quente, e as toalhas estão limpas. Só não vai deixar tudo com cheiro de menina aí dentro.

Como ela ia conseguir fazer isso? Só por deixar sua essência feminina sair naturalmente no vapor da água? Idiota.

— Ótimo! — Ela foi até o chuveiro e abriu a torneira. A água muito quente saiu torrencialmente. Perfeito. Em dois segundos ela estava nua e debaixo do chuveiro, sonhando com bacon e café escaldante.

E foi por isso que ela não ouviu a porta se abrir. Nem a voz de Alfonso quando ele perguntou se ela estava bem. Nem o grito que saiu da boca de Alfonso quando ele escorregou na calcinha dela e agarrou a cortina do chuveiro enquanto caía no chão.

Nua. Gloriosamente nua. Sem dúvida, ele ia ficar meio chateado com o fato de ela deixar mais do que sua essência para trás. Alfonso xingou por muito tempo e, finalmente, olhou para ela. Toda ela.

Seguindo seu exemplo, ela xingou como um machão. Os olhos dele a examinaram com ousadia e sem vergonha. Os dois ficaram sentados em silêncio, nenhum dos dois querendo dar o primeiro passo nem mesmo respirar, parecia.

— O que é isso? — Uma voz masculina rugiu.

Horrorizada, Anahí olhou e viu olhos verdes assassinos e engoliu em seco.

— Oi, Ian.

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