Capítulo Quatorze

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Ian observou as formas dos dois desaparecendo. Bem, ele viu mesmo a de Anahí. O irmão podia ir para o inferno, na opinião dele. O que ele estava fazendo aqui, afinal? Não era o reencontro do ensino médio dele. Bem quando ele estava pronto para ir atrás dos dois, uma loura gostosa puxou a camisa dele e sorriu como se quisesse fazê-lo mudar de ideia.

— Quer dizer que os boatos são verdadeiros?

— Boatos? — Ele lhe deu um sorriso deslumbrante.

— Que as garotas choram quando você as deixa na cama porque elas te querem muito.

Ela estava tentando ser sexy, mas, honestamente, no instante em que ela disse choram e cama na mesma frase, ele perdeu o apetite sexual de uma só vez.

Anahí.

Meu Deus, como ele era burro. Ele devia ter pedido desculpas. Ou, pelo menos, ter feito alguma coisa, qualquer coisa além de ficar sentado lá com a cabeça nas mãos, pronto para chorar por ter arruinado a amizade mais importante de sua existência.

Isso o tinha destruído.

A maioria das pessoas falam de se enganar, de como as escolhas acabaram levando-as a ser as pessoas que eram, como era um caminho lento para o que agora eram suas vidas. Mas com Ian era diferente. Ele sabia o momento exato. Três horas da manhã. Ele sabia o dia exato. Três de fevereiro. Ele sabia tudo.

O modo como o quarto cheirava a coco por causa de uma das velas ridículas de Anahí, compradas na Bath and Body. A sensação dos lençóis de jérsei nas pernas. A pele macia dela sob sua mão.

Sim, ele sabia o momento exato em que jogara e perdera tudo de que gostava. Foi exatamente no mesmo dia em que ele decidiu que não faria mais isso. Uma encruzilhada surgiu naquele dia. Poderia ter escolhido ser legal e ido atrás dela para pedir desculpas. Depois, viveria uma vida segura, com a média americana de filhos e uma casa com cerca de madeira.

Ou poderia ter escolhido ser um babaca.

A escolha que fez foi óbvia, mas ele se sentia preso e sozinho. E não foi de grande ajuda os amigos terem dito que a melhor maneira de esquecer uma garota era sair com outra. Foi isso que ele fez, várias e várias vezes, até ficar tão entorpecido e enojado consigo mesmo que nem queria mais viver. A dor acabou sumindo quando Anahí começou a viver a própria vida.

Era mais fácil ignorar o que tinha acontecido. Fingir que não importava de verdade. Mas importava. Ah, como importava!

Anahí não sabia. Como poderia saber? Tinha sido a primeira vez dele e dela. Ele nunca contou a ninguém que continuava virgem ao terminar o ensino médio. Mas era fácil manter esse segredo; as garotas o queriam tanto que mentiam sobre suas habilidades na cama.

Claro, ele nunca foi um anjo, mas sempre soube que queria que sua primeira vez fosse com alguém especial, com uma garota de quem ele realmente gostasse. Ele achava que amava Anahí, mas ela tinha um jeito de fazer um homem se sentir mais do que era, e isso era difícil para Ian. Ele sabia que queria mais do que poderia dar a Anahí. Ele queria ser irresponsável e livre, errar, enlouquecer, ficar famoso. Anahí teria ficado feliz em abandonar a faculdade e ter filhos logo em seguida.

Nada faz um cara correr mais rápido do que saber que poderia ter tudo com uma mulher, e acabar perdendo tudo. Para ser sincero, isso o tinha assustado demais. E se? E se ele tivesse pedido desculpas? Amado a garota como ela merecia? Na cabeça dele, ainda assim a teria destruído. Era muito mais fácil ser quem ele era.

E foi por isso que, quando a loura gostosa enfiou a mão no cós da calça dele e sussurrou alguma coisa safada em seu ouvido, ele foi embora com ela. Sem se importar se as pessoas iam sussurrar às suas costas que ele estava traindo e sem se importar, quando ela tirou a blusa no carro, que o que ele estava fazendo era o ápice da estupidez. Ele só queria ser livre, viver. Se separar do menino que era tantos anos atrás

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MARATONA PRA COMPENSAR MINHA FALTA, tenho estado com fortíssimas dores cervicais, e não tenho estado muito bem para postar. Começo de fevereiro vou fazer alguns exames mas enquanto isso vamos de paliativos.

Para compensar minha falta de post, estou postando essa maratona pra vocês! Espero que divirtam-se!
Com carinho, Gabi.

O que ficou pra trás Onde histórias criam vida. Descubra agora