Capítulo Dezenove

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Será que eles nunca iam se entender?

Como se quisesse responder a essa pergunta, Anahí soprou o cabelo do próprio rosto e olhou furiosa para ele.

— Vai me ajudar a arrumar essa bagunça ou o quê?

— Hum, deixa eu pensar. — Ele se recostou na cadeira. — Ajudar você a limpar ou observar você se inclinar e fazer isso sozinha. Decisão difícil.

— Você. É. Um. B...

— Ei. — Alfonso se levantou devagar da cadeira e perambulou até a mesa de jogos. — Você acha que conseguimos ter uma conversa completa sem xingar um ao outro?

— Sim — respondeu ela com rigidez.

Ela era horrível para mascarar suas emoções e estava evidentemente chateada.

— O que houve, Annie? Você tá estranha.

Ela bufou.

— Como você sabe?

— Eu passei mais tempo com você do que Ian este fim de semana. Acho que consigo identificar quando você está revoltada, especialmente considerando que você está ajeitando essa pilha de dinheiro nos últimos cinco minutos.

A mão dela congelou sobre o dinheiro. Ela se largou na cadeira. Ele não tinha certeza se deveria levantá-la em seus braços e beijá-la para afastar sua raiva ou resolver tudo ali naquele momento.

— Quero te socar — disse ela baixinho, como se estivesse comentando sobre a cor do carpete.

— Tudo bem... — falou ele devagar. — Agora?

— Agora é uma boa hora.

Ela deu um bote para cima dele e o atingiu com força no ombro. Ele estava desequilibrado, por isso caiu no chão com um gemido alto. Anahí se sentou sobre ele, claramente sem saber o quanto ele queria rasgar suas roupas e fazer sexo com ela sobre a mesa de jogos.

— Você era um valentão horroroso quando eu era pequena. — Ela o socou no braço de novo — E depois você teve a audácia de crescer e ficar bonito?

Ai, meu Deus, ela finalmente estava enlouquecendo. Ele tinha conseguido forçar seus limites.

— Como você ousa ser bonito? — Ela beliscou o braço dele. Ele urrou de dor.

— O que você quer que eu faça?

— Peça desculpas. — Ela rangeu os dentes.

— Pelo quê?

— Por... — Ela olhou para as próprias mãos e sussurrou: — Por dizer que eu não importava.

Alfonso rosnou e colocou as mãos no rosto.

— Você ouviu aquilo?

Anahí fez que sim com a cabeça, ainda sentada sobre ele. Ela olhou para baixo e lhe deu um sorriso.

— Não é nada de mais. Eu só queria que você sofresse um pouco.

— Annie, olha. — Ele agarrou os braços dela. — Você importa, você sabe que sim. Se não importasse...

Ele não podia fazer isso. O que o impedia?

— Se você não importasse — repetiu ele —, por que eu gastaria tanto tempo implicando com você?

Os olhos dela se estreitaram.

— Acho que isso é o mais próximo de um pedido de desculpas que vou conseguir, né?

— Com certeza. — Ele deu um sorriso malicioso.

— Pelo menos eu te dei uns socos — murmurou ela, saindo de cima dele, embora o corpo dele implorasse para ela ficar.

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