DUOLOGIA CORAÇÃO - LIVRO 1
Ela é grande. De coração, alma, doçura e manequim.
Ele nunca se importou com padrões.
Ela é farmacêutica bioquímica, tem dois empregos e ama o que faz.
Ele é médico oncologista e hematologista, um dos donos de um Centro...
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22 de maio de 2015
Dois Corações — GO
.Cinco anos antes.
— É verdade que você ia transar com Victor? – a pergunta me pegou de surpresa e instantaneamente me fez levantar a cabeça, assim como todo o meu corpo retesou.
À minha frente estava Lídia, uma colega de turma e minha dupla no momento. Estávamos fazendo um seminário de farmacologia e o professor da disciplina era um daqueles que sempre dizia que no âmbito profissional não podemos escolher com quem iremos trabalhar, por isso, sempre que nos passava algum trabalho era ele quem sorteava as duplas, então aqui estava eu com a maior fofoqueira do curso de farmácia, quiçá até do campus inteiro.
Vesti minha melhor máscara de tédio para encará-la, mas por dentro? Ah... Por dentro meu peito ardia, o estômago estava revirado e o bolo concentrado em minha garganta era quase insuportável de engolir. No auge dos meus dezenove anos pensei que já havia passado por todos os tipos de humilhação, mas a vida sempre iria me provar que eu estava enganada e sempre poderia ir para mais fundo no poço. Ajeitei os óculos de grau no rosto e suspirei, colocando os cabelos atrás da orelha.
— Eu não ia transar com ele. – falei baixo, já que estávamos na biblioteca usando os livros para juntar as informações pertinentes ao seminário. – Que bobeira.
— Não é o que ele está falando por aí... O ouvi conversar com Paulinho que ele ia te foder na sexta-feira passada, mas não rolou porque você parece uma aberração, que o seu rostinho bonito, apesar de ser balofa, não compensa.
Tentei respirar, mas o ar parecia ter fugido dos meus pulmões e eu sentia minhas mãos tremendo, enquanto as escondia embaixo da mesa redonda onde estávamos sentadas.
Sinceramente eu sempre preferi fazer os trabalhos com Glauco, ele é tão deslocado quanto eu e estudioso na mesma medida, mas como as coisas não são como a gente quer, Lídia estava me fazendo companhia em meio àquele monte de livros e papeis, enquanto batia a caneta de maneira irritante e repetidamente no caderno aberto, me encarando, esperando uma resposta.
— Não tem nada a ver... – minha voz saiu meio vacilante.
— Bom, não conheço outra Helena gordinha e estranha por aqui. – insistiu e eu suspirei.
Era tão humilhante ter chegado àquele ponto.
Todas as experiências anteriores da minha vida deviam ter me alertado de que aquilo aconteceria, mas eu fui burra e quis dar uma chance para o momento, porque:
1 – um garoto bonito feito Victor nunca prestava atenção em mim, então quando ele ofereceu carona na semana anterior, pensei que não faria mal aceitar.
2 – eu estava lendo muitos livros em que os mocinhos completamente diferentes superam tudo e ficam juntos.
