DUOLOGIA CORAÇÃO - LIVRO 1
Ela é grande. De coração, alma, doçura e manequim.
Ele nunca se importou com padrões.
Ela é farmacêutica bioquímica, tem dois empregos e ama o que faz.
Ele é médico oncologista e hematologista, um dos donos de um Centro...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Desliguei a chamada com um sorriso nos lábios e enfim adormeci, tenho certeza de que Helena estava em meus sonhos.
A sexta-feira começou bastante corrida e com muitos compromissos. Francisco Alencar, meu amigo de profissão e a quem me pediu para analisar o caso de Leucemia Linfoide Aguda Filadelfia positivo, era um tipo de leucemia bastante raro e de difícil tratamento. O paciente com trinta e seis anos estava internado e desde que cheguei na quarta-feira eu e mais cinco médicos, incluindo Francisco, analisávamos o caso raro para seguir com o melhor tratamento.
Depois de tudo discutido e decidido naquela sexta, Francisco tinha o melhor caminho e então eu poderia voltar para Dois Corações, mas quando notei que passava das seis da tarde, pensei que talvez fosse melhor sair no dia seguinte bem cedo.
— Mat! – o apelido antigo soou e eu olhei para trás. Vindo em minha direção no corredor do hospital, vi Tatiana. Ela sorriu e eu sorri de volta.
— Tati. – a abracei quando vi. – Quanto tempo.
— Muito tempo. Estava na cidade e nem pensou em me avisar? – questionou quando separamos o abraço e tocou meu ombro, me fazendo passar as mãos pelos cabelos, sem graça, porque na realidade nem passou pela minha cabeça ligar para ela.
— Pois é! – acabei suspirando. – Foi uma correria danada esses dias e realmente não deu...
— O caso que você estava envolvido com Francisco, pelo que sei, já acabou hein?
— Bom... Sim. – assenti.
— Estou saindo do plantão agora, você não vai recusar meu convite para uma bebida, vai? – piscou o olho e eu pigarreei.
Porque sabia que naquele convite havia muito mais coisa implícita do que eu poderia descrever, mas também estava sem graça de recusar. Maldita natureza gentil que me consumia.
Tatiana começou a faculdade de medicina comigo, em Dois Corações, ela era de um dos vilarejos próximos a cidade, de origem humilde, sempre teve vontade de vencer e crescer, assim o fez. Quando decidi me especializar em hematologia, ela passou na residência em Goiânia, para se especializar em obstetrícia, atualmente é uma das obstetras mais requisitadas da cidade. E, na época da faculdade, tivemos um casinho de jovem, nada demais. Depois que ela se mudou e eu iniciei um relacionamento mais sério, isso ficou no passado, até tudo se ruir e eu encontrá-la em uma das minhas vindas à capital. O fato é que, sempre que estou pela cidade, entro em contato, para que a gente se encontre e ela é uma foda ocasional, sempre foi assim. Essa é a primeira vez em anos que não faço a ligação e realmente nem me lembrei disso.
— Está dando plantão no regional? Eu nem sabia... – comentei, enquanto caminhamos pelo corredor.
— Estou sim, gosto dos plantões! – sorri. – Mas não muda de assunto, hein? Vamos tomar alguma coisa?
