DUOLOGIA CORAÇÃO - LIVRO 1
Ela é grande. De coração, alma, doçura e manequim.
Ele nunca se importou com padrões.
Ela é farmacêutica bioquímica, tem dois empregos e ama o que faz.
Ele é médico oncologista e hematologista, um dos donos de um Centro...
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— Vou solicitar o hemograma completo e a contagem de células primeiro para a gente analisar direitinho o que está acontecendo com essa mocinha! – sorri para a mãe apreensiva, enquanto alisava os cachos dourados da cabeça da garotinha de cinco anos que estava sentada na maca do meu consultório.
— Eu estou tão preocupada, doutor Duarte... – a mãe soltou num muxoxo, visivelmente abalada.
— Sei que sim, mas tente se acalmar. Vamos cuidar dessa pequena, eu prometo. – falei tentando passar o mínimo de segurança para ela e vi quando soltou o ar que parecia estar prendendo até aquele instante.
— Tudo bem.
— Ajude-a a se vestir, enquanto eu preparo todas as requisições. Todos os exames podem ser feitos aqui mesmo, a senhora só precisa marcar na recepção. Nosso laboratório é completo.
— Tudo bem. – sussurrou e sorriu por fim, aproximando-se da menina para ajuda-la a vestir o vestido florido. – Vamos colocar a roupa, meu anjinho?
Voltei a minha mesa e comecei a digitar a solicitação dos exames. Vitória Paes era uma linda menininha que até pouco tempo atrás era cheia de vida, segundo sua mãe, até que começou a ficar fadigada rápido demais, a mãe lhe deu algumas vitaminas pensando ser apenas uma fraqueza devido à falta de apetite, no entanto quando manchinhas arroxeadas começaram a parecer pelo corpo da garota, isso acionou o alerta materno. Ela foi levada ao pediatra que após um exame de sangue chegou à conclusão de se tratar apenas de uma anemia, típico em algumas crianças daquela idade, mas a fadiga, mal-estar e manchas só aumentaram com o passar do tempo, então ela resolveu procurar outra opinião. Eu já tinha ideia de onde aquele quadro, provavelmente, levaria a família, no entanto precisava comprovar. Por isso, solicitei o hemograma, a contagem das células sanguíneas, para termos os primeiros passos.
Após passar as requisições, despedi-me de mãe e filha e suspirei. Meu trabalho não era fácil, ser aquele que quase sempre porta as más notícias é cansativo e desgastante, mas não há o que fazer, eu amo minha profissão, porque mesmo que às vezes a notícia de uma doença sanguínea seja ruim, quando o paciente se recupera bem, é sempre a melhor recompensa.
Ser hematologista e oncologista é minha função e ao que vim destinado a Terra para fazer, não tem como fugir quando algo é nosso dom.
— Celinha, pode mandar entrar o próximo paciente. – comuniquei à recepcionista e me preparei para receber o próximo paciente, que assim que entrou pude notar os gânglios linfáticos inchados. Longo dia!
Mesmo sendo um dos donos do Centro de Onco e Hematologia San Marino, eu amo atuar na profissão. Então deixei a administração e burocracia nas mãos do meu irmão mais velho e diretor do lugar, Marlon. Ele parou de clinicar para administrar e nunca serei grato o suficiente por isso.
A minha agenda estava cheia e eu sabia que precisava correr com os atendimentos, pois a tarde teria três punções de medula para realizar e uma delas era em um bebê.
