Etapa três

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Você viu como eu sou, e eu não me senti julgada, me senti admirada.

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A chuva tinha molhado os meus pés completamente dentro do sapato e isso estava deixando eles gelados e nojentos. Suspiro forte e aperto ainda mais o livros no meu peito enquanto olho para aquela chuva que provavelmente se estenderia pela noite toda. O toldo acima de nós estava cheio de furos, então continuávamos não tão protegidos daquela chuva.

- Doyeon - Escuto ele me chamar.

Me viro para JungKook encostado na parede desbotada e vendo o contraste atraente que ele fazia com ela. Ele morde as peles da boca fazendo as covinhas ressaltarem, nas não olha para mim.

- Quando a chuva diminuir posso correr até o prédio da faculdade. Posso alugar um dormitório por uma noite só.

Continuo na ponta do fim do toldo, observando e calculando o quanto teria que correr para não me molhar tanto.

- Doyeon - Ele chama de novo, dessa vez segurando meu pulso.

Sua mão estava gelada, mas seus olhos estavam fervendo de alguma coisa que eu ainda não tinha aprendido sobre. Me esforço para tentar pensar em alguma coisa sobre isso.

A palavra Drama origina-se do grego, que significa "ação".
O texto teatral teve seu papel de destaque na Grécia antiga, por volta do século V a.C., as peças apresentadas baseavam-se nas Tragédias, uma vez que as mesmas tinham o objetivo de levar aos espectadores à catarse, isto é, à purificação da alma por meio da libertação das emoções.[1]

Era isso. De cinco minutos iniciais onde prestei atenção durante a aula, era isso. Eu estava completamente sendo levada à catarse por meio daquele olhar. Talvez eu estivesse entrando no personagem do drama literário. E talvez, Ele fosse o professor ideal pra aprender esse tipo de matéria.

- Doyeon? - pisco confusa quando JungKook aumenta seu tom e apertar meu pulso mais firme. Ele solta uma risada de canto - Te chamei algumas vezes. É por isso que você é tonta.

Pisco mais algumas vezes até me dar conta de que aquela era uma piada. Afasto seu braço do meu e reviro meus olhos - que o faz rir ainda mais.

- O que é? - Pergunto um pouco alterada. Mas apenas um pouco, já que outra parte de mim se sentia contente por descobrir qual o tipo de humor bobo que ele tinha.

- Esse é meu prédio - Ele esclarece. Mas eu já sabia disso - Sobe comigo - Ele pede, justamente aquilo que eu temia.

Duas semanas atrás, antes da catástrofe Sra. Benson acontecer, minha avó e sua melhor amiga/primeiro amor me pediram para passar exatamente nesse endereço para a avó de JungKook pegar alguns remédios de pressão que deixou aqui na noite passada. Eu lembro que ele estava completamente diferente do que costumava ser. De pijama colorido e cabelo enfiado na touca. Ele entregou aqueles remédios e olhou para mim por alguns segundos infinitos, e então se afastou e entrou no prédio.

Eu sabia que se entrasse nesse prédio, eu estava ferrada. Eu ia ver um pedaço de JungKook. Onde ele vivia. A maneira como alguém deixava seu apartamento explicava muito bem como costumava levar a vida. Não tenho dúvidas de ele levava a vida como se fosse um jogo de video-game. Sempre tentando ser o melhor de si, mas sempre sabendo perder.

Ou não.

Sabe-se lá como as pessoas costumavam jogar vídeo-game, porque era assim que eu fazia. Quem garante que ele era assim também?

Mas quando volto para mim depois de viajar - de novo -, percebo que JungKook espera por uma resposta, mas ele sabe de alguma forma que eu precisava pensar. Ele espera por mim pacientemente, porém ansioso.

ᴛᴏᴅᴀs ᴀs ᴇᴛᴀᴘᴀs ᴀᴛé ᴇᴜ ᴍᴇ ᴀᴘᴀɪxᴏɴᴀʀ ᴘᴏʀ ᴠᴏᴄê • ᴊᴊᴋ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora