Etapa sete

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Quando você apareceu no meu portão com um buquê. Reparei mais no seu sorriso do que nelas, mas eu amei o ato e, se eu soubesse cuidar de rosas tão bem quanto a minha avó, provavelmente ainda as teria.
Ps: guardo algumas pétalas junto com uma foto nossa

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Almoçar ao ar livre não era para ser uma tarefa pesada e melancólica como estava sendo. A família Kim nunca esteve tão chateada antes, nem mesmo SeokJin estava contando sobre seus pratos de culinária que fez com tanto afinco para que a nossa refeição tivesse uma mesa farta. Me sento na frente do meu primo Taehyung e ao lado de NamJoon, e começo a olhar para as outras extremidades da mesa.

Na ponta, meu avô olhava fixamente para a cadeira vazia da minha avó, e eu não queria estar dentro da sua cabeça para entender seus pensamentos que provavelmente giravam em torno do que faria quando sua esposa se fôsse. SeokJin puxava uma cadeira para se sentar ao lado de Taehyung e então os dois apontam seus olhares para NamJoon e eu, e os seus olhos eram cheios de preocupação.

Meu primo ao meu lado me olha por um momento também antes de respirar fundo e dirigir a palavra apenas entre nós.

— Vamos tentar não deixar esse almoço pior do que já está.

SeokJin concorda sutilmente e observa nosso avô ainda parado encarando a cadeira vazia.

— Alguém não deveria ir buscar a vovó? — Taehyung murmura no mesmo tom de NamJoon — Doyeon, pode ser você?

Assinto quieta na direção do meu primo e arrasto a cadeira com lentidão, tentando fazer o mínimo de barulhos bruscos possíveis. Ao passar por meu avô, toco seu ombro sutilmente e sigo na direção da porta. Meus sapatos brancos faziam barulho contra o chão de madeira lustrado da casa dos meus avós e me lembro de quando era pequena e, Sra. Benson gostava de me vestir com roupas floridas e coloridas, quanto a vovó preferia me vestir de roupas neutras como sempre preferiu. O argumento de sua melhor amiga era que crianças precisavam de cor em suas vidas, e não o monótono tom neutro que existe nos adultos. Eu costumava gostar de ambas as formas de se vestir, nunca me importei se tinha menos cor ou mais cor, porque no final eu sempre me divertia brincando sozinha ou com JungKook.

Ele era vestido sempre como um engomadinho quando vinha pra minha casa, e eu lembro de sua vó o paparicar muito. Mas quando crescemos, as coisas mudaram, ele não se vestia mais com blusas engomadas ou com cabelo penteado para trás. Ele simplesmente de tornou um cara bonito e atraente com o estilo badboy-não-da-a-mínima. Eu descobri que ele não era assim como seu estilo. Ele dava sim a mínima, e ele era incrível.

Bato na porta do quarto dos meus avós e coloco metade do corpo para dentro, vendo os cabelos grisalhos da vovó soltos. Eles eram ralos e íam até metade das costas dela, com as pontas desbotadas de preto, que era o natural do seu cabelo. A senhora me vê pelo reflexo do espelho e um sorriso preenche sua boca, olhando nos meus olhos.

— Você fugiu essa madrugada, não foi? — A mais velha diz sem rodeios. Ela não parecia brava, muito pelo contrário, ela parecia de certa forma contente — Você fugiu com o neto da Benson. JungKook. Eu escutei aquele garoto dizendo que seus cabelos são como fogo.

Antes de me envergonhar pela velha ter escutado tudo, eu sinto uma risada passar pela minha garganta por ver o quanto ela parecia nostálgica me fitando pelo espelho. Entro totalmente no quarto e fecho a porta, me sentando na ponta da cama e olhando minha avó na cadeira de sua penteadeira.

— Porque a senhora não me impediu de fugir?

— Impedir você de fugir? Você tem idade para saber o que faz, e além do mais, eu estava no banheiro. Eu não ia sair de lá com a bunda de fora pra te mandar voltar pra dentro.

Eu tentei ao menos segurar a risada, mas eu deveria saber que a vovó nunca seria séria 100% do tempo. O que a fazia tão maravilhosa era seu senso de humor mesmo em situações que provavelmente deveriam ser tristes ou irritantes. Lembrei que também, havia outra pergunta que queria fazer para ela.

— Por que você não se importou por eu ter fugido?

O sorriso da idosa se alarga nas bochechas e suas rugas se acentuam.

— Eu sempre quis que a minha família cruzasse com a dos Benson. Não estou dizendo que você tem que fazer isso porque eu quero, mas não sou eu a pessoa a impedir isso. Quero que se relacione por amor, está bem?

Naquela tarde parcialmente ensolarada, eu assenti apenas, e depois disso a vovó me deu seu braço para levá-la até o jardim onde almoçaríamos. Pensei durante aquele trajeto curto que talvez o destino estivesse brincando com as nossas famílias. Minha avó queria ficar com a Benson, mas no século passado era proibido. E agora, talvez o universo estivesse tentando se redimir com ela unindo a nossa família dessa forma. Não fazia sentindo completo, pois a minha relação com JungKook não era garantida, mas o meu corpo aceitaria de bom grado ficar com ele, assim como a minha mente.

Ele já era de certa forma, o que me fazia sorrir sozinha durante o dia, ou o que me fazia ser mais feliz durante a madrugada. Eu esperava ansiosamente pelas suas mensagens porque sabia que elas iriam chegar a qualquer momento, e talvez eu estivesse me apaixonando por ele. E eu estava disposta a fermentar tudo aquilo para se tornar amor, se ele também quisesse fazer isso.

É pela razão dos meus sentimentos estarem aflorando, que quando deixo a vovó em sua cadeira de costume, na ponta de frente para o meu vô, que o meu peito começa a bater descontroladamente quando no portão de casa, aparece JungKook.

O cordão da corrente indo até o centro de seu peitoral, se encontrando com a estampa branca da camiseta preta e o seu cabelo jogado para o lado, muito bem arrumado. Quando seu olhar cruzou com o meu, um sorriso inevitável saiu da minha boca, e em seguida escutei a voz baixa da minha avó: — Rosas. Ele te trouxe um buquê.

Um pouco surpresa, busco com o olhar as flores que minha avó havia dito, e era verdade. Com sua mão direita tatuada ele segurava no portão, e na mão esquerda ele segurava um buquê de flores vermelhas. Elas eram lindas, com certeza.

Só não tão lindas quanto o sorriso de JungKook.

ᴛᴏᴅᴀs ᴀs ᴇᴛᴀᴘᴀs ᴀᴛé ᴇᴜ ᴍᴇ ᴀᴘᴀɪxᴏɴᴀʀ ᴘᴏʀ ᴠᴏᴄê • ᴊᴊᴋ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora