Você estava lá para me impedir de me arrepender, e estava lá para consolar todas as lágrimas que sabia que iriam cair
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A ventania arrastava as folhas que caíam da árvore com lentidão, assim como meus suspiros saíam da boca sem vontade alguma. Por alguns instantes, sinto todo o lugar onde estou desmoronar e meus pés perdem o foco, até perceber que a sensação de se perder quem ama é indubitavelmente dolorosa. Muito dolorosa. Mas eu não tinha como saber como minha avó se sentiu no meu lugar um mês atrás, de frente para um quadro do seu primeiro amor apoiado na árvore favorita dela.
Eu tinha certeza de que o chão tinha desaparecido e a única coisa que me mantinha de pé era o fato de JungKook segurar meus ombros com força. Eu estava lá quando ela se foi. Foi para ele que eu liguei primeiro.
Quando consegui fazer minha avó sair de casa comigo depois de tanto tempo, a levei para o parque onde sempre esteve com sua melhor amiga e durante os primeiros 15 minutos estava sendo perfeito. Até ela dizer que seu peito estava doendo muito. Minha avó colocou sua mão aonde doía e reclamava baixinho para mim, me pedindo para tirá-la dali. Eu não tinha aonde levá-la, estávamos a pé.
Por isso sem pensar duas vezes liguei para JungKook. Com poucas palavras eu o fiz vir até onde eu estava e ele a levou para dentro do seu carro, no banco de trás. Eu senti um alívio inegável quando pensei que tudo ficaria bem e que apartir dali era só ir até o hospital mais próximo, mas quando me afastei para fechar a porta e sairmos, JungKook me impediu. Ele entrou no banco de trás comigo e fechou a porta, me olhando como se aquela fosse ser a última vez.
— Saia da frente! Você não vai dirigir a droga do carro?!
JungKook continuou impassível diante dos empurrões que eu dava nele.
— Ela não vai aguentar, Doyeon — JungKook segurava com força os meus pulsos e admito que naquela vez, eu nem me lembrava de sentir o gosto das lágrimas indo para a minha boca — Por favor, não faça o mesmo que eu! Ela não vai conseguir, você sabe disso. Não faça algo do qual vai se arrepender depois.
JungKook estava suave naquele instante, e assim que vi como seus olhos estavam pesarosos senti a bile subir. A empurrei para volta e abaixei a cabeça para meu colo. Ele soltou meus pulsos com calma e diante minha fraqueza, passou sua mão pelas minhas costas me incentivando. Eu sabia que quando olhasse para ela agora, seria a última vez e isso estava doendo como nunca. E eu não conseguiria fazer isso.
— Eu... eu não consigo — Me viro para seu ombro antes de conseguir olhar para a senhora Kim.
Os dedos de JungKook vão até meus cabelos e os desgrudam das minhas lágrimas escorrendo pelo rosto. Seu olhar era claro e cheio de verdade, mas também tinha compreensão quando ele deixou seus lábios tocarem minha testa com firmeza.
— Você precisa — Ele disse então, e me passou confiança pelos seus olhos.
Balanço a cabeça sem ter certeza de que conseguiria e começo a virar a cabeça. Começo a voltar a atenção para minha avó lentamente, escutando primeiro sua respiração decompassada, como se buscar o ar fosse quase impossível, depois, vejo seu rosto mais pálido que o normal e seus olhos começarem a perder o foco. Levo a mão com pressa até o rosto da minha avó e sinto a sua pele gelada em contato com a minha. Sua boca seca esboça um sorriso tranquilo, quase como se não estivesse preocupada e principalmente, como se estivesse indo finalmente descansar.
— Doyeon — A senhora murmura sem fôlego — Eu estou indo... Eu vou encontrar a Benson. Ela está me esperando.
Seguro seu rosto em minhas mãos e vejo quando uma lágrima solitária desce pela sua bochecha.
— Vó... por favor — Eu não sabia o que eu estava pedindo, eu não sabia o que eu queria. Mas eu sabia que estava doendo — Você não pode me deixar, vó!
A velha Kim solta uma risada falha seguida de tosses decompassadas. Sua mão gelada toca as minhas em seu rosto e deixa um beijo seco em meu pulso.
— Quem disse que eu vou te deixar? — Ela dizia devagar, respeitando o limite da sua respiração — Eu estarei sempre aqui.
A senhora, com sua mão livre a leva até meu peito esquerdo. Olho para sua mão gelada em cima da minha camiseta branca e percebo que ela estava molhada com lágrimas.
Deito a cabeça no ombro da minha avó e a deixo arrastar sua mão já sem forças pelo meu cabelo, por um longo tempo. Eu estava ficando sem fôlego também, sentindo o soluço em minha garganta vir sem dó alguma enquanto sentia os dedos da minha avó se arrastarem pelo meu cabelo.
Até que eles pararam de se mover.
Enterro o rosto no abraço de JungKook sem mais aguentar olhar para a foto do sorriso da velha senhora Kim e pensar que ela se foi, nos meus braços. Eu sentia o cheiro de JungKook impregnar nas minhas narinas enquanto eu molhava seu terno com as minhas lágrimas.
Seus braços rodeavam meus ombros e suas mãos se arrastavam carinhosamente em minhas costas. Sua boca tocava o topo da minhca cabeça e eu continuava num looping de pensamentos sobre o dia em que ela se foi.
Fazia um mês que JungKook e eu estávamos juntos e um dia que a minha avó tinha ido embora. Ele não tinha me deixado, nem antes, e nem depois.
Nem depois que eu afastei seu corpo do meu e corri para dentro porque senti a bile vir. Nem quando ele me viu num estado deplorável de tristeza, ele não soltou meu cabelo enquanto eu vomitava. E nem quanto eu me deitava na cama e me encolhia para chorar por uma semana inteira ele me deixou.
Durante uma semana ele ficou comigo, e depois dela, continuou comigo. Mesmo que eu pudesse estar insuportavelmente triste, ele sempre esteve lá envolvendo meu corpo em seus braços e dizendo que tudo ficaria bem.
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ᴛᴏᴅᴀs ᴀs ᴇᴛᴀᴘᴀs ᴀᴛé ᴇᴜ ᴍᴇ ᴀᴘᴀɪxᴏɴᴀʀ ᴘᴏʀ ᴠᴏᴄê • ᴊᴊᴋ✔
FanfictionEu contei algumas etapas até conseguir descobrir quando foi que me apaixonei por você, mas descobri que me apaixonei desde que te vi sentado na minha cama com a Srt. Barbie Benson na mão, porque foi quando você teve coragem. Coragem pra correr o ris...