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– Suas piruetas melhoraram.

Seulgi e Irene encontravam-se no ginásio, já depois do fim das aulas. Estavam afastadas da equipe de basquete, que treinava ocupado quase toda a quadra. A Bae já estava irritada com a barulheira que aqueles garotos faziam.

– Obrigada. – Seulgi agradeceu, virando na boca o resto da água que havia em sua garrafa.

– Eu tenho alguns vídeos da sequência principal para te mostrar. – A Bae interrompeu seus pensamentos, se aproximando com o celular – Mas seria bom se pudesse ensaiar com as meninas, pra treinar a dinâmica.

– Claro. – Seulgi assentiu, focando a atenção no celular  nas mãos da mais velha enquanto esta fazia alguns comentários sobre a sequência coreográfica que assistiam.

Antes que pudessem terminar, no entanto, as garotas foram surpreendidas por uma bola de basquete voadora, que aterrizara exatamente na cabeça de Seulgi.

– Cacete! – A Kang xingou, levando a mão até o local atingido, com a cara completamente franzida devido a dor.

– Ei, vocês são idiotas? – Irene gritou para os jogadores um pouco afastados, que aparentemente riam da situação sem nem cogitarem pedir desculpas. Tinha a bola nas mãos e não pretendia devolvê-la até que se desculpassem.

– Foi mal, princesa.  – Um deles disse, se destacando no pequeno bolinho que o grupo de garotos formava.

– Não é pra mim que você tem que pedir desculpas. É pra ela. – A Bae apontou para Seulgi, que ainda tinha a mão na cabeça, mas parecia surpresa por ver o que a mais velha fazia. Não sabia se se juntava a ela para discutir com os garotos ou apenas esperasse que ela terminasse. Decidiu esperar para ver o que aconteceria. – E não me chame de princesa.

– Não gosta? – O garoto perguntou, com um sorriso debochado. Ele se aproximava aos poucos, mas Irene não se moveria nem um centímetro de onde estava.

– Não quando vem de você. – Ela disse, e Seulgi quis rir da cara que o garoto fez quando seus amigos o zoaram pela resposta de Bae. E por algum motivo, também se perguntou se Irene era chamada de princesa mais vezes. – Estou esperando que faça seu pedido de desculpas. Não temos todo o tempo do mundo aqui.

– Nós estávamos treinando. Não é minha culpa se vocês estavam se exibindo no cantinho. Queriam atenção? – Ele perguntou. Se Seulgi não estivesse atordoada por causa da bolada, teria lhe dado um soco naquele momento. O garoto já estava lhe dando dor de cabeça.

Mas não precisou.

Irene foi mais rápida.

– Certo, vamos lá. – Ela disse, avançando em direção do garoto, que, apesar da expressão assustadora de Bae, não se mostrava afetado e manteve-se em seu lugar. – Eu aturo você e seus amiguinhos suados há tempo o suficiente para saber que não passam de atletas meia tigela com muitos hormônios acumulados e que adoram caçar confusão. Mas, veja bem, escolheu o dia errado para mexer comigo. Então se espera sair daqui com seu nariz intacto, eu daria meia volta e nos deixaria em paz.

– O que vai fazer? Me socar? –  O garoto riu, mas ao contrário dele, seus amigos já recuavam. Irene realmente parecia assustadora agora.

–  Não. – Ela sorriu –  Apenas dar o troco. –  Com um riso debochado, Irene fez que iria jogar a bola com força na cara do garoto, que perdeu completamente sua pose com aquela ação. Achando que seria realmente atingido, recuou rapidamente com uma feição assustada.

– Some da minha frente. –  Ela disse, dessa vez jogando a bola para que um deles pegasse –  E sejam menos barulhentos. –  Completou, virando-se na direção de Seulgi e andando para longe. Sem saber o que fazer, a Kang apenas deixou o grupo chocado e seguiu a mais velha, vendo que ia até os vestiários.

Seulgi não diria que estava surpresa com o que aconteceu. Sempre teve um pouco de medo de Irene, e nunca duvidaria que ela pudesse quebrar o nariz de algum daqueles caras sem ao menos hesitar. No entanto, se perguntava se Irene agira daquela maneira por ela.

Seria muita tolice?

– Ei, se machucou? –  A voz da Bae tirou Seulgi de seus pensamentos, que nem percebera que já estavam sozinhas no vestiário.

– Ahm, não. – A mais nova respondeu, se situando – Foi só uma pancada. Já já passa.

– Temos gelo aqui, você sabe. Pegue um pouco na caixa azul.

–  Está bem. Obrigada. –  Seulgi sorriu pequeno, fazendo o que a garota recomendara.

–  Ugh. –  Irene resmungou –  Não tem hora que você simplesmente odeia todos os caras do universo?

– Não sou a maior fã de caras, Irene. –  A Kang riu, sentando-se em um dos banquinhos já com um gelo na cabeça. Irene, que estava encostada nos armários, cobriu a boca com a mão.

–  Céus, é verdade! –  Disse rindo –  Havia me esquecido.

– Se lembra de quando saímos pra comemorar com o time e um dos garçons ficou me encarando a noite toda? –  Seulgi perguntou, sentindo-se um pouco nostálgica. Irene concordou. –  Aquela foi a primeira vez que eu disse a alguém que sou lésbica.

–  Está brincando? –  Irene riu –  Por isso ele ficou tão esquisito do nada. Acho que quebrou o coração dele.

– Me senti bem. –  A Kang disse –  Em poder dizer em voz alta.  Mesmo que tenha sido para um estranho.

– Achei que Jennie havia sido a primeira a saber.

– Ah, não. –  Seulgi riu –  Acreditaria em mim se dissesse que você soube antes dela?

– O que? – Irene praticamente congelou em seu lugar, extremamente surpresa com as palavras da Kang.

– Você foi a primeira dentre as minhas amigas a saber, Irene. – Seulgi disse, sentindo-se nostálgica. Tinha um leve sorriso esboçado com os lábios.

– Então a primeira vez que saiu do armário pra alguém próximo foi aos berros no meio de uma briga? – A Bae arregalou os olhos, deixando um risinho nervoso escapar.

– Nem comente. – Seulgi resmungou – E ao menos lembro o motivo da briga!

– De repente me sinto importante na sua vida.

Seulgi ficou em silêncio apenas assimilando as palavras da mais velha.

Podia não ser do jeito mais agradável, mas Irene definitivamente tinha importância em sua vida. Um pouco mais do que Seulgi desejaria.

– Qual a minha importância na sua vida, Senhorita Bae?

Irene fora pega de surpresa com era. Duas respostas lhe vieram a cabeça.

A primeira, um pouco mais rude, entregaria de uma vez por todas o porquê de Irene ter tantos problemas com a mais nova. "É em você que eu deveria me tornar.", pensou. "Quem era Irene aos olhos da incrível Kang Seulgi?".

Mas isso nunca sairia dos lábios da Bae.

Não, nunca diria aquilo em voz alta. Ouvir já era mais que o bastante.

Optou então pela segunda resposta que lhe veio à mente.

– Qual seria a graça desse lugar sem você, Seulgi?

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VOLTEI NAO ME MATEM AMO VCS KKKAJSEJAJJE

𝗰𝗵𝗲𝗲𝗿 𝘂𝗽! | seulgi + ireneOnde histórias criam vida. Descubra agora