𝗰𝗵𝗲𝗲𝗿 𝘂𝗽! | seulgi + irene

04

– Só pode estar brincando. – a voz de Jennie Kim era alta do outro lado da linha, fazendo Seulgi afastar levemente o celular de sua orelha enquanto fazia uma pequena careta.

Kang havia retornado para casa logo depois que perdera a treinadora e Irene de vista no corredor. Mesmo que ainda tivesse duas aulas restando no dia, Seulgi sabia que não seria capaz de se concentrar, e por isso, decidiu cabula-las. Sua mãe odiará saber disso.

Sendo assim, Seulgi havia ligado há pouco para sua amiga, com a intenção de ser atualizada sobre o que havia perdido na escola. E como já imaginado, Kang acabara se desviando de seu foco, e agora contava detalhadamente tudo o que havia ocorrido em sua manhã depois que se separara de Jennie no ginásio.

A Kim mal podia assimilar tudo.

E na verdade, Seulgi também não.

– Me diga que eu fiz a escolha certa, Jen. – suplicou enquanto encarava o teto, se afundando cada vez mais em sua própria cama.

– Bem, pelo menos você estará fazendo algo que gosta. – Jennie tentou consolar a amiga, sem saber ao certo o que dizer. A única coisa que sabia, no entanto, era algo que Seulgi definitivamente não gostaria de ouvir.

– Me diga o que está pensando. – Seulgi pediu ao notar o estranho silêncio de Jennie. Conhecia a amiga o suficiente para saber que algum pensamento bem formulado sobre a situação corria por sua mente bagunçada.

– Eu? Ah, não é nada. – A Kim mentiu – Apenas escola.

– Jen, por favor. – Seulgi pediu novamente, e então ouviu sua melhor amiga bufar.

– Seulgi, eu entendi os motivos pelos quais você topou essa loucura. Mas... você não acha que Irene te acabará te levando ainda mais pra baixo do que naquela época? – Jennie indagou, tendo apenas o silêncio de sua melhor amiga como resposta.

Em seu quarto, Seulgi ponderava a possibilidade. Nada garantia que Irene havia mudado. Pelo contrário. Seulgi podia provar que a Bae continuava absurdamente fria e idiota, como vira no terraço. No entanto, talvez dessa vez, Seugi estivesse apta para lidar com as provocar da mais velha.

Talvez, dessa vez, Seulgi não choraria no quartinho do zelador depois dos treinos, desejando a cada segundo que Irene apenas desaparecesse da sua frente como em um passe de mágica.

Se Irene fosse tão ruim quanto antes, Seulgi estava a disposta a rebater mostrando o seu pior.

E com essa ideia, a Kang esboçou um sorriso.

– Eu vou ficar bem. – disse à amiga – Ela não me afeta mais. – concluiu, sentido-se extremamente leve ao finalmente dizer essas palavras em voz alta. Do outro lado da linha, Jennie sorriu também, concordando com a amiga.

E então, tornaram a falar sobre outros assuntos da escola pelos próximos vários minutos. Seulgi pegou as matérias que perdera, e Jennie também lhe contara sobre a briga entre Jimin e Jungkook na aula de educação física.

"Isso que chamam de casal iô-iô", Seulgi pensava.

Ao ouvir o som do carro de sua mãe se estacionando na garagem, a Kang desligou rapidamente o celular. Praticamente pulou para fora da cama, correndo até a porta de entrada se preparando mentalmente para o sermão que sua mãe lhe daria sobre matar as aulas.

Mas no fundo, esperava que sua mãe pegasse mais leve ao descobrir que retornara temporariamente ao time de torcida.

– Mamãe! – Seulgi exclamou assim que a mulher entrou pela porta, jogando sua maleta preta em cima do sofá onde Seulgi se encostava.

– Seulgi, querida, como você espera entrar em uma faculdade? – Sua mãe começou sem nem ao menos cumprimenta-la, fazendo Seulgi esconder uma revirada de olhos.

– Ah, mamãe, me desculpe. – A Kang menor forjou um drama, levando a mão a testa – Minha dor de cabeça atacou hoje. Havia muito em minha mente.

– É mesmo? – Ela perguntou, deixando um resquício de preocupação escapar em sua voz – Bom, de qualquer forma, devia ter pedido autorização antes. Agora me diga, o que aconteceu?

– Irene se machucou feio hoje, mãe. – A filha começou a dizer, percebendo a atenção da mãe em suas palavras – Ela não vai poder participar da competição.

– Oh! Que pena! Aquela garota é tão dedicada... Mas como você sabe disso? – A Sra. Kang perguntou. Sabia que sua filha e Irene não se davam muito bem, por isso havia estranhado Seulgi lhe contar sobre a lesão da Bae.

– Eu a ajudei, mais ou menos. – Seulgi franziu o nariz – E antes que diga alguma coisa: não, não me tornei amiga dela. No entanto, Irene me convenceu a substituí-la no time durante as próximas semanas. Até a competição, mamãe.

A expressão de sua mãe passou por uma série de fases. Sra. Kang estava extremamente feliz por Seulgi ter voltado ao time, mesmo que temporariamente. Sabia o quanto isso era bom para a filha. E, por mais que tivesse uma série de perguntas a fazer sobre como essa decisão ocorrera, também sabia que Seulgi não a responderia. Já não fazia muito tempo desde que tiveram uma longa conversa sobre privacidade, e sendo assim, nenhuma das duas estava disposta a ter outra tão cedo.

– Bom, fico feliz por você, Seulgi. – A mãe sorriu – Mas que o episódio de hoje não se repita. Se estiver se sentindo mal, vá até alguém que possa te ajudar. Estamos entendidas?

– Sim, mamãe. Me desculpe. – A mais nova assentiu, sorrindo também.

Depois de trocar mais algumas palavras com a mãe sobre o que comeriam juntas mais tarde, Seulgi retornou ao seu quarto para fazer a lição de casa, mas antes, resolveu checar o celular para ver se Jennie já havia lhe mandado foto das anotações que perdera. Porém, antes, algo lhe chamou a atenção

Havia uma ligação perdida de Irene.

– Mas já? – Seulgi murmurou para si mesma, a medida que analisava se devia retornar a ligação ou mandar uma mensagem perguntando o que queria. Ou apenas ignora-la.

Relutante, Seulgi escolheu a primeira opção.

– Alô? – Ela disse ao perceber que a chamada havia sido atendida.

– Finalmente! – Irene bufou do outro lado da linha, e Seulgi revirou os olhos.

– O que você quer tão cedo? Não estava no hospital?

– Já estou em casa. Aparentemente estirei alguns ligamentos a ponto de quase romperem.

– Então não rompeu?

– Por pouco. Mas eu não entendi nada que o médico me disse.

Seulgi quase deixou uma risadinha escapar. Também não entendia nada de medicina.

– Que bom. – A Kang disse, já que não sabia o que mais dizer – Foi por isso que me ligou?

– Não. Quero saber quando está livre, para que eu possa te avaliar. Precisamos saber o quanto você vai ter que trabalhar.

– Já? – Seulgi perguntou, sentindo um pequeno indício de preguiça em si.

– Gosto das coisas rápido, Seulgi. Não acha que aguenta o meu ritmo?

Não, definitivamente não. Kang Seulgi odiava fazer coisas às pressas. Mas não daria à Irene o prazer de saber disso.

– Bae, por favor. – Seulgi não pode evitar por sorrir convencida – Eu estarei sempre três passos a sua frente.

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cap meio chatinho, sorry!