Jeongyeon conduzia, calmamente, o cavalo pela estrada de terra, que levaria até sua casa. Sana se encontrava sentada atrás da mais velha, ambas sobre o cavalo, as outras três, sentavam em cima dos caixotes vazios na carroça que o animal puxava. O ninar, que a marcha suave do cavalo proporcionava, fez Mina adormecer nas costas de Momo, abraçada à cintura da irmã e com a cabeça em seu ombro. Momo cantarolava alguma música calma para se distrair do sono e não acabar caindo para frente. Jihyo apoiava a cabeça sobre a mão direita, enquanto observava a vida noturna do lugar, alguns bares ainda estavam abertos, pessoas jogavam conversa fora sentadas em bancos, tudo bem pacífico.
- Você mora longe, não é? - Disse Sana.
- Pois é, mas eu já me acostumei com o caminho longo.
- Há quanto tempo você mora aqui?
- Desde que nasci, eu acho. - Riu levemente.
- E vende há tempo também? Parecia ter afinidade com os fregueses.
- Há muito tempo, desde que me entendo por gente, na verdade. Meu pai que me ensinou, era disso que ele tirava o sustento meu e dele. De tanto acompanha-lo no comércio, aprendi com ele tudo que podia, como negociar as mercadorias e esses tipos de coisa, e as pessoas me conhecem desde sempre, confiam em mim.
- Desculpe tantas perguntas mas, e sua mãe? - Jeongyeon demorou um pouco para responder. - Se não quiser, não precisa...
- Ela... morreu durante o parto. - Falou, a voz baixa.
- Sinto muito, eu não sabia. Me desculpe. - Pousou a mão sobre o ombro da outra.
- Não, tudo bem. - Levantou a cabeça. - Fui acusada de ser culpada por isso durante muitos anos da minha vida. Minha avó sempre me culpou pela morte da filha dela e que, se não fosse por mim, ela ainda estaria aqui. Meu pai dizia que ela era louca, que eu era apenas um bebê, sem intenção alguma de fazer nada. Ela realmente achava que eu queria crescer sem mãe? Não que meu pai não tenha conseguido me criar sozinho mas, ela fez falta sim.
- Se me permite, isso não é avó.
- Eu sei. Não tenho contato com ela há muito tempo, não sei por onde anda, se está bem mas, sinceramente, eu não me importo. Ninguém procurou saber como eu estava quando meu pai morreu, há três anos atrás.
- Chegamos. - Jeongyeon alerta, descendo do cavalo, Sana faz o mesmo. Jihyo levanta do caixote e pula carroça à baixo, reclamando que sua bunda havia ficado quadrada e dormente. Momo desce com Mina ainda em suas costas, o cuidado que a garota tem com a irmã mais nova é algo admirável, realmente a tratava como um bebê.
A casa era simples, não muito grande, podia-se ver a plantação, que tomava parte da lateral e, provavelmente, do quintal também, e uma construção de madeira que deveria ser onde o cavalo dormia, já que, dentro daquilo, tinha uma baia com água. O animal, por sua vez, tinha um nome curioso, James Baxter, ou, só James, como era carinhosamente chamado pela dona. Nome esse, tirado de um livro de aventuras que Jeongyeon leu quando criança, segundo ela mesma. As garotas entraram e Jeongyeon avisou que esquentaria uma sopa de verduras e frango que fez pela manhã, poderia ser verão, mas ainda era frio à noite e pela manhã cedo. Não demorou para todas estarem à mesa comendo e conversando, enquanto Jihyo reclamava da fome que estava. Logo, as cinco haviam terminado de se alimentar e Sana foi ajudar Jeongyeon com a louça.
- Não precisava vir, vocês são visita.
- Eu faço questão, estamos incomodando você, era o mínimo que poderia fazer. E me perdoe pelas mal educadas. - Jeongyeon riu. - Ahm... Aquela mulher, que estava no palco onde acontecia aquela peça mal feita, por acaso, era a princesa? - Assentiu com a cabeça. - E você sabe algo sobre ela?
- Bem, seu nome é Kim Dahyun, filha mais velha do rei, ou seja, herdeira do trono, e irmã de Son Chaeyoung. Ela deve ser ligeiramente mais nova que você, é inteligente, destemida e sonhadora. Seu pai já tentou casa-la algumas vezes, mas ela sempre arranja um jeito de acabar com as coisas e diz que quer reinar sozinha.
- Uau, você sabe bastante sobre ela.
- É, eu acho que sim. Eles não gostam muito de mim e nossa relação não é tão boa, então, isso é tudo que sei.
- Como assim "não gostam" de você?
- Terminamos! - Diz, enxugando as mãos num pano. - Me ajuda a pegar um colchão que está no meu quarto?
- Claro... - Sana achou estranho a mudança súbita de assunto, mas não disse mais nada.
Chegaram na sala com o colchão, travesseiros e lençóis, para acomodar as hóspedes. A ruiva jogou o colchão no chão e se pronunciou:
- Eu que trouxe, eu que durmo nele. - Foi respondida com um "Ahhh" das outras três, o que fez Yoo rir levemente.
- Desculpem, eu queria ter como acomodar melhor vocês. Não costumo receber gente então, isso é tudo o que eu tenho.
- Não se preocupe, já está fazendo muito por nós, acredite. Promero te reconpensar de alguma forma um dia. Obrigada. - Jeongyeon sorriu com as palavras de Minatozaki.
- Agora, se não se importam, vou me recolher. Uma boa noite, até amanhã. - Se retirou, indo em direção ao seu quarto.
Um tempo depois, as quatro já estavam devidamente arrumadas e prontas para dormir. Momo insistiu tanto, que Sana deixou que ela dormisse junto a si, agora ela se encontrava agarrada ao corpo da prima, como um bicho-preguiça, debaixo da coberta que ambas dividiam. Já Jihyo e Mina, compartilhavam o sofá, relativamente macio, de Jeongyeon. Mina com a cabeça sobre o travesseiro posto no braço do móvel, e Jihyo, apoiando a sua sobre o quadril da mais nova, cada uma com uma coberta.
- Você já tem idéia de como pôr seu plano em prática? - Perguntou Mina.
- Pra ser bem sincera, não. - Respondeu, olhando para o teto e mordendo o lábio inferior, o braço direito por cima da testa.
- Se eu soubesse que você não sabia como fazer metade do seu plano, não teria deixado nem você pôr o pé fora daquele quarto. - Park disse, num tom repreendedor.
- Tô começando a reconhecer que, talvez, você tenha algum tipo de problema. - Momo se pronunciou, de olhos fechados. Ela não tem medo do perigo.
- Mas eu tenho uma idéia, veneno. - Dois olhares confusos vieram do sofá. - Digo à Jeongyeon que vi alguma praga por aqui e pum! - Bateu o punho contra a palma da outra mão. - Temos um veneno.
- Sempre me espanto com a sua simplicidade. - Brincou Myoui.
- Mas sempre da certo.
- Vamos dormir, por favor. - Resmungou Hirai, afundando mais o rosto no travesseiro, que também dividia com Sana, e se aproximando mais da outra por conta do frio. O pedido foi atendido e, rapidamente, as respirações suaves e compassadas, em meio a sonhos e leves grunhidos, tomaram conta do cômodo escuro.

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Queen ~ Saida
FanfictionJá pensou em perder seus pais no dia do seu aniversário? Pois é, foi por isso que Sana passou. E, o que ela mais queria agora, era vingança, porém, Dahyun era o maior dos seus obstáculos. Um assassino pode se apaixonar por sua vítima? 🏅#48 - saida...