Conversas

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As horas passaram voando e, num piscar de olhos, já era noite. Tudo estava muito silencioso, Dahyun não se incomodava nem um pouco, odiava muita agitação, quando daquele jeito, podia se perder nos mais profundos pensamentos, e era o que ela estava fazendo. Queria entender quem era aquela garota e, ainda mais, por que ela lhe chamava tanto a atenção e lhe causava tantas coisas. Estava tão absorta em sua própria mente, que nem percebeu quando Chaeyoung entrou no quarto sem nem bater. Andou vagarosamente e se jogou na cama por cima de Dahyun, Kim não ficaria em paz por mais um tempo.

- Onde estava antes de aparecer no camarim? - Perguntou assim que sentiu o peso da irmã sobre suas pernas.

- Dei uma volta à cavalo com Yeri. - A garota era uma de suas amigas de infância.

- É perigoso sair para o campo assim, desse jeito, Chaeng. Sozinhas, vocês não têm como se proteger.

- Eu não sou mais criança, Hyun, sei me cuidar. - Pensou um pouco. - Na verdade, eu vi alguns guardas patrulhando um pouco distantes de nós, tinham cara de serem perigosos mesmo, pareciam ser do reino vizinho. Mas, enfim, o que estava fazendo?

- Pensando.

- Eu sei, duh. Queria saber no quê.

- Que interesse é esse? - Chaeyoung a encarou. - Ok, coisas de hoje mais cedo.

- Especificamente?

- Na peça, claro. - Mentira. - No que mais? - Na garota ruiva, ué.

- E eu que vou saber, e, aliás, ainda pensando nisso? De verdade, não sei o que eles ganham para puxar tanto o nosso saco. Quer homenagear? Ótimo, vá em frente! Só não nos chame a todo momento para presenciar uma encenação de nossa própria história. Daqui a pouco, vão reproduzir até como o óvulo foi fecundado e gerou nosso tataravô! - Dahyun riu.

- De onde tira essas coisas? Ia pedir pra ser menos rabugenta, mas é verdade, vou pedir a proibição disso por um certo tempo.

- Faz muito bem. Ah, Nayeon chegou, passou direto para o quarto. - Falou, com certa falta de interesse.

- Por que não me disse antes, Toco? - Levantou-se rapidamente.

- Não me chame assim! O que vai fazer lá? - A maior saiu do quarto. - Vai me deixar falando sozinha? - Sem resposta. - Ahhh!

Dahyun andou até o quarto da prima a passos rápidos, parando bem na frente da grande porta de madeira escura no fim do corredor, queria saber o que se passava com ela.

- Nayeon? - Deu três toquinhos na madeira e esperou a reposta, quando ouviu a voz da outra, entrou. Im estava sentada sobre os lençóis grossos, o olhar, antes mirado para a janela, agora fitava a outra. Dahyun se aproximou até se sentar na beirada da cama, de frente para ela.

- Você está bem? - Ela assentiu com a cabeça. - Onde estava esse tempo todo? Fiquei preocupada.

- Por aí. 

- "Por aí" tem nome, mocinha. 

- Não finja que se importa, eu sei que não. - O leve sorriso no rosto de Dahyun morreu.

- É claro que me importo. - Silêncio. - Achei que te veria na peça hoje.

- O que eu faria lá. - Falou num tom de riso, um arzinho saiu de seu nariz.

-  É sobre a sua família. 

- Eles são sua família. Não tenho nada a ver com isso.

- O que? Não! Você é da família, claro que é. 

- Não, não sou. - Im se alterou. - Essa é a história sobre o seu avô, o seu pai, é sobre você. Como os seus antepassados conquistaram esse lugar, como vocês venceram guerras. Não sei onde me encaixo nessa história, pois, como me disseram uma vez, "eu sou apenas a filha de uma tia distante morta". - Sua voz carregava mágoa e ressentimento, ela ainda sofria com isso.

Queen ~ SaidaOnde histórias criam vida. Descubra agora