But then I read your face and your lips were spelling grace
And it's alright, it's alright, it's alright
And we were face to face as their tears put out the flames
And it's alright it's alright it's alright
Water Over Fire - Roo Panes

Manuella Mondel

Em pouco tempo eu teria uma panturrilha mais forte que a outra por balançar a perna direita assim. Mas o que eu podia fazer?

Eu iria me casar. Em menos de duas horas.

Panturrilhas desproporcionais era o menor dos meus problemas.

No topo desta lista estava uma casamento com um homem que eu conhecia a poucos meses e obviamente não me amava, o que em certo ponto era um conforto. Logo depois, havia minha mãe enfurecida por eu ter avisado que iria me casar na manhã do meu casamento. Dizer que seria apenas para assinar os papéis e acelerar o meu processo de visto, e que ela viria a festa que ocorreria em dois meses, não ajudou em nada. Me pus em pé.

Nada como se casar do outro lado do continente para despertar a fúria de uma família.

Eu realmente não queria ver a reação do meu pai quando soubesse. Meu estômago afundou. Eu mal havia conseguido comer o dia inteiro, e não por falta de opções. 

Você assinou um contrato, você vai fazer isso.

Você assinou um contrato, você vai fazer isso. Era o mantra que eu repetia para mim mesma enquanto me encarava no espelho. 

O vestido branco que Alice escolheu era lindo, curto, com flores em tons de rosa estampadas na barra, fazendo um desenho intrincado na parte rodada. Eu parecia uma noiva, mas com certeza não me sentia como uma.

Mas meus sentimentos não importavam agora.

— Uma mulher deve fazer o que ela deve fazer — falei com mais firmeza do que sentia para Akon, que estava deitado no chão, me observando a uma curta distância.

Akon foi uma surpresa maravilhosa. O pastor alemão que chegou todo machucado no abrigo era muito arisco, mas o conquistei. E a cada dia que não podia levá-lo para casa era motivo de tristeza. 

Quando ele foi adotado, meu consolo era que tivesse encontrado um lar. Um lar que eu nunca imaginei pertencer a Tristan Prescott.

Controlado e comedido como o homem era, imaginei que se tivesse um animal de estimação, seria um peixe. Mas, a cada dia e conversa ele revelava mais um lado. Prescott não era simples, tinha muitas camadas.

Como uma cebola.

Ri sozinha pensando em como ele franziria a testa ao ser comparado a um vegetal.

Cristo, o vegetal seria meu marido.

Talvez eu não estivesse fazendo muito sentido, mas me reservava esse direito no momento.

Percebi Alice me observando da porta do quarto onde eu me arrumava.

— Eu deveria seguir carreira… — ela suspirou observando o visual que ela havia sido responsável.

— Satisfeita com seu trabalho?

— Totalmente… só seria melhor se fosse um vestido de noiva de verdade — fiz uma careta.

— Vamos manter as coisas mais simples hoje.

Ali assentiu em concordância, apesar de um pouco contrariada. Eu tinha muito a agradecer. Depois de recusar a ir em um cabeleleiro novamente em menos de dois, três dias, Alice agiu como minha fada madrinha, entendendo que eu só poderia me manter como a noiva feliz pelo mínimo de tempo possível.

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