Jigsaw falling into place
So there is nothing to explain
You eye each other as you pass
She looks back, you look back
Not just once
Not just twice
Wish away the nightmare
Jigsaw Falling Into Place - Radiohead

Tristan Prescott

As portas do elevador se abriram mostrando a bela recepção do escritório de Byron. Dei apenas um aceno em direção a secretária, ela já tinha me visto alí vezes o suficiente para me deixar passar sem avisar seu chefe.

Sendo a minha própria empresa uma firma de advocacia, era comum que empresários se perguntassem por que meu advogado pertencia a outra. Bem, advogados não se defendem sozinhos em tribunais e médicos têm um pediatra para o seu próprio filho. Seguindo a mesma linha... uma segunda opinião era sempre importante.

Caminhei pelos corredores sem parar para cumprimentar as pessoas. Eu não convivia com a maioria fora daqui e hoje havia um motivo maior. Independente de todo meu autocontrole e o fato de eu dizer a mim mesmo que estava tudo bem, eu estava nervoso.

Pude admitir a mim mesmo, depois de mal conseguir trabalhar ontem a noite.

Esse era o limbo. Entre o problema e a solução. Entre a possível dor de cabeça e a resolução dos meus problemas. Por mim apenas, teria feito Manuella Mondel assinar aquele contrato no sábado de manhã, mas sabia que não seria justo. E agora esperaria. Só estaria realmente tranquilo depois daquele contrato assinado, ou melhor quando estivesse com a certidão de casamento em mãos.

Dei três batidas na porta do escritório, antes de entrar.

— Sabe, eu fiz uma aposta comigo mesmo de quanto tempo antes você chegaria... — Byron Horton levantou as sobrancelhas atrás de sua mesa de mogno.

Com mais de um metro e noventa de altura, sempre achei que ele parecia um pouco deslocado em um escritório. Sua estrutura passaria facilmente por um atleta. Mas ele havia se tornado um ótimo advogado, e isso ninguém poderia refutar.

— E você ganhou? — Retorqui, dando um sorriso de lado, arrumando minhas abotoaduras.

— Não... Você chegou mais cedo. Por que não estou surpreso? — voltou a mexer em alguns papéis em sua mesa.

— Gosto de estar um pouco adiantado — expliquei caminhando até a janela e colocando as mãos nos bolsos. Byron tinha uma ótima vista do Rio East, Muito mais tranquila que a minha, do centro de Manhattan.

— Sim, claro. Dez minutos, não trinta e cinco — sua voz destilava ironia.

— Precisa de algo antes de começar? — Perguntei desviando da observação e pensado em fazer algo para o tempo passar mais rápido.

Enquanto eu me sentava em uma cadeira confortável em frente sua mesa e arrumava minhas abotoaduras novamente, ele semicerrou os olhos divertido, demonstrando que percebera o que eu estava fazendo.

— Eu tenho uma reunião rápida agora, mas pode esperar aqui, como sempre. E antes de começar preciso da sua noiva presente — indicou enfatizando a palavra e eu acenei.

Ele pegou uma pasta e um tablet, e deixou a sala sem mais delongas. Já estava habituado ao local, então não foi nada diferente quando levantei e peguei uma garrafa de água em seu frigobar, e voltei a observar a vista.

Simplesmente ComplicadoOnde histórias criam vida. Descubra agora