A MALDIÇÃO DA ÁGUIA

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O Sr. Antony amanheceu cansado, apesar dos comprimidos amarelos, barbitúricos que tomava antes de dormir, não teve uma boa noite de sono. Isso ocorria algumas vezes e ele ia para fora na madrugada, ficar sentado na varanda olhando o mar e escutando o barulho das ondas, indo e vindo. Apesar da brisa fria, ele suava e tinha alterações cardíacas. Ficava assim, respirando fundo e quando parava estes sintomas, acendia um cigarro. Sentia dores abdominais, e um gosto amargo na boca. Seu fígado estava sendo atacado pelos barbitúricos.

Quando fechava os olhos, escutava os canhões, os gritos dos companheiros pedindo ajuda e ele pulando... Caindo dentro de uma trincheira, de costas para arames farpados que entraram em suas costas, mas foram menos doloridos do que as granadas dos inimigos caso o atingisse...

Voltou para dentro de casa um pouco mais calmo, deitou-se e tentou dormir, faltavam poucas horas para amanhecer.

Ed acordou primeiro, passou pelo quarto do pai e deu três toques como fazia antes de ir para o banheiro. Seu pai levantou e foi direto na cozinha fazer um café, e também fazer uns ovos mexidos, estava com fome naquela manhã.

̶  Pai, hoje vou levar o caminhão e você vai de lambreta, o que acha? Ed pegou as chaves e ficou balançando no ar.

̶  Só acho que já tenho problemas demais... mais um o que é que tem não é mesmo?   ̶  Disse em tom de brincadeira, mas é claro que ele se preocupava.   

 ̶  E você já mostrou que conduz bem nosso pesado Peterbilt, acho que ele já te conhece, faz parte da família. E se você quer pilotar máquinas voadoras, comece com o Peterbilt mas não voe, pra isso existem os aviões. Vá! pode levar nosso pesado. Eu vou com a pequena lambreta.

Ed sentia-se como se estivesse em um tanque na cabine do Peterbilt. Dizia para si mesmo que não iria fumar, assim como sua mãe não gostava deste hábito, mas não reclamava da cabine cheirando tabaco, talvez porque também era o cheiro de seu pai.

E foram pela estrada, seu pai o ultrapassava, era uma mosca na estrada perto do Peterbilt. Ed ia acionado a buzina, que mais parecia o som de um navio transatlântico.

A Vila Operária de Smyrna ficava silenciosa após às 9:00 horas. Todos na vila saiam bem cedo para estarem nas fábricas, restando as donas de casa, que estendiam suas roupas no varal de frente para a praia, atrás de suas casas.

O carro dos investigadores estava estacionado na entrada da rua, seguiram pela praia andando por detrás da casa. Entraram pela varanda e não precisaram forçar a porta, a chave mestra facilitou o trabalho.

̶  Fique aqui só por precaução, e fique atento.   ̶  Disse um dos agentes já dentro da casa, passando pelo corredor e indo direto ao quarto do Sr. Antony.

Abrindo a armário logo viu o uniforme militar.  

 ̶  Mas que interessante... Isso não constava em sua ficha de cadastro na Norton.   ̶  Com a ajuda de um banco, subiu para alcançar uma caixa sobre o armário e pôs tudo sobre o criado-mudo.  

 ̶  Quantas honras nosso soldadinho teve... Medalhas, "Condecoração por Ato de Bravura"...    ̶    Fechou a caixa e foi direto abrir o criado mudo, puxando a gaveta um objeto brilhoso chamava a atenção.

̶  Ora, ora... essa águia veio voando, voando e veio fazer um ninho perto da praia. Acho que o dono dela vai gostar de revê-la...    ̶   Colocou em seu bolso a insígnia da SS e saiu.

Deram a partida no carro e tomaram o rumo da Base Aérea. Aquela descoberta naquela manhã deixaram os investigadores intrigados. O que encontrou a insígnia foi sarcástico:

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