NUVENS NEGRAS

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Ed terminou o serviço na sala de manutenção, trocou de roupa e avisou a Andersen que o gerador estava pronto para uso.

̶  Andersen, preciso sair mais cedo hoje. Vou ter que ajudar meu pai numa tarefa com o caminhão, acho que é com o motor. O gerador da loja voltou a funcionar.

No caminho as conversas que tinha ouvido davam voltas e voltas em sua cabeça, seu coração estava acelerado, assim como sua lambreta.

Avistou seu pai, fazendo as manutenções preventivas no caminhão. O Sr. Antony estava olhando para dentro do motor quando Ed parou a lambreta como um relâmpago ao seu lado, assustando seu pai.

̶  Ed!! Mas o quê...Há sim! já vi este filme antes...   ̶  Ele ajudou Ed a estacionar a lambreta. 

 ̶  Seja o que for filho, respire e mantenha a calma.

̶  Doutor Kurt!... Aquele broche da águia era dele, você sabia!? você sabia!?

O Sr. Antony olhou ao redor e pegou Ed pelo braço. Entraram rapidamente em casa e ele foi direto para o seu quarto abrindo o criado mudo.

̶  Você pegou o que estava guardado aqui?! Pegou?!

̶  Não pai! Eu tinha visto o broche mas o coloquei de volta, preso ao seu chapéu!

Não precisava explicar. O Sr. Antony já sabia que tinha sido alvo de investigação. Chegou a hora, mas não pensava que seria tão rápido. Ele precisava agora pôr em prática seu plano de ação naquele momento.

̶  Escute Ed, gostaria de lhe explicar todos os detalhes sobre o que está acontecendo, mas agora não há mais tempo. Precisamos deixar a casa e partir urgente! E tem que ser agora! Pegue a sua mala, eu a deixei pronta com roupas e também deixei dinheiro. Você também vai encontrar o número do telefone de Mark Andrews, ele vai tirar todas as suas dúvidas, e poderá lhe ajudar.

Aquela situação veio como um terremoto na vida de Ed, estava sem chão. Precisava fugir, mas por quê? Estava tudo indo bem com seu trabalho, em sua escola e além do mais, New Smyrna era um lugar muito acolhedor. Mas Ed confiava em seu pai, que sempre o levou a fazer as coisas certas.

̶  Estou lá fora lhe esperando. Pegue suas coisas que iremos partir, vou ligar o caminhão.

O tempo não estava bom. As nuvens estavam se formando e indicavam que haveriam fortes chuvas. O céu estava carregado e já se escutavam estrondos ao longe, logo ela chegaria.

Ed foi ao seu quarto e pegou as poucas lembranças deixadas por sua mãe para levar consigo, pegou sua mala e saiu. Seu pai deu a partida no caminhão e foram pela estrada, a chuva começou a cair pesada naquele fim de tarde.

̶  Para onde vamos pai? Já que estamos em fuga, há algum lugar em mente?

̶  A intenção é irmos para o mais longe possível de Smyrna. Já não há mais lugares seguros. Pretendo conseguir entrar com recursos de proteção à testemunhas. Vamos ter que mudar tudo. Em breve teremos tudo de volta, por enquanto a intenção é fugir e fugir. Mas que chuva Ed!

Eles estavam indo em direção a Miami. Pegariam um voo para Los Angeles para se encontrarem com Mark Andrews. Provavelmente poderiam até mudar seus passaportes e seguirem para outro país, devido a ameaça presente.

O Sr. Antony saiu da estrada e seguiu por outra via, então percebeu que estava sendo seguido. O Studebaker também virou na mesma via, era o carro dos investigadores.

A certa altura da estrada iria precisar abastecer de combustível em algum posto.

̶  Ed, quero que faça exatamente tudo que eu lhe disser. Estamos sendo seguidos, está vendo o Studebaker? Está nos acompanhando desde Smyrna.

O ANJO DA UTIOnde histórias criam vida. Descubra agora