Hero

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-Eu vou levar a Sophie num psicólogo Hero, ela não… reage - assinto -preciso fazer algo pra ajudar minha filha. 

-Ela ainda não tocou na comida? - Ela faz que não, suspiro triste,  faz dias desde que tudo aconteceu, desde esse dia Sophia não sai do quarto, não quer comer, não fala com ninguém e chora na maior parte do tempo, quando não está dormindo, algumas vezes ela tem picos de ansiedade e não consegue ser tocada por ninguém, como se a ideia fosse insuportável pra ela,ser tocada por alguém, o estrago que aquele filho da puta fez com ela… dá vontade se ir na cadeia só dá uns murros nele! - Posso tentar falar com ela? 

-Não vai adiantar querido, ela não sai debaixo da coberta se eu não for lá para dar banho nela, ela não se levanta - faz uma pausa - a minha filha precisa de ajuda, aquele desgraçado… - a abraço e ela chora copiosamente, em todos esses dias ela se manteve forte, mas sabia que o muro ia ruir, eu mesmo já tive meu momento de explosão por conta do que aconteceu, segundo Ben, Nate vai pegar uns bons anos de cadeia, foi pego em flagrante e não é a primeira vez que é detido. 

Passo as mãos pelas costas de Marly que soluça. Escuto a porta dá frente batendo e Davi chega e assume meu lugar, confortando sua esposa. 

Aproveito a deixa e subo para ver Sophie. Quando entro ela está sentada na cama com os braços envolta das pernas, ela está com uma calça de moletom e um moletom, com a cabeça nos joelhos e lágrimas escorrem pelo seus rosto. Eu não aguento mais ver ela assim, a garota cheia de vida, alegre, agora está aqui escondida dentro de um quarto escuro, debaixo de um edredom e roupas compridas. A garota que amava andar por aí e encontrar os amigos, é a garota que não fala com ninguém mais, que passa seus dias olhando para a TV desligada do quarto, num silêncio absurdo. 

-Sophie, sou eu - ela abre os olhos mas não me encara, fita a TV, esperando eu falar - eu trouxe donuts, você quer? - Ela pisca, se fechando mais, coço a cabeça, eu sinto falta da Sophie. 

-Sua mãe me disse que vai começar a procurar um psicólogo pra você, isso vai ser muito bom, você vai poder colocar esse sentimento todo pra fora -Ela não diz nada apenas pisca para a TV desligada -Olha, você precisa comer Sophie, é a sua saúde eu… sei que é difícil… -merda- na verde eu não faço ideia de como é…Mas eu quero te ajudar, quero te ajudar a passar por isso , mas eu preciso que você me ajude também, só come um, por favor, eu juro que paro de encher o saco - Aproximo a caixa dela que desvia sua atenção para a caixa do seu lado, parece ser um esforço muito grande tudo isso e ela parece exausta, mas não pega a comida. Suspiro frustrado. Pego a caixa de volta e continuo sentado fazendo companhia a ela, mesmo que Sophie não me queira aqui ou que esteja perdida em si mesma. 

-Eu tô aqui Sophie, quando e pro que você precisar, eu tô aqui - digo e ela se vira de costas pra mim, deitando na cama. 

Marly me aborda no corredor de sua casa alguns dias depois

-Hoje vamos levar ela no consultório da doutora Ray, seria bom que você fosse querido… só… só se você se sentir à vontade… -Passo a mão rosto pensando a respeito

-Não sei se ela ficaria confortável com isso 

-Você é a pessoa que ela mais fica confortável perto, quando eu chego no quarto ela fica tensa Hero, o pai dela nem se fala, ela começa a chorar… você é a única pessoa que ela consegue ouvir, mesmo que não responda ou demonstre alguma coisa, ela sabe… Ela sente que pode confiar em você querido…Se você fosse conosco ela poderia se sentir mais segura 

-Certo, tudo bem, eu vou! Vocês vão agora? - Pergunto franzindo o cenho, ela faz que sim. 

-Sim só preciso pegar os documentos da Sophie e vamos - ela entra no quarto e deixa a porta aberta, eu entro e vejo Sophie com outra roupa, de cabelo molhado, sentada na ponta da cama imóvel e com o olhar perdido, tento chegar o mais próximo possível e me agacho a sua frente , ela nota minha presença. 

-Sophie, hoje o dia está lindo, parou de chover e tá fazendo sol- faço um apanhado do clima para falar a ela, já que a janela nunca é aberta e ela não sai do quarto, então sempre que venho aqui digo como está lá fora-, mas mesmo assim está frio, que bom que você está preparada pra sair no frio...- sinalizo para sua roupa - Eu vou com vocês, para a consulta… -E é aí que acontece, depois de semanas ela olha diretamente para mim, com seus olhos grandes cor de caramelo, sem o brilho que estava acostumado, mas isso mexeu com ela de alguma forma. 

Little Daughter [Conto]Onde histórias criam vida. Descubra agora