Capítulo XIII

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Aisha Radjaram

Inseminação Artificial.

Essa expressão fervilhava em minha mente, e eu não tinha ideia do que poderia significar para mim.

Já são 03:00a.m e eu não consegui pregar o olho. Aquilo estava me incomodando, e eu precisava resolver isso.

Para isso, eu teria de ir até o quarto no térreo e pedir emprestado o computador de Bernard. E eu tinha apenas duas opções para fazer isso: eu poderia entrar, acordá-lo e pedir seu notebook emprestado, e com certeza ele me cederia. Mas, isso resultaria em alguma conversa estranha para a qual eu não estava preparada emocionalmente para dar continuidade. A segunda opção era a que me parecia ser a mais sensata: entrar furtivamente lá dentro e simplesmente pegar o computador "emprestado"; seria mais fácil, rápido e simples. A convivência com Anippe me preparou bem para essa ocasião, penso, e me preparo para colocar em prática minha ideia.

Vou até o guarda roupa, pego um moletom escuro, o coloco por cima da minha camiseta e subo meu capuz. Claro, eu não estaria camuflada como Anippe, mas tenho certeza que com um pouco de agilidade eu poderia fazer isso com tranquilidade.

Desço a escada na ponta dos pés, e tento adaptar minha visão a escuridão do lobby da sala. Passo pela cozinha em silêncio, e atravesso a grande sala de jantar em direção a porta do quarto de Bernard. Antes de chegar à entrada, eu me bato em uma banqueta e deixo soltar um gemido de dor.

Respiro fundo e paro por um segundo.

Silêncio.

Sigo meu caminho nas pontas dos pés, seguro a maçaneta da porta com cuidado e a viro. Claro, ele não tranca a sua porta. Abro-a devagar, segurando a respiração, e o vejo deitado na cama com um enorme edredom cobrindo todo seu corpo. Localizo o notebook em cima de sua escrivaninha e vejo que minha missão será dificultada por uma enorme pilha de dispositivos que estão jogados no chão.

Ele poderia ao menos ter tirado toda essa tralha do meio antes de dormir, penso.

Na metade do caminho o silêncio é quebrado pela sua voz suave e embargada.

— Aisha...

Ops!

Fecho os meus olhos, me preparando para ser pega no ato, e quando sinto que se passaram alguns segundos sem nada acontecer, volto a abri-los vejo que ele continua dormindo imóvel, assim como quando entrei.

Consigo passar por cima da enorme pilha de bugigangas estranhas e pego o pequeno computador, o coloco debaixo de meu braço e refaço meu caminho de volta.

A salva, já em meu quarto, fecho bem a porta e ligo o aparelho.

Eu nunca usei um troço desse antes, mas passei vários dias vendo Bernard manuseá-lo e tento imitar exatamente o que ele fizera da última vez que o vi usar.

Aperto o botão redondo e ele liga. Vejo a tela inicial e aperto uma tecla que lembro bem de vê-lo utilizar, e reconheço os pequenos ícones da tela. Clico onde julgo ser a ferramenta de busca, e em uma pequena barra eu digito as palavras que estão tomando conta de meus pensamentos desde que voltamos do encontro com Thalia.

Inseminação Artificial.

Em meio segundo a tela é tomada por uma enxurrada de informações.

A inseminação artificial, também conhecida como inseminação intrauterina (IIU), é uma técnica de reprodução assistida em que o sêmen é depositado diretamente na cavidade uterina da mulher durante o período fértil, aumentando assim as chances de conceber uma gravidez; ou, ser inserido para gestação externa em um útero artificial.

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