VII: Perdas e cartas

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" — Quanto tempo é de viagem? — perguntei, observando Gwen colocar mais um par de meias coloridas na bagagem

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" — Quanto tempo é de viagem? — perguntei, observando Gwen colocar mais um par de meias coloridas na bagagem.

Ela não mudava nunca.

Nem sob os protestos dos outros que achavam seu comportamento inadequado para a adulta que ela tinha de ser agora.

— Algumas horas, talvez um ou dois dias. — disse.

Eu via ela encher uma segunda mala de brinquedos que, eu sabia, ela distribuiria entre as crianças da ala hospitalar quando chegasse. E mesmo nós dois tendo a consciência de que ela não ficaria lá, ela insistia em não permitir que sua estadia passasse em branco.

— Porque não deixa eu te ajudar a arrumar tudo isso? São muitos brinquedos, você não pode carregar todos eles sozinha. — eu me preocupava que ela estivesse se cansando sem necessidade.

— Não é muita coisa. — justificou. — E ainda tenho braços e pernas que funcionam muito bem sozinhos, obrigada.

Ela me deu um sorrisinho cínico. Eu não me cansava deles, de nenhum deles na verdade. Daria um replay na minha vida inteira para poder guardar cada um dos sorrisos que ela direcionou a mim, e guardá-los comigo.

— Então me deixe ajudar em qualquer outra coisa. — pedi, me sentindo um idiota por vê-la fazer as coisas sem fazer nada para tornar os seus fardos mais leves.

— Não tem o que ajudar, bobinho. — falou se aproximando de mim, que estava apoiado no batente da porta. — A menos que você seja mágico e eu não saiba. Acho que só com magia para arrumar todo esse caos. — apontou para o próprio quarto, uma completa zona, como diria minha mãe.

— Nem comece com essa história de magia. Daqui a pouco você tenta passar vinagre em mim de novo. — chiei e Gwen deixou escapar um risinho.

— Não se preocupe. Eu não vou te enlouquecer, Lipe. — ela disse entre risos, fazendo piada dos meus atos falhos.

Era um fato, eu sempre errava quando o assunto era me expressar para ela com as palavras. E eu não tinha escapado disso desde que nos conhecemos e até no pedido de namoro que tinha feito a ela. Ainda depois de um ano, Gwen gostava de lembrar o quanto eu falhei em fazer um pedido decente. Contudo ela tinha aceitado.

— Vai ficar com essa cara de inconformado? — perguntou.

Abri um sorriso para ela com uma ideia em mente. De surpresa, comecei a fazer cócegas nela, convenientemente ela sentia cócegas muito facilmente. Ela tentou escapar, soltando gritinhos agudos e se afastando de mim. Mas eu fui mais rápido e a alcancei a tempo de segurar em sua cintura.

Com a minha falta de jeito e a dela, no meio da brincadeira caímos no meio de toda aquela bagunça de roupas pelo chão.

— Você é maluco, Felipe! — dizia rindo e tentando se soltar.

Carta ás estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora