Capítulo 18

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Hinata tentou convencer o primo a desistir dessa viagem, ainda no momento tão frágil do Clã, de como isso poderia ser perigoso para ele. Mas Neji garantiu a prima que sempre se manteria em contato e teria cuidado em seu caminho, com isso ele pegou sua bolsa e se despediu. Era cedo da manhã, o dia do grande festival antes do Exames Chunins estava bem perto.

Ele tinha se esquecido ou por conta dos cabelos cumpridos, as manhãs em Konoha eram frias e refrescantes. Parecia ser muito triste ter que deixar o lar, mas ele guardava aquela caminhada tão simplória como uma doce lembrança. Neji não tinha certeza se um dia voltaria, aliás, não tinha nada ali que ele pudesse afirmar ser dele.


Finalmente na entrada do prédio ao qual seu amigo e paixão de longa data morava, aquela ideia de ir falar com ele parecia errada. Pensou em desistir e simples ir embora, mas aquela culpa ainda martelava em seu peito. Respirou fundo e começou a subir as escadas, cada passo parecia pesado e continuou sua jornada, ao chegar em frente a porta hesitou e fechando seus olhos ele bateu. Começou a orar para que Rock Lee tenha saído de casa, mas a porta foi aberta e a expressão de seu amigo era indecifrável.

--Oi.

--Oi.

Eles ficaram se encarando por alguns minutos.

--Podemos conversa? - Neji sentia seu peito sufocar, como se uma mão estivesse apertando um dos seus pulmões.

Lee lhe deu passagem e ele ficou olhando a casa, tudo tinha mudado muito rápido. A casa de Lee tinha muitas mais coisas.

--Quer beber algo? - Ofereceu seu amigo, afim de quebrar aquele silencio.

--Só água, por favor. - Ele não tinha necessidade, mas sentia sua boca seca.

--Por favor, se sente. - Lee lhe entregou o copo e seu coração lhe dizia que Neji precisava de ajuda. Então tentaria o deixar mais confortável para iniciar a conversa.

Neji respirou fundo e disse:

--Quero me desculpar, pelas coisas que disse e por te bater. Com a sua revelação meus sentimentos estouraram e não medi minhas palavras. Espero ainda poder fazer parte da vida de Metal.

--Você ainda pode ser meu amigo também.

Neji não se sentia totalmente bem em relação a Rock Lee, mas saber que ainda poderiam ser amigos lhe trazia um certo alivio, como se aquele aperto tivesse afrouxado.

--Isso me deixa feliz, mas por enquanto vou me manter afastado. Sei que Gaara pediu uma segurança extra para Metal. Fiquei aborrecido por você ter concordado.

--É meu filho, sua segurança vem em primeiro lugar.

--Eu sei. Também faria o mesmo. - Disse constrangido. --E isso me deixou feliz, ele não está só pensando em uma relação passageira.

Ambos ficaram em silencio por alguns minutos, Rock Lee em breve tinha um compromisso, mas não queria dispensar o amigo.

--Onde você esteve esses dias? E o que aconteceu com você? E com o seu cabelo? - Neji sorriu mínimo para seu amigo, Lee não sabia fazer uma pergunta por vez e com calma. Ele sentiria falta disso.

Neji riu e por fim respondeu:

--Ontem fui para casa. Contei toda a verdade para TenTen, contei para o Conselho e o chefe da família Hyuga. Estava pronto para encarar as consequências, pensei que minha punição seria a morte, mas fui expulso. - Ele passou uma mão nos cabelos, ainda era estranho tê-lo tão curto. --Foi TenTen que cortou meu cabelo, ela sabia que me orgulhava de mantê-lo longo. Foi justo.

--E você tem onde ficar?

--Não, mas não se preocupe eu me viro.

--Passe a noite aqui.

--Obrigado Lee, mas já tem um canto ao qual tenho que ir. Vou passar um tempo longe da Vila.

--Acha que esse é o melhor?

Ele já estava de pé, pronto para partir. Depositou o copo na pequena mesinha de centro e voltou seu olhar para o amigo. O amor não correspondido.

--Eu não sei mais acho que será necessário. Não quero mais tomar seu tempo e obrigado por me receber.

--Me mande notícias, seu afilhado e eu vamos ficar preocupados se simplesmente sumir.

Neji guardou aquelas palavras e tentou não criar ilusões. Ele o sorriu e partiu sem dizer adeus.

Depois de sua breve conversa com Lee, ele partiu se sentindo mais pesado, o vento daquele final de tarde estava frio e açoitava sua pele alva desnuda na nuca. Era uma sensação estranha estar de cabelo curto, se sentia exposto como se as pessoas pudessem observar seus pecados. Com uma mochila na mão ele foi encaminhando-se para o centro de jogos da cidade, sua última noite na Vila. 

My Sweet HokageOnde histórias criam vida. Descubra agora