Nossa História Quase Comum

9° capítulo - Babe

  Ah, o banho...
  Eu amo tomar um bom banho.

  Mesmo que eu não esteja tão à vontade, já que esse banheiro se quer é meu. Continua sendo um banho incrível.

  Na minha mente funciona a seguinte ideia: banhos são bons. Lavam o corpo, a alma e até a mente. Mas principalmente o corpo.

  Sejamos realistas e literais, por favor.

  Em suma, este é meu conselho: tomar banho é bom. Tomem banho, crianças.

  É tão satisfatório sentir a água batendo na pele e escorregando pelo corpo todo.
  Desde o ombro até os dedos das mãos. Partindo da ponta do meu nariz e deslizando até meu pescoço e seios... diria que é simplesmente esplêndido.

  Ouvir as gotas caindo no chão e os pássaros do lado de fora da pequena janela que liberava o vapor, era quase anestésico.
  Até o som de falatório do andar de baixo parecia ter diminuído!

  Esse é meu momento. A minha hora do banho.

  Só eu e eu.

  Bem, pelo menos por 2 minutos.

  "Inheee...pá!"

  É o barulho da porta se abrindo e logo fechando, tão rápido quanto foi aberta.

  Não consigo ver quem é, por conta da cortina que separava box do resto do banheiro, mas imagino que a pessoa deva ter percebido a minha presença logo após de uma tosse falsa de minha parte.

   - Me- Me desculpe! Não sabia que estava ocupado! - uma voz masculina e insegura.

  Eu mereço...

   - Só preciso ficar aqui por um tempinho... ou talvez até a festa acabar. - o ouço quase sussurrando a última frase.

   - Ahn... por quê exatamente você tem que ficar preso em um banheiro durante uma festa? - questiono sem me preocupar com o quão invasiva poderia ser aquela pergunta.
  Afinal, ele entrou no banheiro no meio do MEU BANHO... tenho todo o direito de saber o porquê da interrupção do MEU MOMENTO.

   - O-O quê? Ah... - ele limpa a garganta antes de continuar - Digamos que... um amigo meu tem um problema e... - sinto como se ele estivesse procurando as palavras certas - e eu preciso ajudar ele a fugir de uma gangue de adolescentes com raiva.

  Ah. Entendi.

   - E qual o problema? - me chamem de intrometida, mas agora fiquei curiosa pra saber se devo ou não chutar esse garoto daqui.

   - Não sei se eu deveria te contar... - sua voz sai nervosa e eu rio baixo com aquilo. É só um bebezinho.

   - Acho que me deve essa, já que invadiu a minha privacidade e continua conversando com alguém tentando tomar banho...

  Escuto um riso baixo de fundo e sorrio antes de ouvir sua voz outra vez.

  - É, tem razão. - fez uma pausa e eu pude ouvir uma certa movimentação - Bem, esse meu amigo namorava uma menina e foi até a casa dela para esperar enquanto a garota se arrumava. Enquanto esperava, ele foi até o quarto do irmão dela pra... passar o tempo mais rápido.

   - Certo...- já até sei como vai terminar isso...

   - Ele ama muito essa garota, sabe? Tipo, não tem como não admirá-la! É bonita, inteligente, simpática, compreensiva e muito divertida..., porém ele acabou a traindo com seu irmão.

  Sabia.

   - Enquanto esse meu amigo esperava no quarto do irmão da namorada, eles conversaram e tal e quando ele viu, já era tarde. Os dois estavam em um beijo tão... necessitado e bom. James é um cara tão lindo e legal, divertido e mesmo sendo mais velho é descolado e carinhoso! Verdadeiramente irresistível para toda e qualquer pessoa. Com aquele sorriso lindo, os olhos verdes esmeralda, os cabelos quase longos... lindo. - um sorriso parecia se formar em seus lábios enquanto descrevia o rapaz.

  Ok, vamos lá.

   - Então, um grupo de adolescentes--

   - Raivoso. - adiciona antes que eu continue a frase.

   - Isso. Um grupo de adolescentes raivosos, está te perseguindo por você ter pego o irmão da sua namorada?

   - Exatamente.

  Hm.

   - Espera... Não! O que? Foi meu amigo! - diz desesperadamente ao perceber o que havia confirmado.

   - Certo, certo, seu amigo. - se ele quer brincar assim, vamos lá.

  Fecho o registro, afim de não desperdiçar mais água (já que se o fizesse, Ray me mataria), no entanto, permaneço ali, de pé pensando no que dizer ao garoto.

   - Eu diria - começo - que é melhor seu amigo enfrentar os adolescentes.

   - Mas ele tem... tanto medo de apanhar...

   - Ele sabe lutar?

   - Não. - nega parecendo decepcionado.

  Deveria saber ao menos o básico! Fala sério!

   - Bom, então ele deve ir falar com a namorada e resolver tudo isso. - sorrio convencida da solução - Ela sabe da traição ou só os amigos ficaram sabendo?

   - Ela viu e contou aos amigos.

  Oh, coitada.

   - Entendo... - não evito suspirar. Que confusão - Ainda assim, sugiro que ele vá falar com a garota. Ela deve estar bem triste.

   - É, você tem razão. - escuto um suspiro vindo do garoto.

  Ok, linda brincadeira, mas agora preciso saber quem é o abobado que além de entrar no banheiro ocupado, ainda traiu a namorada!

  Logo, pego a toalha e me enrolo na mesma para poder abrir a cortina e encarar o dono da voz e de todo o problema.

  Ele parece baixo, cabelos castanhos e cacheados, usa óculos e parecia roer as unhas, até pouco antes de me ver e arregalar os olhos.

  Espera... É o garoto que vi mais cedo quando subi!
  Aquele assustado no meio do grupo!

  Agora tudo faz sentido...

   - Prazer, Babe. - me apresento estendendo a mão em direção ao menor e sorrindo simpática ao ver seu rosto corar.

   - Tom. - ele segura minha mão e desvia o olhar para o chão rapidamente - Oh, é melhor eu sair pra você poder se vestir, né?

   - É, acho que é melhor.

   - Ok, perdão pela invasão. - após soltar minha mão, Tom se levanta do vaso (Sim, ele estava sentado no vaso esse tempo todo), indo em direção à porta do local - Obrigado pelo conselho.

   - Boa sorte, Tom. - o encorajo e ele sai com um sorriso nervoso nos lábios.

  É, foi uma boa diversão, mas depois de hoje, nunca mais esqueço de trancar o banheiro.

Foi mal pela demora kk ^3^.