Capítulo 10: O bolo que o Diabo assou

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(31.09.2090, 13:05 terra, Apê da Boate)

Eu tinha chegado fazia umas horas já, o Apartamento era o que podia ser descrito como uma bagunça dos infernos, ironia não intencional, tudo por ter uns trinta e poucos, no resto do apartamento tinham pessoas deitadas em todo canto, tinha até um cara que tava dormindo de ponta cabeça, eu acho que pra humanos o lugar estava com um cheiro no mínimo esquisito mas pra mim estava até que bom.

E no fim estava certo de ter comprado umas coisinhas, meu armário da cozinha parecia que diabretes haviam dançado sapateado, sem falar que eu já tinha percebido quando vi que umas mulheres estavam cobertas com cerejas, liquor e calda de chocolate, quase me arrependi de ter ido com a dona de casa lá, mas a coitada tava bêbada demais pra dirigir, e posso ser um demônio mas ainda tenho consciência, a coitada estava tão frustrada, a energia dela ao menos era deliciosa pagando a viagem, sem falar que pelo que entendi, o marido dela não dava prazer nenhum pra ela, não vou negar escutar outra pessoa reclamando de ter se separado é um saco, mas é perca do cara sinceramente.

A noite passada além de ter tido uma ótima refeição, me deu vontade de dar alguma coisa pro pessoal também, então assim que cheguei amassei uns pães, dei umas aceleradas com magia, e voilà o pão que um diabo amassou, quentinho e logo fora do fogo, só o cheiro diabólico e divino foi suficiente para acordar algumas pessoas, que entre muitos elogios e reclamações de dor de cabeça comiam o pãozinho, com geleia, ou em formato de sanduíche, junto com uma discreta magia de cura por baixo só pra ajudar com a ressaca, afinal não é todo humano que consegue curar a própria ressaca, eu não curei completamente a ressaca deles, só diminui o dano causado, vomitar eles não vão, pq minha comida não merece esse destino.

E nisso de povo acordando e se colocando de maneira respeitável, já era uma e pouco, quem sabe uma e seis ou uma e dez, o Li acordou era mais ou menos nesse momento, ainda tinham três pessoas que estavam dormindo bem tranquilas no meu quarto, ele veio andando até a cozinha/sala usando só um roupão dourado, e nesse momento eu já tinha colocado o bolo no forno, o apartamento agora mais se assemelhava com um apartamento, as coisas que eu tinha encantado já começavam a terminar, uma das vassouras encantadas parecia até um rumba e ficava batendo na mesma parede e quase que varrendo o mesmo lugar.

- já disse que essa coisa de magia é muito útil? - o Li disse casualmente, o olhar dele nos sanduíches e nos sucos que eu tinha feito - porque eu sempre me esqueço que você sabe cozinhar? - ele pergunta a si mesmo.

- posso fazer isso que você tá pensando - eu falo tranquilamente - mas o que tá no forno eu fiz pra ficar aqui - eu me viro pegando uma caneca, a jarra de café, e o whisky irlandês mais velho que ele tem - sim eu fiz café - ele olha pra garrafa d whisky e depois pra mim, meio indignado

- garoto - ele olha bem no fundo dos meus olhos - tá querendo minha herança?

- e eu lá preciso - eu falo abrindo o whisky, e colocando num copo pra mim - esse aí é opcional pra você - "não que eu não queira" eu escuto ele pensando - é que você já bebeu suficiente?

- exatamente - ele fala pegando um tanto de café, menos que o normal - você ainda vai me ensinar isso de ler mentes.

- só quando cenouras falarem - eu respondo sarcasticamente - ler mentes não é tão fácil e nem tão bom assim, principalmente se alguém pensa alto demais

- ah, e tem disso é? - ele dá uma mordida no sanduíche - me diz eu penso alto? - o Li pergunta enquanto já começa a tomar um pouco do café

- as vezes, pra ler a sua - eu falo dando uma breve checada no bolo - eu tenho que ler ela por querer, garanto que até aprender pra valer você nunca tem silêncio - ele dá um sorriso de canto de boca.

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