CAPÍTULO 5

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                            DYLAN

O vento frio da noite sussurra através das árvores ancestrais da floresta, carregando consigo o lamento dos espíritos esquecidos. Sinto a sede de vingança pulsando em minhas veias, uma fome insaciável que alimenta minha alma atormentada.

Tudo começou com a perda dos meus pais. Meu pai, um homem admirável e um rei respeitado, foi traído e assassinado por alguém que fingia ser seu amigo. Vi o chão sob meus pés se partir naquele momento, mas encontrei forças em minha mãe. Quando ela também partiu, sua morte abriu um abismo escuro dentro de mim, um abismo sem fim que eu nunca poderia preencher.

A dor me transformou. A sede de vingança me corroeu, modificando minha essência. Tornei-me frio e impiedoso, afastando-me das pessoas que mais amava. Meus irmãos, que antes eram minha razão de viver, agora me viam como um inimigo. Eu sabia que minha transformação tinha um custo, mas a vingança era tudo que me restava.

Para encontrar o assassino dos meus pais passaram virei o vilão das histórias de terror contas a muito tempo.

Juro que tentei sair desse buraco sem fundo, mas não consegui. Tentei com todas as minhas forças, mas foi em vão. Então percebi que não ia conseguir sair dele, e para sobreviver, tive que me adaptar. Adaptar-me para viver na escuridão. Era frio, triste, sem vida, sem cor, sem luz. Eu estava sozinho, com meu pior inimigo: eu mesmo.

Sempre escondi esse meu lado, até dos meus irmãos. Minha mãe e meu pai eram os únicos que sabiam. Minha mãe sempre conversava comigo sobre esse meu lado, como controlá-lo. Nunca soube por que eu tinha esse lado obscuro dentro de mim, esse monstro. Por que não era igual aos meus irmãos? Sempre me questionava isso.

Eu tinha medo que ele saísse, então, com a morte dos meus pais, ele saiu. Tomou o controle do meu corpo. Tentei lutar, mas ele era mais forte. Eu estava cansado, então me rendi. Virei uma pessoa sem sentimentos, egoísta, fria, sem coração, sem escrúpulos e cruel, com sede de sangue e de vingança. Era assim que ele era. Eu não sentia mais nada, nem mesmo pelos meus irmãos. Só sentia ódio, raiva. Nem me preocupava com eles. Se algum deles morresse, não sentiria falta. Não me importaria.

Tudo que eu tinha foi tirado de mim. Meu pai, que era meu alicerce, minha, força, e meu exemplo a seguir. E minha mãe, que foi tirada de mim com seu amor, alegria e carinho. Não tem mas nada disso, nenhum exemplo a seguir, nada para me apoiar, não tenho mais amor, alegria e carinho, me sinto vazio, e perdido.

Tudo que eu vejo a minha frente e que me chama pelo nome, e a morte.

Na verdade, já tentei várias vezes tirar minha vida, mas não consegui. Todas as vezes foram em vão. Na última vez decidi que eu iria parar de ser fraco, e buscar pela morte, naquele momento eu seria a própria morte. Tiraria a vida de cada um que cruzasse meu caminho, até chegar quem me tirou tudo.

Se alguém atravessasse o meu caminho, tirarei as coisas que elas mais amão, que mais importam para elas. Assim como fizeram comigo. Fazeria eles sentirem a dor que eu sentir.

Não me importava com ninguém além de mim e do que quero. Acabarei com tudo e todos que entrarem na minha frente, não me importo com quantas mortes eu tenha que carregar sobre mim, ou que eu tenha que destruir para conseguir o que quero, se tiver que destruir tudo, destruirei, transformarei tudo em ruínas. 

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Hoje acordei com a certeza que estava na hora de pegar o que é meu por direito. Desci para a sala onde estava a Victoria sentada lendo. 

— Bom dia.
Ela disse ao me ver.

Passei por ela sem fala, nem ao mesmo olhei para ela. Todos os dias era a mesma coisa, ela me dava bom dia, e eu dava o meu silêncio como resposta.

Fui falar com o Roberto no Palácio ( O meu Palácio). Quando a minha mãe morreu, ele achou melhor se eu e meus irmãos nos mudassemos para outro lugar. Ele acha que sou burro para pensar que fez isso era para o nosso bem, fez isso para me manter longe, para ele mandar e desmanda como quiser, como se ele fosse o verdadeiro Rei. 

Aceitei no momento porque não era a hora ainda de subir ao trono, eu não estava pronto, mas agora estou, vou acabar com os dias do otário do Roberto de ficar brincando de ser Rei. 

Fui entrando no Palácio até encontrar o Brayn, ele e o chefe exército.

— Brayn, onde está o Roberto?. 
Falei ao chegar perto dele.

— Ele está com o concelho em uma reunião. 

Então fui direto para a sala de reunião, e o Brayn foi me seguindo. 

— Espera! Você não pode entrar aí assim. 

— Não posso? Então fica olhando.

Entrei na sala onde estava o Roberto com o concelho, que era composto pelos vampiros mais experientes e sábios entre os vampiros. Isso é que os outros falavam, para mim era um bando de vampiros velhos decrépitos sentados nas cadeiras falando oque eles acham sobre algumas situações. 

— Dylan, o quê esta fazendo aqui?. Não pode entrar aqui assim, estamos em uma reunião tratando de assuntos muito importantes. 

— Que ótimo, é bom que eu participo. 

Ele olha para mim com um cara de espanto. E começou a ri sem graça olhado para os velhos. 

— Dylan, meu filho, você não pode participar, por favor me espere lá fora irei conversar com você quando a reunião terminar. Brayn leve ele por favor. 

— Nunca mais me chame de filho.
Rosno.

— Eu irei participarei porque eu só o Rei não você, você se lembra que está no trono porque eu na época não queria ser Rei, mas agora isso mudou. 

— Dylan, você é uma criança, não é apto para ser Rei, não tem maturidade. Então saia, antes que eu mande o Brayn colocá-lo daqui para fora. 

Ele chegou perto de mim com aquela soberba que eu ia tira dele com minhas próprias mãos. Então cheguei perto dele e sussurrei para ele.

— Vou te dar até amanhã para você sair por livre espontânea vontade do meu trono e do meu Palácio, se não eu te tiro.

Falei com ele com um sorriso debochado no rosto. 

— Até amanhã, Rei Roberto. 

Fiz uma reverência para ele, e sair de lá já pensado inúmeras maneiras de tirá-lo dali.

Amor milenar - Encontra-meOnde histórias criam vida. Descubra agora