Vas a quedarte
Porque aunque sé que te perdí, yo iré a buscarte
Y sé que no podré dormir hasta encontrarte
Le prometí a mi corazón volverte a ver
- Vas a Quedarte – Aitana
Fazia quase um mês que eles haviam efetuado a prisão dos membros da VILE.
Jules acreditava que teriam mais dificuldade em prender os agentes espalhados, mas Carmem havia construído uma rede muito boa e eficiente de ajudantes ao redor do mundo e quando Zack e Ivy se juntaram a ACME, muitos dos contatos da ladra se aproximaram da agência.
Só havia um problema. Ninguém tinha noticias da ladra vermelha desde então, não os gêmeos, nem Shadowsan e mesmo Grahan já havia deixado claro que não tinha interesse em saber de Carmem. Jules havia tentado todas as alternativas possíveis e sempre acabava no mesmo beco sem saída.
Dessa vez Carmem parecia ter sumido no ar de uma vez por toda.
Júlia havia tentado até mesmo entrar em contato pelo seu blog com as mensagens cifradas, mas ela nunca aparecia, nem mesmo uma única vez.
Faltava apenas uma única opção.
Player era um dos contatos mais valiosos de Carmem, mas se negava a trabalhar com qualquer um que não fosse os gêmeos ou Júlia e era sempre ele quem entrava em contato, nunca o contrário, então ela nunca conseguia perguntar sobre o que realmente a incomodava.
Ela havia acabado de chegar em sua casa na Inglaterra. Não era um apartamento grande, mas era um lar e depois de muito tempo na estrada, isso era mais do que o suficiente. Tirou o blazer escuro e o pendurou em um cabide próximo a porta, depois tirou os sapatos e os deixou por ali.
Havia uma coisa que realmente sentia falta no trabalho na faculdade – além das aulas e dos trabalhos com pesquisa – e era a liberdade de usar os sapatos que bem quisesse. Claro que as sapatilhas lhe apertavam a ponta dos pés, mas isso ainda era melhor do que ter os dedos espremidos e os calcanhares esfolados pelos saltos altos.
Sentou-se no sofá e esticou os pés, aproveitando para massageá-los com as mãos, quando o cheiro de jantar lhe alcançou o nariz.
– Mãe! – ela chamou da sala, deixando a cabeça cair sobre o encosto do sofá para encarar a mulher chinesa que se aproximava pela porta da cozinha com um sorriso no rosto – Você não precisava me esperar para o jantar, eu nem sabia se voltaria hoje.
A senhora Argent havia chegado há alguns dias para visitar a filha e Júlia realmente se sentira culpada por não conseguir passar um tempo decente com a mãe. Correndo de um lado para o outro atrás de remanescentes da VILE, mas agora ela tinha férias de uma semana. Algo bom, um tempo para se afastar de tudo que envolvia o trabalho e, consequentemente, Carmem, que parecia um fantasma a assombrando sem que ela conseguisse lhe alcançar.
– Você chegaria em algum momento – a mulher fez uma pausa quando lhe beijou a testa – e teria fome.
A mulher se sentou em uma poltrona próxima e ficou encarando a filha por algum tempo sem dizer nada. Ela havia viajado até a Inglaterra para depois viajarem mais um pouco até o México, onde poderiam passar férias como uma família, da mesma forma que não faziam desde a formatura de Júlia.
Claro que para sua mãe isso era muita coisa, mas para a agente não passava de uma segunda-feira comum.
– Como foi o seu dia? – perguntou a mulher, mesmo sabendo que Jules deixaria de lado tudo o que envolvesse violência, sua mãe quase infartara há alguns meses quando soubera da embosca ao diamante azul – Encontrou alguma pista da sua amiga?
O assunto trabalho era sempre algo delicado, mas aquele era mais ainda. Sua mãe sabia sobre Carmem, ao menos sabia algumas coisas: que elas haviam se conhecido em um trem, por exemplo e não a parte de ser uma super ladra procurada ao redor do globo que, por acaso, havia deixado sua filha em coma em uma emboscada mal sucedida.
Esse era o típico assunto de trabalho que Jules costumava evitar.
Para sua mãe, ela havia voltado a trabalhar na Interpol para tentar encontrar uma amiga e ex-agente que estava desaparecida. O que era o máximo de fragmentos de verdade que ela podia juntar.
– Mãe! – ela sentiu o rosto começar a corar aquela menção. – Eu estou de férias, para que falar sobre trabalho? – Ela depositou um beijo gentil na testa da mãe a caminho da cozinha – E estou com muita fome.
– Imaginei, você está tão magrinha! – completou a seguindo pelo corredor – Você tem comido direito.
Sua mãe já estava dormindo quando ela resolveu que deveria ir para a cama, mesmo sabendo que não conseguiria dormir. Rolou na cama algumas vezes, com medo de acordar a mulher ao seu lado e então desistiu. Catou os óculos na comoda ao lado da cama e pegou o notebook antes de ir para a sala.
Abriu o a área de administração do blog com o coração aos saltos esperando encontrar alguma novidade, tentava se convencer de que qualquer novidade seria ótimo, mas era claro que sua mente focara em qualquer coisa que lembrasse Carmem, menções a vermelho ou a partes especificas de seu texto que confirmassem a leitura dele, mas não havia nada de novo ali.
Fechou a tampa por alguns minutos, decidida a desistir de uma vez por todas, mas seu coração disparou de novo, inconformado com essa decisão.
Sabia que ela e Carmem nunca haviam tido mais do que uma parceria amistosa, tinham seus próprios códigos para contatar e flertavam sempre que estavam a menos de 1 metro uma da outra, mas isso não queria dizer nada. Talvez queria dizer que fossem amigas, mas ela e Zack e Ivy eram ainda mais próximos a ela e mesmo assim não contactara eles.
Talvez devesse desistir mesmo.
Depois de um último texto.
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Vas a Quedarte
FanfictionMeses se passaram após a prisão da VILE, mas o trabalho não diminuiu, porém Carmen Sandiego não é mais vista ao redor das cenas de crime. A ladra vermelha decidiu se aposentar e passar o tempo próximo a sua recém descoberta mãe e se afastar dos fant...