Capítulo 3

390 46 76
                                    

Porque aunque sé que te perdí, yo iré a buscarte
Y sé que no podré dormir hasta encontrarte
Le prometí a mi corazón volverte a ver

(Porque sei que te perdi, vou te buscar

E sei que não poderei dormir até te encontrar

prometi ao meu coração que voltaria a te ver)

- Vas a Quedarte - Aitana

O orfanato de Carlota Valdez possuía um estilo colonial característico da américa hispânica com suas grades de ferro fundido e trabalhado sobre uma mureta baixa de pedras. Era aconchegante com as crianças correndo de um lado para o outro, pulando corta, jogando bola. Um grupinho brincava na gangorra com dois sentados, mantendo a madeira no chão e o outro escorregando e então trocavam e outra criança escalava até o topo e escorregava.

Como se não houvesse um escorregador há poucos metros. Talvez fosse mais divertido assim.

Jules sabia que era um verdadeiro lar quando Carmen tomou sua mão com delicadeza e a puxou para dentro dos portões. Uma menina correu até seus pés e se prendeu as pernas, encarando-a com os olhinhos brilhantes e uma boneca de pano nas mãos.

— Carm, olha o que eu ganhei.

Jules sentiu a falta do calor das mãos de Carmen assim que a mulher a soltou para pegar a garotinha nos braços. A pequena jogou os cabelos cor de mel e cacheados para trás com um balançar de cabeça enquanto a ladra conversava em um tom doce.

Eram elogios sobre os cabelos de lã e o vestido de retalhos, mas a menina parecia muito orgulhosa balançando os pézinhos com sapatos de boneca, não podia ter mais que quatro anos e se parecia muito com uma bonequinha de grandes olhos claros.

— Eu que fiz, — passou as mãozinhas pequenas e rechonchudas pelos cachos enquanto Carmem perguntava se não havia sido Carlota — A mamá Lota também ajudou, mas eu também ajudei.

Ela beijou a bochecha redonda.

— Quem é essa? — perguntou como se só agora visse Jules parada ali ao lado.

— Eu não falei para você que conhecia outra Júlia — ela se virou para Jules com os olhos brilhando. — Essa é a agente Argent.

A boca da menina se abriu um circulo perfeito quando escondeu o rosto nos longos cabelos castanhos de Carmem e cochichou em seu ouvido, algo que Jules não conseguia ouvir, mas a ladra ria a olhando de canto de olho.

— Então porque você não diz isso para ela.

— Você é muito bonita. — comentou, ainda enroscada no colo de Carmem quando estendeu o bracinho para Júlia.

Foi só então que pode perceber que o braço direito terminava em um cotoco com marcas de sutura.

Não pode evitar de se sentir um pouco tonta com a situação toda, mas mesmo assim esticou a mão para apertar o braço, da forma mais delicada possível.

— Agora eu tenho que leva-la para a mamá Lota — Carmem lhe beijou outra vez enquanto a colocava com os pés no chão.

A garota não perdeu tempo e acenou, enquanto ainda segurava a boneca na mão e se afastava correndo para junto das outras crianças.

Carmem esticou a mão a sua frente, um sinal para entrarem pela porta e foi o que Jules fez, embora sua cabeça ainda estava presa na menininha que parecia já ter se esquecido da presença das duas.

— O que houve com ela? — perguntou enquanto seguia para o interior da casa bem iluminada pelo sol da tarde.

— Eu só sei o que Carlota conta. — disse enquanto a guiava de perto pelos corredores de cores fortes e aconchegantes — Parece que houve um desabamento, ela teve a mãozinha esmagada pelos e escombros, mas foi quem teve sorte.

Vas a QuedarteOnde histórias criam vida. Descubra agora