Capítulo 4

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Aviso: Eu achei que esse capítulo ia tá curtindo, mas tá mais longo que o último :) espero que gostem. 

Não, eu não larguei a história e vou terminar esse ano!! Nem que eu tenha que reassistir a série inteira (o que é um grande sacrifício kkkkk brincadeira), então não desistam de mim, ok?

Espero que gostem <3

~~XX~~

Vas a quedarte
Porque te juro que esta vez voy a cuidarte
A nuestra historia le hace falta una segunda parte
Aunque nos digan que eso nunca sale bien

(Vai ficar

Porque juro que desta vez vou cuidar de você

Nossa história falta uma segunda parte

Mesmo que nos digam que isso nunca dará certo)

- Vas a Quedarte - Aitana

O quarto de hotel parecia revirado, as poltronas estavam com as pernas para o alto e as malas reviradas. As imensas portas do armário estavam abertas com os cabides e as toalhas brancas atiradas pelo chão de madeira que brilhava de tão polido. O colchão pesado de molas havia sido atirado para o lado, quebrando uma das cúpulas das caríssimas luminárias que ficavam sobre a cama quando caiu e ficou preso na arandela.

— Mãe!

Chamou depois de verificar que não havia ninguém no quarto além dela e de Carmem, que insistiu em ir com ela. A morena não gostou nada do tom das palavras que Jules recebeu e se negou a deixar a agente voltar sozinha. Não tinha como saber o que iria encontrar ali.

— Mãe!

Sua voz ecoou no quarto vazio, reverberando nas paredes e retornando para as mulheres paradas no meio do aposento.

Júlia havia perguntado pela mãe quando entraram, mas ninguém sabia dizer se a mulher havia passado à pouco ou não. Um pensamento frio desceu por sua espinha, sabia que não deveria ter deixado a mãe sozinha por tanto tempo. É verdade que haviam tido um tempo tranquilo na ACME, apenas caçando alguns agentes dissidentes da VILE, mas isso não era nenhuma garantia de que podia baixar tanto a guarda.

Júlia ainda estava em choque com os olhos marejados. O estado do quarto era a última coisa que a incomodava, mas conseguia ver Carmem com o canto dos olhos, ajoelhada próxima à cama, recolhendo os cacos de cristal que se espalharam ao redor. Tentou adicionar uma nota mental de agradecê-la quando estivesse mais calma, depois de resolver o que quer que houvesse acontecido com sua mãe.

Correu para o banheiro, onde shampoos, condicionadores e sabonetes de hotel cobriam o chão com uma camada grossa e escorregadias de produtos de higiene pessoal. Voltou para o quarto às pressas e pegou a caneta que carregava dentro da bolsa. Haviam coisas que não podiam ser deixadas para trás, mesmo durante as férias.

Clicou o botão e deixou que o objeto caísse no chão. A imagem de Tamara aparecendo clara em sua frente.

— Agente Argent! — a cumprimentou com delicadeza, erguendo as sobrancelhas quando Carmem apareceu em campo de visão — Vejo que está aproveitando as suas merecidas férias. Olha, senhorita Sandiego!

Carmem não teve chance de responder à chefe antes que Jules tomasse a frente, pedindo as imagens das câmeras de segurança do hotel. Tinha certeza de que o ataque tinha alguma relação com a VILE.

— Tenho certeza que conseguimos, mas...

Antes mesmo que Tamara pudesse terminar a frase, a porta se abriu atrás de Jules. Carmem não demorou em ficar alerta. O corpo arrepiado ao primeiro clique da maçaneta, pronta para o perigo que se insinuava atrás da porta, mas quem entrou pelo vão era apenas uma senhora chinesa, um pouco mais baixa que Júlia, mas com os mesmos traços delicados.

— Graças a Deus! — a reação de Jules foi imediata, seus braços envolveram a mulher com carinho, puxando-a para mais perto e acomodando o rosto entre os fios escuros. — Eu fiquei tão preocupada, mãe! — afastou-a de seu corpo e a encarou nos olhos — Que mensagem foi aquela? Eu pensei no pior.

A mulher manteve a filha apertada junto de si, o queixo apoiado nos ombros da garota enquanto explicava que só queria manter a filha longe. Tinha saído para conhecer as lojinhas locais e foi avisada que tinham pessoas estranhas vasculhando o quarto.

— Foram muito gentis comigo. — respondeu se virando para cumprimentar Carmem quando a percebeu parada ao lado da filha, parecia uma boa forma de escapar do sermão que Jules estava pronta para lhe passar. — Você é...?

A senhora encarou Carmem com os olhos curiosos, mas a filha voltou a segurar o seu braço, tentando chamá-la de volta para a conversa, porém a mulher já estava com as mãos estendidas para a jovem latina a sua frente.

Parecia encantada com as roupas simples que em nada a fazia parecer com uma super ladra mundial, mas era impossível confundir, não se lembrava de nenhum outro nome latino de cabelos castanho-avermelhados que tivesse contato com sua filha. Quanto mais um contato tão íntimo ao ponto de segui-la até um hotel para salvar a mãe.

— Meu nome é Carmem, senhora! — respondeu, apertando a mão estendida da senhora.

Parecia animada quando se virou para a filha sorrindo falando sem voz em um idioma que Carmem não possuía a capacidade de ler nos lábios, mas podia perceber pelo rosto vermelho de Júlia Argent, que dedurava que sua mãe parecia tão empolgada com aquele encontro quanto sua própria mãe, talvez seu plano tivesse mais falhas do que poderia prever a princípio.

— Mamãe, a senhora não fuja do assunto.

Mas a senhora não se importou com a fala da filha, dando com as mãos no ar quando soltou Carmem e se moveu no quarto para buscar por coisas roubadas. Se sentou na beira da cama e começou a dobrar as roupas, colocando-as de lado para depois guardar no armário.

— Júlia, não tinha motivos para você ficar nervosa. Eu estava bem.

Carmem permaneceu parada no mesmo lugar, sem saber como interferir naquela discussão de família enquanto Júlia andava na direção da mãe. A mulher se agachou em frente a cama e começou a ajudá-la a organizar as roupas reviradas ao redor delas, mas seu tom não amenizou.

— Mãe, a senhora leu a sua mensagem? — perguntou, dobrando mais uma peça de roupa em suas mãos. — Era completamente alarmante.

— Você que leu com a entonação errada...

Começou a sua justificativa, mas a filha ergueu uma mão para silenciar a mãe, enquanto atendia a perturbadora caneta que carregava o holograma da chefe Tamara, não eram boas notícias as palavras que saíram de sua boca e era compreensível que mesmo Carmem se sentisse congelada no lugar.

A mulher mais velha não falou nada, não era surpresa, afinal não sabia nada de Zack, Ivy ou Chase, apenas sabia que eram parceiros de sua filha no trabalho, então a notícia de que haviam sido raptados não poderia ser nada boa.

Carmem se aproximou e tocou os ombros de Jules parecia congelada no lugar, mas pareceu relaxar quando a mão delicada da ladra se assentou contra sua pele, o hálito quente contra seu pescoço quando murmurou.

— Vamos levar sua mãe para o orfanato e então vamos atrás deles. — Os olhos se voltaram para a mulher ainda sentada na cama. — É mais seguro lá.

Júlia não precisava saber do passado de Carlota, sempre confiara cegamente em Carmem e isso não mudaria agora. Se La Femme Rouge achava que sua própria casa era mais segura, então deveria ser.

Júlia segurou uma das mãos sobre o seu ombro e então assentiu.

Vas a QuedarteOnde histórias criam vida. Descubra agora