Capítulo 5

387 40 28
                                        

— Então Tamara finalmente conseguiu se afastar completamente do contato social? — perguntou Carlota de forma retórica enquanto trazia uma xícara de café para a mãe de Júlia.

Não haviam levado muito tempo para arrumar as malas e chegarem no orfanato. E Carlota mais do que rápido havia despachado a irmã e a mãe para fora da cozinha, não que abuela tivesse ido sem reclamar ou praguejar. Onde já se vira? Carlota e Carmem deveriam manter distância dessa gente e desses assuntos, mas lá iam elas, ignorando a voz da sabedoria e se jogando de volta ao abismo.

Já não se valorizavam os idosos como antigamente.

— Eu te oferecia um pouco, mas não acho que seus circuitos gostariam tanto.

Tamara fingiu ignorar enquanto circulava pela cozinha ampla do lugar e ninguém sequer disse uma palavra, não era comum que falassem com a chefe daquela forma, nem mesmo Carmem, mas Carlota tinha uma familiaridade que parecia permitir esse tipo de aproximação.

— Então vocês se conhecem? — perguntou a mãe de Júlia, interessada em disfarçar o clima estranho que se instalou na cozinha.

Então Carlota retomou seu sorriso hospitaleiro ao responder.

— Há muito anos.

— Carlota Valdez foi minha parceira, muito antes da ACME existir. — explicou Tamara, se voltando para a velha companheira, os olhos inexpressivos como sempre. — Achamos que tivesse morrido naquele confronto.

Carlota apenas deu de ombros, expirando fundo o cheiro de café recém passado que saia espiralando com a fumaça de sua xícara.

— A VILE sempre foi boa em sumir com as pessoas.

A voz de abuela praguejou alto quando ouviu aquelas palavras. A senhora poderia até fazer concessões sobre a palavra ACME ou FBI, e poderia até ser persuadida a deixar uma estranha digital vagar por sua cozinha, mas VILE era terminantemente proibido.

Não era uma provocação. Sua voz havia ficado mais pesarosa, os olhos castanhos presos no fundo da xícara, onde refletiam no líquido de um marrom escuro e Carmem não pode se conter ao esticar as mão e tocar o braço da mãe. Um sorriso fraco enfeitou o rosto da mulher, fazendo pequenas e finas rugas saltarem ao redor de seus olhos.

— Você poderia estar aqui hoje.

Carlota nem olhou para ela quando respondeu. Estava em casa, com sua filha e todas aquelas crianças que haviam se tornado parte importante de quem era. Tinha sua mãe e a irmã de volta. Nada no mundo poderia ser melhor do que isso.

— Nãã, isso é você Tamara, eu preciso do calor humano. — apertou a mão de Carmem nas suas, era bom estar completa outra vez. — Eu sou latina afinal.

Se despediram no portão, Júlia ainda mantinha as mãos atadas às da mãe em uma despedida. Era compreensível. Pela primeira vez, seu trabalho colocava a mulher em perigo.

A chefe havia cruzado alguns dados.

Não era novidade que a VILE havia se dissolvido em facções após a prisão de seus professores, mas ao que tudo indicava, um grupo havia se organizado para um golpe na ACME. Eles acreditavam, mesmo, que sequestrar alguns agentes seria o suficiente para chantagear Tamara a libertar os líderes da maior agência criminosa do mundo.

A chefe sequer queria colocar agentes para resolver o problema. Era melhor sofrer uma pequena baixa do que arriscar, além de que, eles deveriam saber escapar de pessoas tão mal treinadas como aquelas.

Mas Carmem bateu pé. Eram seus amigos e não os deixaria na mão, mesmo que para isso tivesse que voltar a ativa.

— Red! — chamou a voz no outro lado da linha. — É bom ouvir sua voz outra vez.

Esperavam por um carro que a chefe havia conseguido para suporte. Não conseguiram convencer a mulher a colocar seus agentes em seu serviço, mas conseguiram negociar um suporte logístico.

— Também senti sua falta, Player, — respondeu. — mas não é por isso que entrei em contato.

Não precisou dizer mais nada. Os dedos rápidos de Player já estavam correndo rápidos pelas teclas, podia ouvi-las sobre todos os outros bipes do quarto de seu mais antigo amigo.

— E quando você liga para matar a saudade? — perguntou em tom de comédia. — Quem estamos procurando?

Carmem se afastou um pouco do grupo que havia se juntado para se despedir das duas e encarou a rua. Diversos carros passavam pela avenida larga, carros antigos, que coloriam a cidade ao redor.

— Primeiro eu vou precisar de ajudantes. Não vai ser fácil.

— Shadowsan está com o irmão, no Japão. — respondeu antes mesmo que a amiga pudesse dizer qualquer coisa. — Já entrei em contato.

Carmem voltou seus olhos para Jules e suspirou. Só queria vê-la por um momento. Como poderia imaginar que tudo aquilo poderia acontecer?

— O segundo nome é mais difícil. — Sabia que isso poderia estragar a visão de Jules sobre ela, mas era a única forma de conseguir o que precisava. — Eu preciso de alguém de dentro da VILE. — Baixou a voz. — Você consegue encontrar Graham?

~~~~~ Aviso de HIATUS ~~~~~

Esse capítulo foi bem mais curto porque realmente perdi o rumo da história, então vou tirar um tempo para rever a série e reorganizar a história. Provavelmente eu volto em fevereiro para finalizar. Podem anotar e me cobrar!

Até lá!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 23, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Vas a QuedarteOnde histórias criam vida. Descubra agora