27 - Death Messenger

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26 de dezembro de 1979, Glasgow - Escócia 

JULIA 

As coisas que aconteceram após esse dia mudaram o rumo de muitas outras coisas, parece confuso falando agora, mas tudo que aconteceu a partir desse dia foi essencial para que tudo se encaminhasse de uma forma muito diferente do que poderia ter sido

A neve caía de forma silenciosa na noite escura e gélida em Glasgow, eu podia sentir meus ossos encolherem mesmo com o aquecedor de casa ligado. O ar gelado deixava meu peito dolorido a cada inspiração. A casa estava vazia. Sem nenhum sinal de meu avô.  O carro dele não estava na garagem, as luzes todas apagadas..

"Kitten, eu avisei a Fergus que estaríamos aqui." Freddie surgiu da cozinha da casa de meu avô com duas xícaras fumegantes de chá. 

Eu estava claramente preocupada. Meu avô não era do tipo que sumia durante a noite, e ele e Freddie pareciam estar se comunicando. 

"Tome, vai ajudar a acalmar e te aquecer." Freddie me entregou a xícara mas eu mal olhei para ele, meus olhos estavam vidrados na rua. Era residencial e pela hora já não havia movimento existente. 

Ouvi Freddie se afastar e pelo barulho ele pareceu se sentar no banco do piano que ficava próximo a enorme janela a qual eu encarava na sala de estar de meu avô. 

O último show havia sido maravilhoso, Freddie e eu como dois adolescentes corremos logo após a última música sem ao menos nos despedirmos de nossos amigos e equipe. Era como se estivéssemos fugindo, mas no caso estávamos sedentos para um tempo que fosse só nosso. A Crazy Tour foi um grande sucesso. Todos ingressos vendidos, Save Me e Crazy Little Thing Called Love já eram os hits do momento e tudo entre eu e Freddie parecia caminhar bem. E de pensar que fizemos um acordo sobre seprar nossa vida pessoal da profissional - mal durou cinco minutos. 

Levei a xícara a boca e beberiquei o chá sentindo o calor irradiar de minha garganta para meu peito. Minhas mãos tremiam, porém não de frio e sim de ansiedade. Era inevitável que pensamentos negativos não invadissem minha mente. Havíamos chegado por volta de meia noite, meu avô sem dúvida alguma estaria sentado na poltrona dele. Mas ao contrário do que esperávamos, quando cheguei tive de recorrer a chave reserva que ficava escondida atrás de uma casinha de madeira para pássaros, na entrada o pesado sobretudo de lã dele estava ausente, a lareira apagada e o aparelho de som sem emitir  sequer uma nota musical. 

Vinte minutos se passaram e foi o suficiente para que os piores pensamentos invadissem minha mente. 

"Estou preocupada." Falei com um suspiro de resignação ainda com os olhos vidrados na rua deserta. 

"Eu sei... eu também estou, acredite. Eu falei com ele pouco antes do show começar, ele não havia falado que tinha compromisso ou algo do tipo." Freddie falou com a voz em um tom baixo. 

Eu estava preocupada e ele provavelmente fazia ideia do porque, claro que não inteiramente uma vez que eu nunca contei a ele que Cameron estava na Escócia, muito menos que havia sido visto em Edimburgo. Mas ele sabia que Cameron Lewis era o fantasma que me assombrava. 

E se ele tivesse feito algo ao meu avô?

Pela primeira vez desde que parei em frente a janela me virei para Freddie que se levantou do banco do piano deixando a xícara de chá dele apoiada no tampo, ele pegou a minha ainda cheia de minhas mãos e fez o mesmo e logo após me puxou para um abraço. 

"Ele não seria louco de fazer algo a ele." Freddie falou com os lábios pressionados no meu cabelo. 

Um arrepio percorreu todo meu corpo.

The Game Of Love {LIVRO II - SOMEBODY TO LOVE}Onde histórias criam vida. Descubra agora