15 - Blank Frame

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JULIA

As circunstâncias que me levaram para me envolver com Gavin sempre foram claras para mim, eu era frágil e ele se aproveitava disso por mais que eu tentasse negar está ideia em minha própria cabeça, e o pior era que ele sabia que eu era frágil, ele me conhecia uma vida inteira — pelo menos era o que eu achava — ele se prontificou rapidamente quando eu cheguei em Londres a quase dois anos atrás, ele me levou até a Alemanha com Elton, por mais que ele dissesse que não era preciso, Gavin insistiu para passar a primeira noite na casa de Conrad comigo. Ele sempre estava presente, aparecia sempre com algum presente, flores... ele estava lá. Não sei a que ponto isso se chama chantagem emocional, mas eu lembro tão bem do dia em que ele finalmente avançou todos os limites de nossa até então amizade, eu obviamente reagi mal, afinal de contas eu pertencia a apenas uma pessoa, mas ele sabia como me moldar, algumas palavras mixurucas e quando me dei conta havia me entregado a ele.

A partir daquele momento o piloto automático em que eu vivia apenas se intensificou, Mack e Conrad foram responsáveis por não me deixarem afundar, mas com certeza se eu não tivesse eles dois comigo talvez não estivesse contando essa história. O ponto final que já era para ter sido colocado nessa história finalmente chegou, ao mesmo tempo que eu queria gritar eu queria chorar, a raiva e o remorço por servir como um enfeite para uma pessoa tão especial para mim era crescente, quanto mais tempo eu passava calada mais a vontade de gritar e chorar tudo o que eu estava sentindo se fazia presente. Nunca passamos disso. Não tínhamos nada, era literalmente uma trepada mal dada, ele não era nada meu, nem ao menos meu amigo.

"Então esse é o segundo noivado do qual você foge, eu tive sorte." Freddie falou me tirando de meu transe ao meu lado no banco de trás do carro enquanto Phoebe nos levava provavelmente a Stafford Terrace.

Era um turbilhão nostálgico.

"Muito sortudo." Foi tudo o que consegui responder enquanto Kensington passava por meus olhos.

Ele tinha um dos braços por meus ombros e a mão dele afagava meu ombro levemente.

Ele era a última pessoa com a qual imaginava terminar aquela noite. Eu me sentia tão cansada, mas eu sabia que aquilo era o meu corpo me pedindo que eu o levasse a outra dimensão, mas eu era responsável o suficiente para não levar nenhum resquício de cocaína para dentro da casa de John.

"Você está estranha, quer falar sobre isso?" O tom de voz dele era calmo.

"Eu não sei exatamente o que estou sentindo." Minha voz era monótona enquanto eu tentava guardar as lágrimas para mim.

"Kitten, Eu também não consigo dimensionar o que você está sentindo, mas sei que você estava infeliz, veja isso como algo bom, que tal?" A voz dele era tão doce era quase como se tivéssemos voltado a 1977, quase.

"Ele me usou. Como todos me usam." Eu era um eco.

Phoebe parou o carro em frente a um enorme muro, meu cenho se franziu automaticamente. Estávamos perto de Stafford Terrace, talvez na rua antes de nossa antiga casa.

"Chegamos." Phoebe falou olhando para nós pelo retrovisor, ele tinha olhar doce porém cauteloso. Ele estava preocupado e eu provavelmente era o motivo como sempre.

Freddie sorriu com o canto dos lábios e saiu do carro dando a volta rapidamente para abrir a porta para mim, ao pegar em minha mão foi como se minha mente estivesse pintando uma memória que nunca existiu.

Nossa nova casa, um bebê nos braços, sorrisos, felicidade...

"Onde nós estamos?" Eu perguntei quando ele fechou a porta do carro e meus olhos se perderam no tamanho gigantesco daquele muro que ocupava quase um quarteirão inteiro.

The Game Of Love {LIVRO II - SOMEBODY TO LOVE}Onde histórias criam vida. Descubra agora