23 - P.M.

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A/N: especial pra vocês 😻

Desde que eu saíra de Glasgow em abril de 1977 três longos anos haviam se passado, eu voltei duas vezes, mas a saudade de estar em meu lar era sempre muito grande e nunca era suprida, e por mais estranho que seja, mesmo com apenas três dias em casa agora eu me sentia completamente renovada.

Eu mal podia acreditar que estava em casa, a lareira estava acesa, o fogo tremulando e fazendo barulhos de estralo, meu avô sentando em sua poltrona com um sorriso bobo e ao fundo Julia soava na velha vitrola de Fergus Quinn.

"Estou amando estar em casa, mesmo que por um dia." Eu falei sentada no chão abraçando minhas pernas olhando para meu avô que tinha seu cachimbo fumegando entre os lábios. A essência daquele cachimbo era o que me fazia mais feliz pois eu sabia que onde ele estava sempre seria minha casa.

"Você não imagina como eu estou feliz também, fico triste por não ter você aqui por mais tempo." Ele falou num tom muxoxo.

"Se não fosse pela tour eu viria para o natal vovô, mas tenha certeza que antes de voltar para o estúdio em Munique eu virei visitar você."

"Eu irei lembrar disso Bonnie!" Ele piscou me fazendo rir.

Estar em Glasgow desde abril de 1977 me trazia medo e insegurança, mas pela primeira vez em três anos era como se eu estivesse livre daquele pesadelo. Óbvio que o sumiço de Cameron me preocupava, ainda mais com toda a exposição que trabalhar com o Queen trazia a mim novamente mas eu estava lidando bem com aquilo tudo. A começar pelo fato que eu estava limpa desde o aniversário de Freddie, aquilo já era um sinal de que as coisas de fato estavam mudando. Eu passei o restante do dia com meu avô, jogamos xadrez, jantamos juntos,
Conversamos, rimos... era tudo como se eu nunca tivesse ido embora dali.

"Jim conversou comigo hoje Bonnie." Meu avô assumiu uma postura mais séria.

Eu já estava com meu pijama, as calças grossas de flanela xadrez rosa choque com preto, uma camisa um tanto quanto Beatlemaníaca – se Freddie descobrisse minha camisa I love Paul McCartney eu certamente ouviria piadinhas pelo resto da vida – e um casaco de moletom de zíper o que deixava exposto meu amor por Paul.

"Sobre o que exatamente ele conversou com você grandpa?" Eu senti o ar passar com dificuldade por minhas via aéreas – óbvio que eu sabia do que se tratava.

Claro que a atmosfera tranquila uma hora iria começar a ruir, e desde que eu evitava Jim Beach a todo custo por simplesmente não querer saber a quantas andava o inquérito e a as buscas por Cameron ele encontrou em meu avô a oportunidade perfeita da atualização do caso.

"Bonnie, Peggy o viu em setembro próximo à casa dela. Ela avisou as autoridades e eu imediatamente a Jim, ele me disse que infelizmente a testemunha da noite do acidente-"

"Ele foi visto próxima a casa de tia Peggy?" As palavras saíram como um eco de minha boca.

De repente estar ali parecia errado. Era como se eu fosse um ímã de problemas e por mais que meu avô soubesse se defender obviamente eu tinha medo de que qualquer coisa acontecesse a ele.

"Aye Bonnie. Mas não se preocupe, ele não tentaria nada contra você sob os holofotes novamente." Ele falou.

"Eu - Eu, sinceramente ele já causou estrago demais em minha vida." Eu me joguei contra o tapete felpudo da sala respirando fundo algumas vezes.

"Eu também estou, eu faria tudo para por as mãos nesse bastardo, eu realmente não entendo o que se passou pela cabeça dos seus pais."

"Dinheiro."  Eu falei rapidamente e me sentei novamente pegando a mão de meu avô.  "Vamos esquecer isso por agora? Tivemos uma noite incrível, certo? Não quero perder tempo ou me preocupar com isso agora e eu estou segura." Falei sorrindo levemente para meu avô.

The Game Of Love {LIVRO II - SOMEBODY TO LOVE}Onde histórias criam vida. Descubra agora