3 - Lua Crescente

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Rin POV:

Os anos se passaram e eu segui minha vida como sempre: ajudava a vovó Kaede em seus afazeres e, aos poucos ia ganhando mais responsabilidades como curandeira e parteira, além de participar da vida no Vilarejo, com seus problemas e alegrias. Visitava Sangô e Miroku com alguma frequência, por vezes tomando conta das crianças quando eles se ausentavam para exterminar algum yokai. Kohaku também sempre ia com eles e muitas vezes me trazia ervas e mudas de plantas medicinais dos lugares que visitavam.

Ele sempre havia sido um amigo gentil e nós costumávamos passar bastante tempo juntos quando eu era mais nova, mas agora que Kohaku e eu não éramos mais crianças, alguma coisa mudara entre nós. Muitas pessoas me alertaram de seu possível interesse em mim, mas isso só me deixava mais ansiosa, pois não queria magoá-lo. Continuávamos próximos, mas ele parecia ter sentimentos que eu não conseguia corresponder, mesmo sabendo que seria tudo muito mais fácil se eu lhe desse uma chance. Só que era impossível que eu lhe desse uma chance. Impossível que eu desse uma chance a qualquer homem, porque o meu coração já pertencia a outra pessoa.

Eu tinha agora dezessete anos e as visitas do Sesshoumaru-sama continuavam a acontecer periodicamente entre suas viagens. Parece que ele estava conseguindo realizar o seu objetivo de se tornar um yokai ainda mais poderoso. Quanto a mim, eu crescia e mudava mais a cada dia, não só na minha aparência, mas também em meus desejos e pensamentos.

Começou com aquele pensamento que tive durante a conversa com a vovó Kaede, quando o meu primeiro ciclo veio. Tive vergonha de pensar uma coisa daquelas, mas, aos poucos, comecei a perceber que já não o olhava com os olhos de uma criança e os pensamentos foram evoluindo e tomando forma, assim como meus sentimentos.

Quando o abraçava, podia sentir seus músculos contra meu corpo e desejava ardentemente que aquele contato se intensificasse. Por vezes me pegava observando suas mãos grandes e firmes e me perguntava como seria senti-las tocando meu corpo com carinho, mas também com alguma força. Observava seus cabelos longos e brancos e pensava em como seria passar minhas pequenas mãos pelos fios brilhantes enquanto nos beijávamos. Eu queria ser dele e as vezes me perdia nesse devaneio tão impossível.

Eu sabia que era errado querer mais do Sesshoumaru-sama. Ele sempre fora bondoso comigo e nada mais. Todos sabiam como ele se sentia quanto as relações entre humanos e yokais, além disso, era provável que ainda me visse como aquela menina que lhe seguia inventando canções sobre ele. Ainda assim, ao longo dos últimos três anos as coisas tinham evoluído de tal forma que eu não podia nem mesmo pensar na ideia de estar com um homem que não fosse o Sesshoumaru-sama, mesmo sabendo que não deveria desejar sua companhia daquela maneira.

Sesshoumaru POV:

Eu voava em direção ao Vilarejo e de longe podia sentir o cheiro da Rin, misturado ao de algum animal... estaria com um gato? Não seria nenhuma surpresa, dado que ela gostava muito de animais e estava sempre cuidando de qualquer bicho perdido que aparecesse. Ela não estava só, eu também podia sentir o cheiro de Kohaku, mas não tinha nenhum sinal da velha Kaede.

Conforme me aproximava da casa da velha sacerdotisa, vi Rin sentada na varanda, os cabelos presos em uma longa trança, usando um kimono leve, puxado até a altura dos joelhos por conta do calor do verão e segurando um gato laranja nos braços. Ao seu lado, Kohaku sacudia um amarrado de penas para distrair o animal, que tentava alcançá-las sem sucesso. Os dois riam distraídos demais para perceber que eu me aproximava. Rin parecia feliz e isso geralmente era o suficiente para mim, mas tudo naquela cena me incomodava. A clara ausência da velha Kaede, o kimono puxado de Rin - que revelava uma parte de suas pernas- a proximidade que Kohaku estava de seu corpo, as risadas, até mesmo o gato era irritante.

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