Noite Especial - Seja Minha Acompanhante

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[ Siyeon ]


Bato a caneta algumas vezes na mesinha de madeira, olhando fixamente para parede e pensando bem em como começar a escrever. Levo meu olhar para além da janela é vejo um entardecer tranquilo, enquanto reparo em uma Bora conversando com Yoohyeon próximo a entrada da casa. Já nos encontramos da casa de campo de Yoohyeon, ao qual comprara com o próprio dinheiro e tem total direito sobre essas terras. Segundo ela, nem mesmo seus pais podem adentrar sem autorização. É um local longe do centro da cidade e reservado, ao qual costuma vir para relaxar e fugir dos problemas diários.

E agora é o nosso lar temporário também.

Em vinte e quatro horas nossos rostos apareceram em todos os canais de divulgação possível e agora os habitantes de Seoul sabem que o temível grupo terrorista chamado Dreamcatcher está a solta dentro dos grandes muros. Ter nossa imagem revelada dessa maneira é um perigo para nós, pois perdemos o direito de andar pelas ruas sem medo de mostrar a cara para as pessoas. Agora somos foragidos e que até possui recompensa se algum cidadão der informações sobre alguma de nós.

Entretanto, nem tudo é notícia ruim. O fato de terem divulgado nossa existência na cidade gerou revolta na população, que começou a questionar como uma cidade considerada uma das mais seguras do mundo, permitiu a entrada de terroristas tão facilmente. Aos poucos o descontentamento sobre as normas de segurança implantadas pelo governo vai dando dor de cabeça àqueles que estão sentados nas poltronas do alto posto governamental.

E se isso serve para torturar um pouco mais os babacas que só sentem fome de poder, posso considerar um ponto para nós também.

Permaneço com meus olhos em Bora, que agora dá uns passos para trás, afastando-se da casa e a observando melhor. Não consigo ouvir o que estão conversando, mas me parece uma discussão envolvendo algo sobre a moradia. Yoohyeon parece achar que tudo está bem, mas Bora insiste em dizer que falta algo. É o que consigo deduzir pelo modo que as meninas conversam entre si.

Sorrio como uma boba e volto minha atenção para a folha de papel. Agora eu sei o que fazer... quem desenhar.

Começo a traçar as linhas com leveza e exatidão, desenvolvendo as formas, dando formato ao revelo e construindo uma imagem da Bora, do busto para cima, assim como a imagem que construí dela em minha cabeça. Costumava desenhar mais vezes quando criança e admito, sou muito boa nisso, mas com o meu trabalho tornando-se mais pesado eu não tinha mais tempo ou disposição para esse hobbie.

Contudo, nesse instante, me bateu a vontade de desenhar a mulher mais bela que eu já vi em toda minha vida. Gostaria de transmitir ao papel também os meus sentimentos, permitindo que a loucura que se forma em meu interior sempre que estou perto dela se liberte um pouco e crie uma imagem perfeita da Bora.

E como costumo ser perfeccionista em quase tudo que faço, percebo que levei mais de uma hora para me sentir satisfeita com o meu trabalho. Quando enfim encerro, largo a caneta e seguro a folha de papel um pouco mais próximo da luminária para enxerga-la melhor. Já escurecera lá fora e a única fonte de luz do meu quarto é da luminária na mesinha próxima a janela ao qual precisei ligar quando se fez necessário uma fonte de luz para continuar enxergando.

Sorrio ao perceber que fiz um excelente trabalho. Apesar de ser apenas um desenho feito com uma caneta de cor preta, sem outras cores para dar um ar mais realista ao desenho, eu me sinto muito bem e feliz ao notar que consegui desenhar o rosto perfeito de Bora nessa folha de papel.

Não só ainda tenho o jeito da coisa e consigo desenhar bem mesmo depois de muito tempo sem praticar, como me orgulho de ter transmitido exatamente o que ansiava para a folha.

Uma Segunda Chance Para Viver [ SuaYeon ]Onde histórias criam vida. Descubra agora