Uma Segunda Chance Para Viver [ SuaYeon ]

Bae Naeun

[ Kim Bora ]

Ao adentrar minha casa, fecho a porta de chave e caminho até o sofá, me largando dele, olhando para o teto. O dia hoje foi cheio e revelador. Não consigo acreditar que aconteceu tantas coisas em um intervalo de algumas horas.

Tudo começou com um encontro na estação de trem. Nunca cheguei a pensar que iria encontrar uma mulher que me chamasse a atenção e mexesse com meu interior apenas com uma troca de olhares. Isso deveria ser coisa de filme de romance, e não algo real assim.

Entretanto, não havia motivos reais para negar o momento, e o fato que tanto eu, quanto ela, sentimos essa "ligação". Saber que ela é conhecida da Yuqi e da Shuhua simplesmente me deu o ânimo de que ainda poderia vê-la antes do fim do dia. E olha só, isso realmente aconteceu.

Entender que Lee Siyeon é alguém que se acanha em minha presença, mas que anseia por mim com tanta veemência atiça meu lado mais íntimo, e se me permite dizer, erótico.

Não vou negar, porque não faria sentido fazer isso agora, depois de tudo que já passou.

Eu me sinto atraída por Siyeon, e quero sentir o seu corpo ao meu, além de descobrir que sabor tem seus lábios. E sim, eu ainda a desejo mesmo depois de descobrir um lado dela que eu não esperava saber.

Eu agi duro com ela quando descobri sobre o que faz, a que grupo pertence e seus objetivos, porque me senti, de certa forma, amedrontada com tudo que ouvi.

Não... não é um temor pela Siyeon em si, mas pela vida que ela tem. Enquanto ouvia suas palavras, e de Minji, eu só conseguia pensar em estar vivendo daquela maneira, correndo o risco de morrer em cada missão que elas vão. E pior ainda foi me imaginar em um relacionamento sério com a Siyeon, em um futuro, talvez distante, ou nem tanto assim, ouvindo da boca de alguém que ela perdera a vida devido a seu trabalho, em serviço ou por vingança de alguém que já perdera nas mãos dela e que conseguiu uma maneira de revidar.

Então, no instinto, tentei acua-la, mas acabou não servindo como eu bem queria. Como pode querer afastar alguém, se na verdade você ainda a quer tanto contigo? Além do que, agora que sei quem Siyeon é – ou estou começando a ver sua verdadeira face, pouco a pouco – eu também me encho de esperanças de que ela é a chave que sempre esperei para me libertar das correntes em que sou mantida presa.

Será que minha liberdade está na Siyeon e no grupo Dreamcatcher? Tudo bem, eu aceitei fazer parte dos planos, me envolver no que for preciso, mas isso não é perigoso demais? Mesmo que eu não tenha mais aquele laço afetivo com meus pais e não sinta vontade alguma de defende-los... será que, no fim, terei a coragem para me opor na frente deles? E se for o caso, eu terei o sangue gelado de vê-los sendo mortos e ficar quieta apreciando seus últimos lamentares?

São muitos questionamentos que infelizmente, nesse instante, eu não possuo resposta para elas.

Ah é, também houve outras duas coisinhas que tenho de levar em conta. A primeira é um outro grupo – rival ou aliado, ainda não entendi muito bem – chamado Red Velvet, que invadiram minha academia em minha procura, e que se não fosse pela Siyeon e seu poder de persuasão, o final de tarde poderia ter tido um encerramento mais drástico.

Eu estive prestando atenção em cada detalhe de Siyeon e a líder daquele grupo, Moonbyul, se não me falha a memória. Pude notar que elas tem uma história significativa juntas, e isso me instigou a querer descobrir.

E a segunda, mas não menos importante, a aparição de duas mulheres que fez toda a nossa conversa ganhar um rumo diferente. Uma garota chamada Lee Yoobin – que preciso frisar, no instante em que apareceu, fez meu corpo inteiro arrepiar, e eu não faço ideia do porquê – mostrou-se ser uma antiga conhecida da Siyeon e Minji, e estava ali apenas para averiguar como as coisas terminaram. Entretanto, nem mesmo ela esperava a aparição de mais uma pessoa – seu olhar raivoso disse tudo.