Capítulo 9 - chandelier

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Lugar nenhum – 30 de janeiro de 2021

Abri os olhos e automaticamente desisti, senti minha cabeça doer na parte de trás com uma forte dor aguda, ao levar uma das mãos em direção a dor percebi que estavam amarradas. Mas o que? Abri os olhos novamente, mas dessa vez com calma, estava em um tipo de sala escura, não conseguia enxergar muita coisa dentro dela, além de uma luz fraca que passava pelas brechas da porta em minha frente.

Tentei me levantar mais meus tornozelos estavam presos por um tipo de corrente muito diferente, nunca tinha as visto antes. Isso não é um metal comum. Eu não estou na terra isso posso ter certeza. Confirmei mais ainda minha teoria ao perceber que minhas asas estavam presas por uma espécie de corda invisível, tentei abri-las, mas senti uma dor terrível ao fazer isso, grunhi respirando com dificuldade. Aos poucos a dor foi diminuindo, fui limitada ao Maximo possível para não me mover.

Meus olhos foram se acostumando com a pouca claridade ali, pude observar que estava em uma espécie de prisão para ser mais exata, estava encostada na parede fria com as pernas encolhidas, pude perceber que ainda estava com meu vestido roxo, a diferença foi o rasgo na lateral mostrando minha perna esquerda e uns vestígios de manchas vermelhas. Levei meu dedo indicador a aquele local, estava seco, mas antes mesmo de aproximar ao meu nariz já tinha percebido a fragrância. Era sangue seco. Atordoada demais para raciocinar direito, fui lembrando aos poucos o que tinha acontecido.

Lembro que estava na premiação nos Estados Unidos, lembro de Azazel ao meu lado e com os lampejos de memórias, senti o medo e raiva voltando novamente ao lembrar o que tinha acontecido logo depois. Suspirei em frustração. Estava muito encrencada. Acho que bati em uns três guardiões? Com certeza o sangue em minha roupa era de um deles.

Encolhi mais ainda minhas pernas, precisava pensar no que dizer. Não sei o que vai acontecer comigo. Sei que receberei punições por ter interferido nos acontecimentos e violado uma das mais importantes regras dos anjos. Só não posso dizer que fiz isso por impulso aos meus sentimentos. Será que isso funciona como um tribunal? Vou ser ouvida ou vão me punir sem nem escutar minha defesa? Os anjos são neutros, não devem punir de imediato, não faz parte de sua natureza, eu acho. Senti a dor na cabeça aumentar. Encostei-a na parede fria enquanto lembrava o que mais tinha acontecido. Nesse instante lembrei que os meninos me viram, como anjo. Puta que pariu, eu to muito ferrada, mas tão ferrada.

Antes de lamentar mais ainda minha desgraça fui surpreendida por um baque em minha frente, a porta tinha sido aberta e duas figuras apareceram. A luz ofuscou minha visão por ficar muito tempo no escuro, levando minhas mãos ao rosto, tentando diminuir a claridade em meus olhos. Senti braços me levantando um em cada lado, estava praticamente sendo arrastada daquela sala. Pela força e pouco esforço que estavam me carregando no mínimo eram anjos guerreiros. Fora daquela sela, a claridade foi mais forte, o que me fez ficar com os olhos fechados maior parte do percurso. Ao perceber que já não estava mais em movimento, fui colocada em uma cadeira de forma brusca. Delicadeza aqui não existe.

Abrindo os olhos, percebi que era melhor ter ficado naquela cela. Estava em uma espécie de oráculo, uma construção absurda de tão linda, e ao mesmo tempo assustadora, o brilho do lugar me cegava, mas consegui perceber as grandes aberturas na abobada a vários metros acima, com grandes colunas de base que se estendiam ao circulo de paredes, formando toda a estrutura, por um segundo me senti numa gaiola gigante de mármore, longas fileiras de acentos me rodeavam, o que só piorava a sensação de julgamento e sufocamento. Oito anjos estavam posicionados em uma espécie de altar, todos imponentes com asas enormes, com um olhar frio direcionado a um único ponto. Eu. Ali o ar estava tenso. Mais em cima, havia mais anjos, esses na maioria guardiões. Todos em volta como platéia, uns com umas caras de pena, outros com olhar julgador, mas todos ansiosos para assistir o que estava prestes a acontecer. Vasculhei o local em busca de um rosto familiar, e a achei ao lado de um dos anjos em minha frente, um pouco mais atrás. Busquei com seu olhar alguma coisa que pudesse me ajudar ali, mas o que encontrei foi um vestígio de... remorso?

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