Capítulo 8 - To die For

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Holanda, Amsterdã – kasteel Van Verlangen, 29 de janeiro de 2021

Estava deitada na cama do meu quarto daquele Castelo, lutando todos os dias em manter a postura calma, forçando sempre um sorriso quando me perguntavam se eu estava bem. Acho que meus amigos não engoliram muito isso não, sou péssima em fingir as coisas, na verdade sou péssima em muita coisa. Mas eles devem estar me dando espaço, sabem que uma hora ou outra vou chegar para contar.

Mas será que dessa vez isso vai acontecer?

Estou muito confusa, ainda carrego a culpa daquela madrugada. Aquele dia simplesmente me deixou paranóica com meus sentimentos e tudo que me torna uma aberração. No dia seguinte tinha voltado para Holanda, não queria ficar mais um segundo naquele país, onde eu poderia facilmente os ver. A partir daquele instante não confiei mais em mim no quesito controle.

Havia chegado naboate toda desconfiada, olhando a minha volta, pensando que alguém tinha visto o que eu tinha feito, como se cada olhar daquele lugar estivesse direcionado a mim, e todos diziam a mesma coisa, que tipo de guardiã eu sou meu deus, a vergonha me dominava como se estivesse afundando em piche, ansiosa eu conseguia sentir que todos sabiam e aquela sensação estava me consumindo, subindo pelas minhas pernas como cobras se arrastando, raízes furiosas me apertando e sufocando. Entrei as escondidas pelo castelo, rezando para não ser percebida, mas claro ne, privacidade aqui zero, assim que tinha botado a cara no segundo andar Opal deu um grito me chamando.

Se naquela hora eu estava tentando manter tudo as escondidas, a placa na minha testa com letras garrafais em neon estava dizendo "FIZ MUITA MERDA". Opal tinha olhado pra mim com os olhos semicerrados, podendo ver minha alma, estremeci assim que ela se aproximou perguntando sobre a Aurora Boreal. Tinha esquecido que havia deixado aquilo acontecer também. Maravilha. Ta de Parabéns, mas sou muito inconseqüente mesmo viu. Na hora tava tudo muito lindo, sentimento a flor da pele, aah mais não faz mal, ninguém vai ligar. Ata.

Opal parecia que tinha lido meus pensamentos, tocou meu braço com suavidade, com seus olhos confiantes me passou um pouco de segurança, e apenas falou:

"quando estiver pronta, estarei à disposição para ti ouvir".

Eu tenho sorte de ter amigos assim. Opal é uma verdadeira figura materna, já estava até me preparando para a discussão, mas sem esperar minha reação, do mesmo jeito que apareceu, o ser místico saiu da minha vista me deixando ali em conflito comigo mesma, perdida no corredor.

O resto do pessoal as vezes aparecia no quarto me chamando para descer, mas estava sem vontade nenhuma de me divertir. Acho que fiquei me punindo por ter feito aquilo, fugindo de todos os hábitos que tinha, querendo ser um guardião de verdade. Por isso, era cumprir missão e voltar para meu casulo no quarto. Graças que Alessandra havia aceitado em conceder meu pedido de realizar missões aqui em Amsterdã, assim não precisaria ir longe.

Fiquei nesse ciclo por semanas, acho que estamos em janeiro, não tenho certeza. Os dias se passavam como piscar de olhos, mas estava absorta demais para perceber. Eu parecia a própria bella em lua nova na pura melancolia olhando para a janela e as estações do ano passando, é deprimente. Pelo menos aproveitei para ficar mais com minha gata e melhorar os meus desenhos.

Estava com ela no meu colo agora, sua cabeça apoiada na minha coxa direita, enquanto eu estava sentada de pernas cruzadas em cima da cama e com meu caderno de desenhos apoiado no colchão. Eu não queria desenhar usando modelos e quando digo isso eu falo dos meninos, mas tá foda para deixar a mente em branco e ao pensar em corpos específicos, principalmente o filho da mãe do Namjoon que não saia da minha cabeça de jeito nenhum, estava ficando louca já e só o fato de não ter a opção de desperdiçar mais horas dormindo simplesmente porque anjo não dorme só me fazia gritar de frustração. Mas a droga da minha imaginação tinha que me trair. Toda vez que eu ficava sozinha, minha mente trazia de volta as lembranças, aquelas miseráveis e desejáveis memórias. E claro, a tola aqui fazia o que? Desenhava.

My Eternal KarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora