3- Um segredo

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Não foi somente Anastasia que se decepcionou com a chagada a nova casa. Lady Tremaine realmente se decepcionou ao ver que sua nova filha postiça era tão linda e bela como a mulher que arrancou toda a felicidade de sua vida, na verdade, Ella era ainda mais bela.

Tremaine sabia muito bem que não conseguiria tratar a filha postiça da mesma maneira que trata suas filhas biológicas, mas isso ela já sabia antes mesmo de sair de sua antiga casa. Mas ela imaginou que conseguiria ser uma boa madrasta, talvez não fosse tão difícil, não é mesmo? Ela não iria realmente ser a mãe da garota, e obviamente Ella não iria querer que ela tomasse tal lugar.Mas Tremaine imaginava tratar a menina suficientemente bem para não haver problemas, o que não seria lá um bicho de sete cabeças, bastava ser educada, conversar decentemente e não ser mais rígida que o necessário.

Mas os planos de Tremaine de ser uma boa madrasta para a garota foram por água a baixo assim que viu a aparência de Ella. Naquele momento exato a mulher se deu conta de que não conseguiria encarar a menina com o mínimo de carinho que fosse, como poderia? Toda vez que olhava para aquela menina acabava lembrando do dia que seu mundo foi destruido e deixou uma grande marca em seu peito.  O pior era fingir que não ficava desconfortável quando a menina estava presente, forçar um sorriso simpático que Tremaine tinha certeza não parecer natural, tudo isso para manter as aparências na presença de seu marido. Mas o que mais a irritava era como a menina agia, Ella era tão doce que a deixava enjoada, tão gentil que a deixava desconfortável e tão ingênua que a fazia se sentir a pessoa mais podre do mundo por não conseguir gostar da bela menina chamada Ella. 

A filha postiça não era a única coisa que a incomodava. Tremaine também não se sentiu confortável em como seu novo marido se portava. Não que ele fosse gruel ou grosseiro, isso nem chegou perto de acontecer, Gustaf era muito mais gentil do que seu falecido marido poderia ser. Mas o que a preocupava era sua maneira distante, Tremaine raramente sentia que realmente fosse casada com esse homem, sentia que ambos eram mais semelhantes a colegas do que verdadeiramente marido e mulher. Ela sabia desde o início que seu novo casamento foi mais um acordo do que uma união de amor, mas mesmo sabendo de tudo isso, ainda doía ser tratada com tão pouco carinho, como se fosse apenas uma mulher que morava de favor, o que não a agradava nem um pouco. 

Tremaine se deu conta que tinha algo que ela pedia fortemente, mesmo sem ter noção disso, algo que ela só se dava conta quando sentia o beijo frio e sem emoção de Gustaf em seus labios, ou quando ia se deitar e seu marido parecia estar a quilômetros de distância dela, mesmo estando deitados na mesma cama. Ela se dava conta de que queria perdidamente ser amada e tratada com carinho mais uma vez, algo que tinha acontecido a tanto tempo que ela mal se lembrava, mas sabia dizer que era algo bom e aquecedor.

Tremaine tinha certeza que Gustaf ainda amava sua falecida esposa, isso ela compreendia, ainda era difícil esquecer seu falecido marido. Mas não era apenas isso, era como se Gustaf fosse incapaz de sentir o mínimo de carinho por ela, a mulher acreditava que ele olhava com muito mais carinho e paixão para a pintura de sua esposa que permanecia em seu escritório, do que para ela, e isso não era algo imaginado por sua mente, ela já viu com seus próprios olhos a linda e perfeita pintura da antiga proprietária da casa, o qual Gustaf encarava com os olhos cheios de paixão e saudade.

Tremaine já tinha visto a pintura da mulher que permanecia no escritório, o que não foi uma boa experiência. Todo o desconforto que Tremaine sentia ao ver Ella, foi muito mais forte e intenso ao olhar para a linda pintura da falecida mulher. Estela, este era o nome dela, e ela era muito mais linda do que Tremaine achava ser capaz de ser algum dia, e isso era como se estivesse perdendo o amor de seu marido mais uma vez, porém em circunstâncias diferentes. Como ela conseguiria lidar com tudo isso? 

Tremaine se perguntava se um dia ela voltaria a ser amada e feliz novamente, mas logo tratou de expulsar a fantasia incoerente. É claro que não seria, seu falecido marido a abandonou, e seu atual marido era como se não fosse, obviamente que ela não seria amada novamente por um homem, seu tempo já havia passado e as esperanças de uma nova felicidade se extinguido. A única coisa que ela precisava era cuidar do futuro de suas filhas, para elas conseguirem bons casamentos com bons homens e com dinheiro o bastante para nunca lhes faltar nada, assim elas alcançariam a felicidade que Tremaine não foi capaz e ter por muito tempo.

Será Ella?Onde histórias criam vida. Descubra agora